Decisão partiu de Comitê Rio 2016, prefeitura e Ministério dos Esportes
Por Rodrigo Bertolucci
RIO - O fim do velódromo da Barra deixou centenas de atletas do ciclismo de pista, da patinação de velocidade e da ginástica artística sem um espaço adequado para treinar. Ontem, 15 ciclistas profissionais tiveram que desocupar o local. A escolinha da modalidade, que atendia 105 alunos de 12 a 15 anos, também encerrou as atividades. Uniformes, capacetes e outros equipamentos, incluindo bicicletas, foram retirados do espaço e enviados para um galpão alugado pela Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro.
A ginástica artística, por sua vez, terá de encerrar os treinos no próximo dia 8, pois a estrutura também abrigava o Centro de Treinamento (CT) da modalidade, parte do Centro de Treinamento do Time Brasil, criado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para preparar atletas aos Jogos de 2016.
A decisão, tomada por Comitê Rio 2016, prefeitura e Ministério dos Esportes, de desativar o velódromo a pouco menos de quatro anos das Olimpíadas na cidade, deixou profissionais da área inconformados.
O presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Santos, diz que ainda não sabe como os atletas profissionais farão para continuar praticando:
— Fomos despejados. Nem entrar mais no velódromo podemos. Tivemos que tirar todo o nosso equipamento. Não temos mais o que fazer. Quem perde com isso, infelizmente, é o ciclismo do Rio.
Para Santos, o velódromo poderia passar por reformas em vez de ser desativado. Ele desconfia de que haja interesses empresariais por trás da decisão.
— Isso acarretará o fim do sonho olímpico para o ciclismo de pista; além, claro, de acabar com os nossos projetos — sentencia. — O velódromo é um caroço de azeitona no empadão da prefeitura; está numa área supervalorizada.
Os professores Álvaro Ferreira e Antônio Márcio Ferreira, que treinavam os jovens da escolinha de ciclismo, lamentam o fim do projeto.
— Para tomar essa decisão era preciso ter uma alternativa, e ninguém se preocupou com isso — protesta Álvaro, que continuará ministrando aulas em outros espaços, mas diz que, se pudesse, deixaria o esporte.— É desanimador. Não formamos atletas simplesmente apertando um botão. Como seremos classificados (para os Jogos Olímpicos) se estes jovens não têm onde treinar? Ficaremos na plateia, vendo os gringos disputarem títulos.
O COB diz que, enquanto a situação não se define, se houver necessidade de treinamento de ciclistas da seleção, eles serão enviados para o exterior.
No caso da ginástica artística, afirma já existir um novo local para instalar o CT da modalidade, a ser anunciado em breve. No momento, segundo a assessoria de imprensa do órgão, estão sendo decididos, com a Confederação Brasileira de Ginástica Artística, os locais onde as seleções feminina e masculina treinarão até que o espaço esteja disponível.
Para os 190 atletas federados da patinação de velocidade, modalidade que não faz parte do cardápio olímpico, a situação é ainda mais incerta.
— No Rio, não temos outro espaço para o trabalho com os atletas de patinação — diz Sandra Mello, presidente da Federação de Hóquei e Patinagem do Estado do Rio de Janeiro. — Em 2011, tiraram a patinação artística do velódromo para acomodar a equipe de ginástica. O COB prometeu arranjar outro lugar para os treinos, mas isso não aconteceu. Agora, acabaram com os treinos da patinação de velocidade. O que esses atletas vão fazer?
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/topico-rio-2016/velodromo-da-barra-fecha-deixa-atletas-sem-treinar-7449803#ixzz2JYXhreo9
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