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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Greves fazem Londres ferver a cinco semanas das Olimpíadas


Sede dos Jogos sofre com paralisações de médicos, motoristas de ônibus e bombeiros

Por Jorge Luiz Rodrigues

LONDRES. Enquanto a tocha olímpica completava quinta-feira o 34º de seus 70 dias de percurso pelo Reino Unido rumo a Londres, a Grã-Bretanha fervia com a primeira greve de médicos do serviço público de saúde desde 1975. A temperatura promete subir ainda mais nesta sexta, quando 20 mil motoristas de 17 empresas de ônibus da capital inglesa vão desafiar uma decisão judicial, com uma greve de 24 horas, exigindo o pagamento de um bônus de 500 libras (R$ 1,6 mil) livres de impostos pelo aumento de trabalho durante as Olimpíadas. São os efeitos da recessão aliados à proximidade dos Jogos, de 27 de julho a 12 de agosto, que vão atrair mais de 881 mil visitantes à cidade.
A greve dos motoristas – a primeira na capital desde 1982 - tem potencial para criar o caos em Londres, tanto que a Justiça concedeu quinta-feira uma decisão favorável a três das empresas, contra a paralisação. Funcionários das companhias Aviva, Go Ahead e Metroline foram avisados para não aderirem ao movimento.
No entanto, funcionários de outras empresas prometem aderir nesta sexta à paralisação decidida pelo Sindicato da Categoria. Na véspera, houve uma reunião entre patrões e empregados, num órgão mediador, mas o acordo fracassou novamente. A ODA (equivalente à Autoridade Pública Olímpica da Rio-2016) ofereceu à prefeitura 8,3 milhões de libras (R$ 26,6 milhões) para ajudar a pagar os bônus exigidos. No entanto, ainda seriam necessários outros 14 milhões de libras (R$ 44,9 milhões), que sairiam dos cofres públicos ou de um fundo de 91 milhões de libras (R$ 292,1) para pagamentos de despesas extras com os Jogos.
– A greve é tremendamente frustrante – afirmou o prefeito Boris Johnson. – Temos o dinheiro para negociar o pagamento dos bônus, mas é preciso que os motoristas não paralisem os serviços. É desapontador que motoristas e empresas não tenham chegado a um acordo, mesmo com a oferta de 8,3 milhões de libras da ODA. Presidente do sindicato dos motoristas, Peter Kavanagh diz que há uma oferta da ODA, mas não boa vontade dos patrões e de outros órgãos.
– Estamos tratando desse assunto há dez meses e não houve evolução – justificou o sindicalista.
A companhia de Transportes de Londres, que regula os sistemas de metrô, trem e ônibus da cidade, enviou avisos por SMS aos usuários sobre a possibilidade de greve afetar os outros sistemas e informou que os passes para ônibus serão aceitos no metrô, nos trens de superfície e no trem elétrico. A empresa pediu que as pessoas também usem bicicletas ou caminhadas para os deslocamentos, mas a previsão de chuva para esta sexta-feira não colabora com a sugestão.
Nesta quinta, Londres também foi afetada pela greve dos médicos dos serviços de saúde. Apesar de o governo ter informado que somente 20% deles aderiram ao movimento, os hospitais da cidade cancelaram 520 cirurgias não emergenciais e 3.900 consultas por causa da greve. O Serviço National de Saúde (NHS) informou que os serviços de emergência funcionaram normalmente.
Membros da Associação Médica Britânica (BMA) em todo o país se recusam a atender casos não emergenciais, num boicote contra cortes de benefícios de aposentadorias. Também nesta quinta, bombeiros da região de Essex, na Grande Londres, anunciaram cinco paralisações por cortes de pessoal e melhores condições de serviço. A União das Brigadas de Incêndio informou que as paralisações acontecerão nos dias 28 de junho, 7 e 18 de julho, 18 de agosto e 18 de outubro. O sindicato diz que Essex terá perdido um a cada cinco bombeiros desde 2008 se os cortes continuarem. A pergunta que os britânicos estão se fazendo é: quantas graves mais poderão acontecer nas cinco semanas que restam até o início das Olimpíadas?

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/olimpiadas2012/greves-fazem-londres-ferver-cinco-semanas-das-olimpiadas-5281288#ixzz1yWuqJ0iO 

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