Projeto não estava previsto no caderno de encargos encaminhado ao COI
Por LUIZ ERNESTO MAGALHÃES
RIO — Os Jogos Olímpicos de 2016 podem ser realizados independentemente da construção ou não de um píer em Y entre os armazéns 2 e 3, como deseja a Companhia Docas do Rio de Janeiro. A empresa pretende gastar cerca de R$ 250 milhões em recursos públicos no projeto. A informação é do diretor-geral do Comitê Organizador Rio 2016, Leonardo Gryner, que também fez críticas severas ao projeto nesta terça-feira. Nas Olimpíadas, parte da chamada família olímpica ficará hospedada em navios atracados no porto, ampliando a capacidade do Rio em 10 mil leitos.
— Nós não pedimos, não precisamos e somos contra o píer em Y. Até porque essa é uma solução operacionalmente ruim que não é adotada em lugar nenhum. A análise não é apenas a minha avaliação, mas também do consultor de transportes do Comitê Olímpico Internacional (COI), Phlippe Bouvy. O formato em Y obrigará os passageiros dos navios a percorrer longas distâncias a pé, carregados de bagagens em meio a carros de passeio e outros obstáculos — disse Leonardo Gryner.
O diretor-geral do Comitê Rio 2016 acrescentou que uma das provas de que o projeto não seria necessário é que no carnaval até seis navios já atracam no porto do Rio sem qualquer problemas. Ele explicou ainda que no caderno de encargos encaminhado ao COI, que garantiu a indicação do Rio como cidade-sede, não havia a previsão de um píer em Y, mas apenas de um píer de atracação perpendicular ao cais existente para melhorar a atracação dos navios.
— Nesse caso, nem o COI nem nós temos como vetar qualquer proposta para a Zona Portuária, por se tratar de um projeto que atende a infraestrutura da cidade. Não se trata de um equipamento esportivo. O que precisamos ter são os leitos alternativos nos navios — acrescentou Gryner, que desde sábado participa de um seminário organizado pelo COI em um hotel na Barra da Tijuca para repassar aos brasileiros as experiências dos britânicos na organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Londres.
Em entrevista no futuro Parque Olímpico da Barra, o prefeito Eduardo Paes reafirmou na tarde desta terça-feira ser contra o local escolhido para o píer ser construído.
— Sou contra a escolha de um local tão perto de um equipamento da qualidade do Museu do Amanhã sendo construído ali. E nos meses mais agradáveis do ano (no verão). E terá navios atracando ali num ângulo que pode atrapalhar a vista do Mosteiro de São Bento — disse Paes
A construção do Píer em Y também consta da chamada matriz de responsabilidades da Copa do Mundo de 2014. Mas a licitação do projeto foi conturbada e o processo durou cerca de dois anos. O edital passou por várias revisões por exigência do Tribunal de Contas da União (TCU) que identificou indícios de sobrepreço de R$ 45 milhões em itens do projeto e também houve questionamentos em relação a eliminação de concorrentes do processo.
Na semana passada, o Iphan iniciou estudos para analisar o impacto que o projeto do píer em Y traria na paisagem da Zona Portuária, porque, pelo ângulo do projeto, ao atracar, os navios podem formar uma espécie de paredão dificultando a visualização do Mosteiro de São Bento. Os trabalhos devem ser concluídos em até 30 dias.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/rio-2016-comite-afirma-que-jogos-olimpicos-nao-precisam-de-pier-em-y-6778940#ixzz2CtZy3GB2
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