Cabral confirmou nesta segunda-feira, 28, que trabalhará para o tombamento e restauro do prédio, construído em 1862
Por Antonio Pita
RIO - O governador do Rio, Sérgio Cabral, voltou atrás da decisão de demolir o prédio do antigo Museu do Índio, no Maracanã, na zona norte da cidade. Cabral confirmou nesta segunda-feira, 28, que trabalhará para o tombamento e restauro do prédio, construído em 1862. No último sábado, a Defensoria Pública do estado conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça do Rio impedindo a demolição do prédio e estipulando uma multa de R$ 60 milhões caso o governo descumprisse a decisão.
O plano inicial do governador era demolir o prédio para construir uma área de estacionamentos e um centro de compras anexo ao complexo do Maracanã. O espaço seria cedido à iniciativa privada, que administrará o estádio após a Copa do Mundo de 2014. Sérgio Cabral chegou a alegar que a Fifa havia exigido a demolição do espaço para garantir a mobilidade dos torcedores no acesso aos jogos, o que foi negado pela entidade.
No último dia 12, o Batalhão de Choque da Polícia Militar cercou o prédio à espera de um mandado judicial para a remoção das 23 famílias que ocupam o imóvel desde 2006, chamando-o de Aldeia Maracanã. Eles exigem que o local seja transformado em um centro cultural indígena. O cerco durou todo o dia e levou à mobilização de ativistas contra a demolição do prédio. Sem a autorização judicial, os militares deixaram o espaço e o Governo expediu uma notificação extrajudicial para a desocupação do imóvel, com prazo de dez dias que se encerraria nesta segunda-feira, dia 28.
Os índios rejeitaram as propostas do governo para o pagamento de aluguel social e transferência para outro imóvel. Segundo eles, o imóvel possui valor histórico e cultural para as populações indígenas e deveria ser transformado em um centro cultural. O edifício foi destinado à causa indígena desde 1865, quando foi sede do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), órgão que deu origem à Funai. No local também funcionaram escritórios do Marechal Rondon e Darcy Ribeiro, personalidades políticas ligadas à questão indígena. Ribeiro transformou o espaço, em 1953, em museu, que posteriormente, em 1978, foi transferido para um casarão em Botafogo, na zona sul. Desde então o prédio foi abandonado.
Apesar do valor histórico e cultural para os povos indígenas, o prédio não era tombado pelos órgãos municipal, estadual ou federal de preservação do patrimônio. Nos últimos meses, após o anúncio do projeto de demolição do prédio, os órgãos emitiram pareceres contrários à decisão e favoráveis ao tombamento. Apesar dos pareceres, o governo do Rio manteve o projeto de demolição, o que gerou polêmica entre ativistas da questão indígena.
Na última semana, a ministra da Cultura Marta Suplicy ligou para o governador e sugeriu que o prédio não fosse demolido em função de um parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O parecer considerava que o prédio tinha valor histórico não apenas pelas características arquitetônicas mas também pelo valor cultural para a identidade indígena.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,sergio-cabral-volta-atras-e-desiste-de-demolir-o-predio-do-antigo-museu-do-indio-no-rio,989864,0.htm
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