Páginas

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Magnano dá grito de alerta no basquete brasileiro


Técnico da seleção cobra ampla difusão do esporte para além de 2016

Por Claudio Nogueira

RIO - Espalhar o esporte pelo país como água do mar sobre a areia. E olhar para o futuro, sem prazos e sem se limitar apenas a 2016, ano das Olimpíadas do Rio. A visão é a do técnico da seleção brasileira masculina de basquete, Rubén Magnano, que não apenas classificou a seleção verde-amarela para as Olimpíadas, o que não ocorria desde Atlanta-1996, como levou-a a um importante quinto lugar nos Jogos, perdendo nas quartas de final para a Argentina.
— Sempre digo à CBB (Confederação Brasileira de Basquete) que não devemos pensar só em 2016. O ano de 2016, para um atleta, é amanhã. Temos de pensar em um futuro para o basquete brasileiro — afirma ele. — É verdade que a medalha é o sonho de todo atleta, mas é algo mais sério que apenas 2016.
Além de cuidar da seleção adulta, que em 2013 jogará o Pré-Mundial da Venezuela, tentando vaga no Mundial da Espanha-2014, o argentino acompanha projetos das seleções sub 19 e sub 23, além de desejar ver uma seleção de novos, isto é, de jovens, que independentemente da idade possam vir se juntar à adulta no futuro.
Futuro, aliás, é conceito presente na cabeça do treinador. Perguntado se o maior problema do basquete é sua difusão no país, Magnano responde:
— Sem dúvida, é nosso maior problema. Não falo só sobre a CBB, mas em todas as instituições que praticam o basquete. Da maior quantidade, teremos a qualidade. Levando em conta a população, o número de pessoas que jogam basquete não é bom. Qual o lugar em que o menino vai, se quer fazer esporte? É clube ou a escola? Como nós da CBB podemos fazer um trabalho para que mais crianças joguem basquete sistematicamente? — questiona, ao saber que só quatro times vão disputar o Estadual do Rio.
Sobre as Olimpíadas, embora tenha considerado positiva a participação brasileira, saindo nas quartas de final, lamenta a forma como a equipe perdeu, em especial devido às falhas nos lances livres. Se antes dos Jogos a convocação de Nenê e Leandrinho, da NBA, causou polêmica, porque haviam pedido dispensa de outras convocações, o treinador acha que valeu a pena chamá-los assim como a Splitter e Varejão.
— Eles contribuíram muito com a equipe nacional. Entraram com muita humildade, se adequaram ao grupo e deram 100%. A equipe brasileira se tornou exemplo de grupo dentro da Vila, porque estava sempre toda junta — diz o técnico, elogiando a entrega de Marcelinho Machado, que anunciou sua despedida da seleção.
Nascido num país de vasta cultura esportiva e onde se praticam várias modalidades, o técnico cita como exemplo a província argentina de Córdoba.
— A estrutura interna do basquete argentino é uma das cinco melhores do mundo, fácil, pela quantidade de instituições, pela escola de técnicos, com mais de 30 anos, que capacita profissionais anualmente, pela liga nacional muito forte. Em Córdoba, há mais de 300 clubes jogando mini-basquete, cada qual com 50 crianças. Dali, podem sair jogadores, árbitros e até dirigentes, os pais que acompanham seus filhos — analisa.
Em breve, o treinador deve visitar, em Saquarema, o CT da Confederação Brasileira de Vôlei.
— Não digo que é essencial (a CBB ter um CT nacional), mas é importante. Não há como não ter sua casa, onde todos sabem que treinam todas as seleções. A CBB está atrás disso, e em São Sebastião do Paraíso (MG), foi lançado um projeto com as seleções das divisões de base.

Esporte e transmissão de valores
Professor de educação física no começo da carreira, Magnano realça o fato de atletas transmitirem valores para os jovens.
— O esporte é um braço direto da educação. Pode-se transmitir valores por ele. Falo da formação do garoto. Outra coisa poderia ser a música, a cultura, mas o esporte agrada a todo menino. O que é melhor para formar uma pessoa? — argumenta. — Na CBB, fala-se em inserir o basquete nas escolas. Temos de nos mobilizar e lançar um alerta para o esporte do Brasil, para ter mais gente envolvida no esporte.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/esportes/magnano-da-grito-de-alerta-no-basquete-brasileiro-6133498#ixzz26vTjG2M9 

Nenhum comentário:

Postar um comentário