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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Quando a história do atletismo vira depósito de banheiro químico


Campeã olímpica Maurren Maggi treina na Urca
Ela critica situação do Célio de Barros, tomado por obras

Por Claudio Nogueira

RIO - Campeã olímpica em Pequim-2008 no salto em distância, com 7,04m, Maurren Maggi fez história ao se tornar, à época, a primeira brasileira a ganhar um ouro olímpico individual. Treinando no Rio, no Centro de Capacitação em Educação Física do Exército, na Urca, ela se entristece ao saber que a história do atletismo brasileiro está sendo agredida, com a pista do Estádio Célio de Barros ocupada por andaimes, caminhões e até banheiros químicos do canteiro de obras do Maracanã. O local virou almoxarifado da empreiteira que reforma o maior do mundo, em preparação para a Copa das Confederações, de 15 a 30 de junho, e a Copa do Mundo-2014.
De acordo com um projeto do governo do Estado, priorizando o Maracanã e sacrificando outras instalações esportivas, o Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio de Lamare serão desativados para servirem de estacionamento do estádio de futebol. Foi prometida pelo governo a construção de outras instalações de atletismo e natação próximas à Quinta da Boa Vista, mas nada ainda saiu do papel. Em um período de treinamento no Rio até este sábado, junto com cerca de 20 atletas dirigidos pelos técnicos Nélio Moura e Tânia Moura, Maurren Maggi lamentou que um local onde ela própria já obteve resultados expressivos seja desativado.
- Fiz marcas muito boas no Célio de Barros. Cheguei a saltar lá 6,94m uma vez. É uma pena (a desativação). Vai deixar saudades. Mas sabemos que não há como brigar com o futebol. Grandes atletas do mundo competiram no Célio de Barros. Eu, Irving Saladino, Fiona May... Joaquim Cruz bateu recorde mundial juvenil na pista (1m44s30 para os 800m, no Troféu Brasil de Atletismo no Rio de Janeiro em 1981) - disse. - Temos história, mas quando nos perguntarem onde obtivemos as marcas, vamos ter de explicar que foi numa pista desativada.

Obras em atraso no Maracanã
Nesta quinta-feira, no Complexo do Maracanã, as atrasadas obras continuavam - o prazo de entrega previsto para 28 de fevereiro passou para 24 de maio. Próxima à largada dos 400m, a pista do Célio de Barros estava ocupada. Operários carregavam ferramentas por um local onde há até alguns meses podiam correr grandes atletas. Mas ainda há quem lute. Neste sábado, às 9h, na Praia de Copacabana, haverá passeata contra o fim da instalação de atletismo. Para o domingo (dia 13), estava prevista a realização, no estádio, da tradicional São Sebastiãozinho, corrida para crianças de 3 a 14 anos. A prova teve de ser transferida para o Cefan, no mesmo dia.
Maurren e seus companheiros, como Rogério Bispo, Jefferson Sabino, Jonathan Silva, Giselle Lima, Eliane Martins, Caio Santos, Giselle Marculino, Laurice Félix, entre outros - treinados por Nélio Moura - exercitavam-se na manhã desta quinta-feira, sob chuva fina, na moderna pista do Centro de Capacitação em Educação Física do Exército, na Urca. Para Nélio, é uma pena que o Célio de Barros seja desativado.
- Opções no Rio seriam a pista daqui da Urca, a do Cefan (Centro de Educação Física Almirante Heleno Nunes, na Avenida Brasil) e a do Engenhão, que são do nível máximo da IAAF. No Engenhão, poderiam usar a pista auxiliar, pelo menos - sugeriu Maurren. - Treinar aqui na Urca é muito bom, e é a segunda vez que estamos vindo fazer período de treino aqui. Nossa ideia é a de tornar isso algo mais frequente.
Se isso acontecer, Maurren se sentirá em casa. Ano passado, na preparação olímpica, chegou a dizer que se sente carioca da clara. Nesta quinta-feira, após treinar na caixa de saltos na Urca, não perdeu a chance. Correu na areia, antes de mergulhar.
- Ah, que mar bom! Está friozinho, gostoso... A água está bem gelada e eu estava precisando fazer gelo, então já fiz naturalmente. Se pudesse, ficaria treinando um mês aqui na Urca, fácil. Sophia (filha de 8 anos) é quem me faz falta aqui, mas está viajando com o pai (o piloto Antônio Pizzonia). Mas eu só poderia me mudar para o Rio se o Nélio e a Tânia viessem junto - disse ela, cujo maior objetivo no ano é o Mundial de Moscou, em agosto.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/esportes/quando-historia-do-atletismo-vira-deposito-de-banheiro-quimico-7259820#ixzz2HfxABcUE 

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