Por Erich Beting
“O conceito de patrocinador master é bobagem”. A frase é de autoria de Luiz Eduardo Baptista, vice-presidente de marketing do Flamengo e presidente da operadora de televisão Sky. Na lógica do dirigente, não é preciso um clube fechar com apenas uma marca para o patrocínio principal da camisa, podendo ser feito um rodízio entre diferentes marcas ao longo da temporada.
É exatamente esse conceito que gera um enorme risco para o Flamengo após o acordo com a Peugeot para ocupar a cota máster da camisa (detalhes aqui). O negócio, anunciado na manhã da última quinta-feira, foi feito com base nessa proposta de Bap, como é conhecido Baptista. O Flamengo ainda negocia com outras duas marcas para ocupar o espaço mais nobre da camisa.
Caso dê certo, o Fla conseguirá um feito inédito no futebol mundial. Não há registro de que três marcas aceitaram dividir o mesmo espaço em períodos diferentes de tempo. O motivo é simples. Pagando os mesmos valores, como será feita a divisão de período por marca? Quem fica com a final de um campeonato e quem fica com o jogo que não vale nada?
Até mesmo a publicidade estática na Copa do Mundo sofreu com isso. Os painéis rotativos, que são adotados hoje, causam um problema para as empresas. Os patrocinadores da Fifa, por exemplo, pagam mais, só que correm o risco de, na hora do gol, não serem suas marcas que apareçam atrás das traves. Na Copa do Brasil, por exemplo, um estudo mostrou que o ideal era fazer um modelo híbrido. Painéis rotativos nas laterais do campo e os estáticos atrás das traves, com as empresas pagando mais pelo espaço privilegiado.
Por isso mesmo, o caminho traçado pelo marketing do Flamengo é extremamente arriscado. A não ser que já esteja com outras duas empresas fechadas e, mais do que isso, também cientes desse modelo de exposição, será muito difícil convencer uma marca a patrocinar o clube além da Peugeot.
Outro detalhe importante da história é o contrato da Adidas. Nele, há um limite de marcas que podem ser expostas no uniforme. Uma rotatividade de marcas acarretaria numa impossibilidade de a fabricante atender à demanda. Só que, até pela ideia de fatiar em três o patrocínio, o Flamengo esbarra em novo problema: o contrato com a Adidas rende mais ao clube do que cada um de seus patrocinadores de camisa. E, se continuar nessa toada, fatalmente terá de optar por um ou por outro.
Nos próximos dias a história dos patrocínios no Flamengo devem se desenrolar. Como o próprio clube admite que quer mais “ação” em seu departamento de marketing, fica aquela sensação de que o acordo com a Peugeot foi uma baita resposta ao marketing do clube em 2012. Mas sem o mínimo de planejamento…
Fonte: http://negociosdoesporte.blogosfera.uol.com.br/2013/01/18/o-risco-do-patrocinio-rotativo-do-flamengo/
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