Interdição do Célio de Barros antes do previsto leva à busca por espaços para treinamento
Por Claudio Nogueira
RIO - Em plena sede olímpica de 2016, a recente desativação do Estádio de Atletismo Célio de Barros, transformado num mero almoxarifado das obras para a reforma do Maracanã, visando à Copa das Confederações-2013 e à Copa do Mundo-2014, está sendo duro golpe nas carreiras de ao menos 300 atletas, incluindo jovens e crianças de escolinhas, que treinavam lá diariamente.
Enquanto o estádio tem a histórica pista invadida por operários, caminhões, andaimes e até banheiros químicos, a questão é buscar espaços para que esses atletas treinem, principalmente levando em conta que a maioria é carente, chegava ao estádio de trem e não tem como pagar mais passagens.
- Em reunião no dia 3, fui informado pela subsecretária de Esporte e Lazer, Mônica Monteiro, e pelo vice-presidente da Suderj, Nilo Félix, que o Célio de Barros seria fechado por conta das obras, para que fosse erguida a cobertura do Maracanã - relatou o presidente da Federação de Atletismo do Rio, Carlos Alberto Lancetta. - Mas eles me disseram que fariam convênios com o Cefan (Centro Esportivo Almirante Adalberto Nunes, na Avenida Brasil), com o Botafogo, pelo Engenhão, e o Centro de Capacitação em Educação Física do Exército, na Urca.
À espera do Engenhão
Particularmente, Lancetta acredita que o melhor local seria o Engenhão.
- Atletas estão treinando isoladamente, na Urca, na Vila Olímpica do Mato Alto, no Campo dos Afonsos e no Miécimo da Silva. Em média, diariamente, treinam no Célio de Barros, 150 atletas (de diferentes clubes) e mais 150 da escolinha do Projeto Rio-2016, do Estado. A Federação está redigindo um documento, pedindo à Suderj transporte para o Engenhão e para o Cefan - explicou Lancetta. - Os treinos de arremesso e lançamento serão no Cefan, e os de corrida e saltos na pista auxiliar do Engenhão. A escolinha vai para a Vila Olímpica do Sampaio.
Quanto à tão divulgada demolição do Célio de Barros, com construção de nova instalação próxima à Quinta da Boa Vista, Lancetta não acredita que a demolição vá ocorrer por agora. Mas reafirma que a construção de um novo estádio é mais que uma promessa e faz parte do projeto de cessão do Maracanã à iniciativa privada.
O presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Roberto Gesta, alertou que os prejuízos na preparação dos atletas para as Olimpíadas Rio-2016 são enormes.
- O trabalho dos técnicos sofrerá com a falta de um espaço para prosseguir os treinamentos. Os atletas de atletismo, que estão entre os que mais conquistas já deram ao Brasil, são também os que, em maior número, vêm das camadas mais humildes. E serão os maiores prejudicados com o fim do estádio.
Por sua assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual de Esporte e Lazer informou que o fechamento do Célio de Barros e do Júlio de Lamare estava previsto na reforma e que neles haverá equipamentos temporários da Fifa nas Copas das Confederações e do Mundo. O órgão confirmou que os atletas que treinavam no Célio de Barros vão utilizar o Engenhão e antecipou que quando o Júlio de Lamare for fechado, os atletas irão treinar no Tijuca. A Secretaria fará parcerias com os clubes.
De olho em 2014 sem pensar em 2016
José Luiz Bello, presidente do Instituto Evolução no Esporte, que mantém o Powerade Team, que treinava no Célio de Barros, antecipou que o grupo fará pré-temporada de 15 dias na Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende, a partir de segunda-feira.
- Estão vendo só a Copa do Mundo (de 2014) e se esquecendo das Olimpíadas (de 2016). O atletismo é o pai das Olimpíadas, e a natação, a mãe - enfatizou o dirigente.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/carioca-2013/na-cidade-olimpica-300-atletas-ficam-sem-pista-de-atletismo-7276418#ixzz2HmsEAnFH
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