Franchising deve duplicar de tamanho até a Copa
A combinação de diversos fatores deve fazer o franchising duplicar de tamanho até 2014. Até lá as empresas devem movimentar mais de R$ 150 bilhões, prevê o presidente da rede Bobs e da Associação Brasileira de Franchising, Ricardo Bomeny. Antes o mercado de franchising duplicava de tamanho a cada cinco anos e agora parece encurtar este prazo para apenas três anos. É uma tendência?
Sim, é uma tendência, como reflexo do excelente desempenho que o franchising tem no Brasil. Nos últimos cinco anos o setor cresceu dois dígitos por período, pelo menos. Fechamos 2010 com um crescimento de quase 20% maior em relação ao ano passado. O faturamento ficou em R$ 75 bilhões e o número de marcas chegou a 1.774, com 90 mil pontos de venda. A expectativa de crescimento para 2011 é de 15% de aumento no faturamento, 8% em novas redes (1920 marcas) e 12% em número de unidades franqueadas (quase 100 mil pontos de venda). O setor deve gerar 12% a mais de empregos diretos, no total de 890 mil vagas.
Quais as razões do rápido crescimento do setor de franshising?
É uma combinação de diversos fatores positivos. Primeiro, o bom desempenho da economia, do emprego e da renda. O setor de franshising também passou a atrair mais empresas. Atualmente, existem no País 1.643 marcas com 80 mil lojas franqueadas. Outro fator é a grande expansão dos shopping center, em especial no interior do país. Hoje, quase 60% dos lojistas que ocupam os novos shopping são de marcas franqueadoras. Ou seja, temos ótima sinergia com outro segmento que vive boa fase de expansão.
O acesso a crédito em condições mais favoráveis também alavanca o setor. Cinco anos atrás não existiam financiamentos especiais e o crédito disponibilizado era muito caro. Mas nos últimos cinco anos a ABF fez um trabalho mais agressivo, primeiro junto aos bancos federais como Caixa Econômica, Banco do Brasil, Banco de Nordeste, Bndes, no sentido de ampliar a oferta de financiamentos ao franchising. O mesmo aconteceu com os bancos privados (Bradesco, Itaú, HSBC). Além de abrir portas junto aos bancos públicos também conquistamos maior oferta de crédito na rede privada. Mostramos o potencial do nosso mercado aos bancos, o crédito aumentou e as taxas estão um pouco mais baixas.
Com os ventos favoráveis, o franchising tende a duplicar de tamanho até a Copa, com faturamento acima de R$ 150 bilhões.
E o número de marcas, cresce na mesma proporção?
O número de marcas de franquias cresce menos, ao redor de 10% ao ano. Neste ano deve chegar a 1.774 , com 90 mil pontos de venda. Até a Copa deveremos ter 40% mais de marcas, ou seja perto de 2.500. Outro fenômeno interessante é o forte desejo de investidores virem ao Brasil. Nunca sentimos este interesse de forma tão agressivo como agora.
Um reflexo positivo pôde ser observado durante recente feira de varejo em Nova Iorque. Foi recorde o numero de executivos e empresários brasileiros interessados em conhecer as tendências do varejo mundial para aplicar no Brasil. A delegação brasileira foi majoritária pela primeira vez em cem anos da história deste evento, 32% do total de visitantes estrangeiros. Em todas as palestras o mercado brasileiro foi destacado como o que oferece melhores perspectivas de retorno para o investidor internacional. O que significa dizer que está todo mundo de olho em nosso mercado.
Dá para dimensionar o número de novas franquias que devem ingressar no Brasil em 2011?
Atualmente apenas 8% do total existente são marcas internacionais. Por ser um volume baixo e existir grande interesse das multinacionais virem ao Brasil acredito que o total deva superar 15% até a Copa. Existem inúmeros consultores contratados pelas marcas estrangeiras em busca de boas oportunidades no Brasil em setores como alimentação, luxo, cosméticos, moda e hotelaria, que deverá deslanchar com a Copa e Olimpíadas.
Dentre os setores do franshisisng quais devem crescer mais?
Um dos setores mais promissores é a microfranquia, que não exige grandes investimentos em pontos comerciais, número de funcionários e cria a possibilidade de se prestar serviços a partir da casa do novo empreendedor. Também a área de serviços oferece grande potencial de crescimento, em especial na capacitação como um todo, não apenas escolas de idiomas. Também aqui haverá maior demanda daqueles que irão estar envolvidos nos negócios da Copa e Olimpíadas.
Observe que diversos setores estão bem há muitos anos, entre eles alimentação, com crescimento bom e constante, como um relógio; cosméticos, acessórios, bijuterias e o de capacitação (computação, educação corporativa e idiomas). São negócios que crescem a taxa de 20% para cima ao ano.
O Brasil é o único país do mundo que tem cursos de MBA em franchising. Nos últimos três anos passaram por nossos programas mais de 180 executivos e empresários.
Quais as prioridades da ABF para o biênio 2011/2012?
Uma frente que daremos prioridade é a melhoria do ambiente nas relações com o governo. Já temos três excelentes vetores que irão se desenvolver mais no futuro, na forma de acordos com o Sebrae, em que já temos vários projetos relevantes, como incubadora de franquias, assim como participação nas feiras de negócios regionais organizadas pela entidade e também projetos de capacitação para o setor de franchising pelo Sebrae.
Vale destacar ainda o convênio, com bons resultados na área governamental, estabelecido com a Apex, já no sexto ano de parceria, para exportar marcas franqueadoras brasileiras e para a troca de informações ou inteligência comercial para vender nossos produtos em diversos países. Este convênio funciona muito bem. Temos participado de várias feiras de franquias no Exterior e feito missões comerciais.
Atualmente existem 68 marcas brasileiras em 49 países. Portugal concentra o maior número delas: 29. A meta será ampliar mais o número de empresas lá fora. Nossas empresas precisam competir por maior espaço no Exterior, afinal muitas são referência de qualidade. O Boticário, por exemplo, é a maior empresa brasileira franqueadora do mundo na área de cosméticos.
Além do Sebrae e Apex, temos convênio com o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio que cria diversas frentes de atuação da ABF com o setor público. Tais acordos colocam o franchising como setor importante da economia na interlocução junto ao governo. Geram ainda pautas para a constante melhoria do setor, com a abertura de portas em todas as esferas oficiais, seja para discutir revisão do sistema tributária, lei da franquia e demais temas de interesse. Agora mesmo a ABF foi acionada para discutir como melhorar a capacitação de pessoal a fim de atender a maior demanda prevista com a Copa e Olimpíadas.
Fonte: http://www.empreendedoronline.net.br/mercado-de-franshising/
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