Por Lucas Turco
A Dow Chemical Company tem há muito tempo uma participação fundamental nos Jogos Olímpicos. No entanto, a empresa nunca apareceu com destaque para o público em geral. Para mudar esse cenário a companhia resolveu se tornar patrocinadora oficial. Com um projeto sustentável, a ideia é popularizar a marca.
A Dow é uma empresa global de produtos químicos, plásticos e agrícolas, que atua em diversos setores. A companhia tem sede em Midland, Michigan, nos Estados Unidos.
A Dow fornece produtos para os Jogos Olímpicos (verão e inverno) desde 1980, mas somente em 2010 tornou-se oficialmente parceira do evento. O acordo vencerá somente em 2020, e portanto englobará o Rio-2016.
Sandro Sato, gerente comercial e de novos negócios do time de operações olímpicas da Dow Brasil, terá um papel fundamental na nova investida da companhia. Ele será responsável pela estratégia comercial da marca para os Jogos Olímpicos de 2016, e alguns detalhes sobre esse projeto foram apresentados à Maquina do Esporte nesta entrevista exclusiva.
Confira a seguir a íntegra da entrevista:
Máquina do Esporte: Qual é a importância dos eventos esportivos no plano estratégico da Dow?
Sandro Sato: A parte mais interessante é o que a gente chama de transformação da Dow. Nós não tínhamos muito contato com o público como tem o McDonald’s, por exemplo. Hoje essa transformação visa tornar a marca mais popular. O patrocínio olímpico é a base disso.
Nós nos apoiamos em três pilares: engajamento de funcionário, que é como fazer com que os funcionários tenham orgulho e gostem da empresa, desenvolvimento da marca, que é fazer com que ela seja conhecida como algo positivo, e geração de negócios. Com os Jogos Olímpicos você aumenta a chance de gerar negócios.
ME: A Dow já fornecia equipamentos para os Jogos Olímpicos, e depois assumiu cota de patrocinador. Falando em comunicação, qual é a diferença entre as duas funções?
SS: O ponto mais importante é você conseguir deixar de fornecer produtos específicos e passar a pensar no geral. Nós deixamos de ser uma empresa que fornecia o material e a relação acabava por isso. Agora o nosso relacionamento com o evento tem uma continuidade interessante. Criamos uma rede de contatos que é muito positiva.
ME: Em relação à edição de 2012 dos Jogos Olímpicos, como foi o impacto para a marca?
SS: Nós contribuímos para o torneio com diversos produtos há mais de 30 anos. Em Londres fomos realmente parceiros e conseguimos entender a estrutura necessária para a realização do evento. Dessa vez nós conseguimos interagir diretamente com o público – antes nosso contato era apenas com outras empresas, que são nossas maiores clientes. Isso foi muito legal para o marketing.
ME: Como a empresa trabalhou para divulgar a marca em Londres-2012?
SS: Uma das coisas mais interessantes que fizemos foram os táxis especiais. Nós envelopamos e decoramos diversos táxis fazendo referências à Dow e treinamos os motoristas para falarem sobre a empresa. Dessa maneira, quando o turista entrava no veículo ele tinha uma aula sobre a nossa marca. Tinha até vídeos. Também colocamos um painel gigante da Dow na entrada do Parque Olímpico, com um material diferenciado.
ME: Como foi o trabalho da Dow na construção das instalações olímpicas?
SS: Nosso planejamento nesse ponto não era vender o maior número de produtos para as Olimpíadas, e sim ter um envolvimento duradouro. Nós precisávamos deixar o Estádio Olímpico com cara de Estádio Olímpico. Para isso, era necessário entregar beleza e sustentabilidade usando nossas tecnologias. Nós reutilizamos materiais que seriam jogados no lixo e doamos para entidades carentes. Muitos materiais que foram utilizados agora em Londres vão ser retirados e enviados para ONGs no Rio de Janeiro e na Uganda.
ME: Como será o trabalho para o Rio-2016?
SS: O grande objetivo é conseguir fazer com que o Rio de Janeiro seja o grande exemplo de como transformar uma cidade numa coisa melhor e mais sustentável. Queremos tornar o transporte eficaz e acelerar as obras utilizando materiais melhores. Um trabalho de colaboração com o lado da infraestrutura, e para isso é necessário um relacionamento muito bom com o comitê organizador.
ME: Como esperam associar a marca ao Brasil?
SS: Essa pergunta é muito interessante, pois coincidentemente a Dow, em 2016, completará 60 anos de atuação no Brasil. Apenas isso já garante uma relação bastante positiva. Além disso, nós vamos trabalhar o conceito de comprometimento de longo prazo. Nada será investido visando apenas 15 dias. Trabalharemos para criar projetos que durarão para sempre.
ME: Qual a expectativa de crescimento da Dow para o mercado no Brasil?
SS: A mais positiva possível. Hoje o mundo apresenta um cenário econômico de incertezas. No entanto, a América Latina é um mercado emergente, que representa 12% de nossas receitas globais. Com a parceria com os Jogos Olímpicos não temos como falar de um crescimento apenas local. Nossas expectativas são globais. Falamos em um crescimento que gira em torno de R$ 1 bilhão. Isso no nosso ciclo olímpico que começou em 2010 e vai até 2020.
ME: Quais são as diferenças entre Londres e Brasil?
SS: São países com estruturas completamente distintas. Londres já recebeu outras Olimpíadas, a estrutura de transporte era muito mais desenvolvida. Os desafios de lá e daqui são muitos diferentes. Aqui visamos a sustentabilidade. O grande desafio vai ser integrar infraestrutura e sustentabilidade.
ME: A Dow está presente, atualmente, em outros eventos esportivos?
SS: Temos o patrocínio da PGA Tour nos Estados Unidos, mas nosso maior foco realmente será os Jogos Olímpicos.
ME: Existe o interesse futuro em apoiar uma Copa do Mundo de futebol?
SS: A Copa do Mundo não foi um evento que buscamos patrocinar. Nós com certeza estaremos presentes nas construções dos estádios e de toda estrutura, mas indiretamente. São outras empresas que comprarão nossa tecnologia para as obras. Nós não vamos construir, mas, de qualquer forma, haverá material nosso envolvido.
ME: Apesar de ser um assunto delicado, o acidente de Bhopal (Índia), em 1984, teve muita repercussão na época dos Jogos Olímpicos de 2012. A empresa responsável pelo desastre foi a Union Carbide, que em 2001 foi adquirida pela Dow, e isso gerou uma série de protestos. Houve algum prejuízo à comunicação da empresa?
SS: O que eu posso comentar é que o patrocínio olímpico é algo muito bem planejado pela Dow. Todos os protestos que foram feitos serviram como oportunidade para a empresa falar sobre esse assunto e acertar certos pontos que estavam mal entendidos.
Fonte: http://www.maquinadoesporte.com.br/i/entrevistas/view/0/314/Sandro-Sato/index.php
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