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domingo, 24 de junho de 2012

Para ex-prefeito de Bogotá, tirar estacionamentos reduziria carros


Enrique Peñalosa aposta em medida para combater congestionamentos nas grandes cidades

Por Felipe Castro

Implantação de pedágio urbano, rodízio ou uma política voltada totalmente aos transportes públicos. Nada disso convence Enrique Peñalosa. Para o economista e ex-prefeito de Bogotá entre 1998 e 2001, a melhor alternativa para combater o congestionamento e o excesso de carro nas ruas é outra: “Para que tenhamos menos carros circulando, é necessário restringir o acesso ao estacionamento nas vias públicas”, afirmou. 

Em São Paulo, onde realizou uma palestra para alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie na última quarta-feira (20), Peñalosa defendeu a medida para melhorar a qualidade de vida das pessoas na cidade e criticou o que chama de “política equivocada de transportes públicos” por parte dos países em desenvolvimento.

“O estacionamento livre em vias públicas não é um direito constitucional. Por que não tirar estes locais e fazer ciclovias, alargar as calçadas?”, indagou. “Política de transporte é reduzir carros e não engarrafamento. Mais vias e mais lugares para estacionar só geram mais trânsito.”

Priorizar as calçadas
Conhecido por implantar na capital colombiana o Transmilênio, sistema de 84 km de corredores exclusivos de ônibus (os chamados BRTs), o ex-prefeito também chamou atenção para a humanização da cidade –ou a falta dela. 

Segundo ele, as calçadas das grandes metrópoles, muitas vezes prejudicadas pelos estacionamentos públicos e pela sua própria deterioração, deveriam ser tratadas como prioridade pelos governantes. 

 “Somos pedestres, necessitamos caminhar, mas não podemos ter medo. Medo do carro, medo da cidade. Em uma boa cidade, compramos pão e leite a pé”, disse. Ele lembrou que existem lugares na Europa, como em Barcelona, onde o piso da calçada é nivelado com a superfície da rua.

“Calçadas niveladas com as ruas são ideais para deixar claro que quem invade o espaço das pessoas são os carros, e não o contrário”, afirmou, ilustrando seu pensamento com imagens de uma via “peatonal” --exclusiva para pedestres-- de 24 km, a Alameda El Porvenir, que liga o subúrbio de Bogotá a uma cidade vizinha, e ainda se conecta com o BRT Transmilênio.

“Em El Porvenir, as vias principais têm uma ciclovia e um passeio ao centro, e os carros têm que se locomover fora do pavimento, à margem dele”, explicou. 

É assim, desestimulando o uso do carro, que Bogotá tenta até hoje revolucionar seu planejamento urbano, sustenta Peñalosa, e se posicionar como um modelo para São Paulo e o Brasil, embora o ex-prefeito rejeite o rótulo.

Ao todo, são 500 km de ciclovias e ciclorrotas (ou “ciclorutas”, em espanhol) na capital da Colômbia. Para o economista, o incentivo a este meio de transporte é um dos pilares de uma boa política sustentável de transporte público. “A rua é de todos. Com uma bicicleta de 30 dólares, você é igual ao carro de 30 mil. Isso é democracia.”

*Reportagem publicada originalmente no portal Mobilize Brasil 

Fonte: Mobilize Brasil
http://www.portal2014.org.br/noticias/10188/PARA+EXPREFEITO+DE+BOGOTA+TIRAR+ESTACIONAMENTOS+REDUZIRIA+CARROS.html

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