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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Nuzman quebra silêncio e oficializa saída de 9 funcionários do Rio 2016


Presidente do Comitê Organizador lê comunicado enviado por britânicos após cópias não autorizadas do Locog: 'Não houve impacto no relacionamento'

Por Vicente Seda

O presidente do Comitê Organizador Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, e o diretor geral da entidade, Leonardo Gryner, concederam entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, no auditório da sede do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a respeito das demissões de funcionários por cópias não autorizadas de arquivos do Comitê Organizador dos Jogos de Londres 2012 (Locog). Nuzman afirmou que foram demitidos nove de 24 funcionários. Anteriormente, a conta chegava a dez, mas um deles foi mantido, já que seu chefe do Locog informou que havia autorizado a cópia das informações. Porém, os nomes dos envolvidos no episódio não foram divulgados pelo Rio 2016 por considerar que "esta é uma relação entre empresa e funcionário".

- Partiu de nós (a demissão dos funcionários) porque entendemos que houve quebra de confidencialidade e que esse era o caminho que deveríamos tomar. Entendemos que a demissão era adequadamente o que deveria ser feito nesse episódio.  A partir daí, fizemos uma série de trocas de informações que nos permitiu chegar a essas nove pessoas como sendo aquelas que copiaram vários arquivos. O processo de destruição foi acompanhado pelas equipes de TI do Rio e de Londres - disse Nuzman.

Se Nuzman não quis revelar o nome dos demitidos, Gryner foi econômico em algumas respostas. Questionado se acredita que houve má fé dos funcionários demitidos, respondeu que só podia afirmar que "quebraram o contrato". Em outro momento, indagado sobre o volume de informações copiadas e se algum dos demitidos teria feito download de uma quantidade muito maior do que os demais, afirmou que só o Locog poderia responder. Além disso, afirmou que não há indícios de que os nove demitidos tenham atuado de forma orquestrada e tratou de isentar o comitê de culpa nos atos.

- Não teve erro da nossa parte, tivemos um cuidado bem grande. Como funciona esse processo dos secondees? O Locog disponibiliza algumas vagas, nós consultamos as áreas internas, enviamos candidatos, e esses candidatos são ouvidos e selecionados pelo Locog. Passamos todas as informações que deveríamos ter passado, o contrato e o manual de acesso à informação a esses funcionários. A partir daquele momento eles teriam de se dedicar integralmente ao Locog e responderiam diretamente aos responsáveis pela sua área no Locog. Reparamos rapidamente o ocorrido e consideramos que a punição deles foi a punição adequada para o erro que cometeram - disse Gryner, acrescentando que o "dono das informações", no caso o Locog, "não qualificou como furto" o ato dos funcionários.

Durante a entrevista, também foram reveladas as cláusulas de confidencialidade do contrato dos funcionários com o Locog, descritas em documento entregue pelo Rio 2016. O comitê organizador brasileiro informou que os funcionários também receberam um manual, com termos mais coloquiais, para se eximir de culpa por possível falha na instrução dos demitidos. Também foi lida uma mensagem enviada por Paul Deighton, executivo-chefe do Locog.

"A cópia não autorizada de arquivos do Locog não resultou em nenhuma violação de segurança grave nem no comprometimento de quaisquer dados pessoais. O caso envolveu somente um pequeno número de pessoas e foi resolvido de forma eficiente e eficaz pela diretoria do Comitê Organizador Rio 2016. Esse episódio não reflete sob nenhum aspecto as ações ou comportamentos por parte da maioria da equipe do Rio 2016. Todos os documentos foram rapidamente devolvidos e não houve impacto de nenhuma forma no estreito relacionamento que sempre mantivemos com o Rio 2016, o prefeito e o governador do Rio e o governo brasileiro. Continuaremos compartilhando informações com os nossos colegas do Rio 2016", dizia o comunicado de Deighton.

Nuzman adotou um tom apaziguador ao responder  as acusações do deputado federal e ex-jogador Romário, que o considera culpado pelo incidente.

- O deputado Romário é um atleta que nos honrou e nos ajudou muito, defendeu o Brasil, é campeão do mundo, mas no nosso entender ele não tem informações suficientes para analisar com mais clareza e profundidade o tema. Vou reiterar o convite para que ele venha ao Rio 2016, para que possa ver de que maneira estamos trabalhando. Estamos à disposição dele com o maior respeito.

Caso Hermida
Sobre o desligamento de Rodrigo Hermida do comitê organizador do Pan de 2007, no Rio, Nuzman disse não saber o motivo, alegando não se lembrar de todas as demissões. Segundo Juca Kfouri, em seu blog no "Uol", ele foi demitido há seis anos também por copiar de forma não autorizada arquivos de uma empresa que prestava serviço ao Co-Rio. Atualmente, Hermida atua como gerente de voluntários do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 (COL).

- Rodrigo Antunes Hermida trabalhou no Pan, na função de assistente de projetos, subordinado ao gerente geral de Recursos Humanos, Paulo Sérgio Rocha. A saída dele se deu como acontece normalmente em entrada e saída de funcionários, tanto que não deixou nenhuma dúvida do seu comportamento e voltou a trabalhar conosco nas Olimpíadas Universitárias em 2007, como gerente de voluntários, e nas Escolares, na gerência administrativa e secretaria geral - disse Nuzman, negando que Hermida fosse subordinado a Mário Cilenti, chefe da funcionária Renata Santiago, única a vir a público falar a respeito da demissão, a qual qualificou como "injustiça tremenda".

Entenda o caso
As demissões ocorreram no dia 18 de setembro. Dias depois, o Locog anunciou publicamente o problema. Uma das demitidas, Renata Santiago, enviou uma carta para Nuzman e os funcionários do COB e do Comitê Rio 2016 alegando não ter feito qualquer cópia não autorizada, visto que tinha acesso às informações com autorização do próprio comitê londrino. Ela disse ao GLOBOESPORTE.COM que 11 pessoas foram desligadas, ressaltando que um dos envolvidos aproveita férias, não retornou ao Brasil e, por isso, ainda não foi cortado.

Renata, que afirmou ter trabalhado 12 anos diretamente com Nuzman, também destacou que todos os funcionários foram obrigados a preencher um relatório onde um dos campos era reservado para descrição de todas as informações trazidas da organização das Olímpíadas deste ano. O Comitê confirmou a informação, mas alegou que não havia como saber, por este relatório, o que havia sido autorizado ou não. Renata atuava no setor de relações internacionais do Rio 2016.

Um funcionário afirmou ao GLOBOESPORTE.COM que a lista inicial de pessoas que copiaram arquivos não autorizados incluía 14 pessoas, mas teria sido feita uma filtragem tendo como critério o volume de material copiado. Outros dois empregados confirmaram que há orientações internas para que não falem sobre o tema fora da entidade. Um deles chegou a dizer que o staff está sendo "doutrinado" nesse sentido.
Outro nome levantado pelo blog de Juca Kfouri é o de Bruno Olivieri, que era da área de TI (tecnologia da informação) do Rio 2016. A assessoria do comitê organizador informou apenas, na noite de quarta-feira, que ele não é funcionário da entidade, o que leva a crer de que de fato está entre os demitidos. Ainda segundo o blog, Olivieri foi responsável pela cópia de uma grande quantidade de arquivos. O GLOBOESPORTE.COM tentou contato por telefone e e-mail com Bruno Olivieri, mas não houve resposta.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/09/nuzman-quebra-silencio-e-oficializa-saida-de-9-funcionarios-do-rio-2016.html

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