Por Emerson Gonçalves
A General Motors, dona da marca Chevrolet e uma das maiores montadores do Brasil e do mundo, fechou um pacote de patrocino de 20 campeonatos estaduais para 2013, na modalidade naming rights. O acordo inclui (em ordem geográfica norte/sul, oeste/leste, fechando do sul para o centro): Rondônia, Acre, Amazonas, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Ficaram fora desse pacote as federações de Roraima, Amapá, Pará, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. A federação de Brasília ainda pode vir a entrar, o que não ocorrerá com Pará, Pernambuco e Espírito Santo, que já têm contratos assinados. Com a federação carioca não foi possível chegar a um acordo financeiro.
Os valores envolvidos não foram revelados, mas os comentários, inclusive reproduzidos pela imprensa, apontavam que as federações de menor expressão receberiam entre 150 e 300 mil reais. Como mostra matéria do portal GloboEsporte com o presidente da Federação Piauiense, esses valores são extremamente interessantes e importantes para federações como a presidida por Cesarino Oliveira, que teve uma receita total em 2011 de 272 mil reais. Um aporte de qualquer valor entre 150 e 300 mil reais dá fôlego a essas federações para atravessar o ano sem maiores dramas. Bom, ao menos em teoria, nunca é demais ressalvar.
O acordo total, envolvendo as vinte federações, ficou em mais de 10 milhões de reais, segundo informou o portal UOL, valor razoável para nossos padrões, mas que retornará várias vezes para a montadora na forma de exposição da marca.
Ações paralelas também serão desenvolvidas, como a presença de carros da marca nos estádios, veículos com desconto para uso das federações ou para premiações levadas a cabo pelas federações, e outras mais.
Esse crescimento da presença Chevrolet no futebol pode, ou melhor, deve ter sido influenciado pela assinatura do patrocínio do Manchester United, demonstrando a importância do futebol para a empresa, reforçando sua marca diante de alguns bilhões de pessoas (isso mesmo: bilhões) que são impactadas pelo futebol em todo o mundo. Patrocínios desse tipo, tanto naming rights de campeonatos, como o patrocínio máster de um superclube, como o United, e também o Liverpool em patrocínio menor e limitado, visam muito mais que a camada restrita de consumidores potenciais hoje. Ao atingir adolescentes e jovens, por exemplo, que são grandes consumidores do produto futebol, mas não de automóveis, a empresa está investindo no futuro da marca, conquistando e mantendo um lugar nos corações e mentes de centenas de milhões de pessoas.
A escala é outra e a GM está trabalhando com escalas diferentes. Seguindo o velho princípio do “pense globalmente, aja localmente”, ela patrocina um estadual brasileiro ao mesmo tempo que age globalmente ao patrocinar o Manchester United. Duas faces de uma só moeda.
Ação eleitoral como bônus
Marco Polo Del Nero foi o condutor das negociações que permitiram o crescimento do acordo fechado com apenas quatro federações em 2012 (São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Paraná), para nada menos que vinte em 2013. Essa foi, sem a menor dúvida, uma ação excelente, levando uma empresa gigante a federações que, sem essa ponte, poderiam ficar fora de um programa interessante de marketing e perder uma verba extremamente útil.
É aqui que se junta a fome com a vontade de comer, ou ainda, como diria minha avó, dá-se o ponto no nó, pois, como é sabido, não se dá ponto sem nó: Del Nero trabalha, aproxima as partes e, naturalmente, essa articulação passa a ser uma manobra de trabalho de candidato, pois não é segredo, muito pelo contrário, que ele ambiciona suceder José Maria Marin no comando da CBF. E, como sabem os leitores desse OCE, as federações são os grandes eleitores na confederação, onde a razão de ser do futebol – os clubes – pouco apitam.
O que me deixa com uma pequena dúvida: a ação eleitoral foi um bônus da movimentação pelo patrocínio ou os patrocínios das federações é que foram um bônus da ação eleitoral? Ganha um tostines quem acertar.
Ah, sim: faltam apenas 15 meses para a eleição do novo presidente da confederação, em abril do próximo ano. Meses que passarão voando…
Fonte: http://globoesporte.globo.com/platb/olharcronicoesportivo/2013/01/10/juntando-a-fome-com-a-vontade-de-comer/
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