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domingo, 24 de junho de 2012

Motoristas de Londres fazem greve de advertência de 24 horas


A primeira paralisação desde 1982 causou transtornos na capital olímpica

Por Jorge Luiz Rodrigues

LONDRES. Cerca de 20 mil motoristas cumpriram a ameaça da véspera e paralisaram mais de 2/3 dos serviços de ônibus da capital inglesa nesta sexta-feira, numa greve de advertência por 24 horas – a primeira desde 1982. A paralisação causou transtornos na capital olímpica a exatamente cinco semanas da cerimônia de abertura dos Jogos-2012. O Unite (sindicato da categoria) voltou a ameaçar com greve geral durante as Olimpíadas (de 27 de julho a 12 de agosto). Os trabalhadores querem o pagamento de um bônus de 500 libras (R$ 1,6 mil) livre de impostos pelo trabalho extra durante o megaevento, quando a cidade calcula receber mais de 881 mil visitantes.
- Farei greve durante todos os dias das Olimpíadas se não me pagarem por esse trabalho. Querem que trabalhemos mais, vão arrecadar milhões com isso (os Jogos), e não valorizam nossa participação – disse um motorista, ao GLOBO, pedindo para não se identificar, enquanto tirava fotos do Terminal de Stratford completamente vazio.
Apenas duas das 19 linhas regulares que operam no terminal, a 500 metros do Parque Olímpico de Londres, circularam ontem, mas de maneira precária. Um aviso na entrada da rodoviária informava que a linha 108 (Lewisham) operava em intervalos de aproximadamente 20 minutos, enquanto a 262 (East Beckton) rodava a cada 15 minutos. No entanto, enquanto a reportagem esteve no local, apenas um ônibus da 262 apareceu, após 32 minutos de espera, quando o intervalo regular é de oito.
- Ontem, houve greve de médicos; hoje, de ônibus. Está complicado – disse o português Nélson Bento, enquanto esperava pela linha 108.
Nos horários do rush, o metrô teve superlotação, mas muitos trabalhadores que dependiam do ônibus não conseguiram trabalhar. Em dois novos hotéis construídos ao lado do Parque Olímpico, camareiras faltaram ao serviço por causa da greve.
- Tive que vir trabalhar a pé. Minha sorte é que minha casa fica a uns 20 minutos de caminhada – contou o porteiro Paul Oruma, que trabalha num dos hotéis.
Secretário-regional do Unite, Peter Kavanagh criticou o prefeito Boris Johnson, a quem acusa de ter entrado nas negociações apenas no último minuto.
- Apenas em cima da hora, o prefeito apareceu com uma proposta, depois de ter passado dez meses sem nos receber ou responder aos nosso pedidos. Não queríamos a greve, mas era preciso tomar uma posição. Os ônibus têm um papel central nos Jogos Olímpicos, e não descartamos a possibilidade de fazer greve durante as Olimpíadas – afirmou o sindicalista.
Piquetes aconteceram nas portas de garagens de 17 empresas. Policiais foram chamados para tentar controlar a situação, mas grevistas se deitaram em frente aos portões para impedir que alguns poucos ônibus circulassem.
A empresa Transporte para Londres (TfL), que regula os serviços de ônibus, metrô e táxis da capital, calcula que 22% da frota de oito mil ônibus circularam, mas Kavanagh questionou a estimativa.
- A informação que temos é de uma forte adesão à greve desde a madrugada. Poucos ônibus circularam. E podemos constatar que a categoria está unida nesse movimento.
Na véspera, a Justiça havia concedido uma decisão favorável a três das empresas, contra a paralisação. Funcionários das companhias Aviva, Go Ahead e Metroline foram avisados para não aderirem ao movimento de hoje.
A ODA (equivalente à Autoridade Pública Olímpica da Rio-2016) ofereceu à prefeitura 8,3 milhões de libras (R$ 26,6 milhões) para ajudar a pagar os bônus exigidos.
No entanto, seriam necessários 14 milhões de libras (R$ 44,9 milhões) para pagar o total de bônus, que sairiam dos cofres públicos ou de um fundo de 91 milhões de libras (R$ 292,1) para despesas extras com os Jogos.
No início de junho, os maquinistas, operadores e bilheteiros do metrô de Londres chegaram a um acordo com patrões para receberem bônus que variam de 500 (R$ 1,6 mil) a 900 libras (R$ 2,9 mil) pelo trabalho extra durante os Jogos Olímpicos.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/olimpiadas2012/motoristas-de-londres-fazem-greve-de-advertencia-de-24-horas-5288407#ixzz1yimHOPgU 

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