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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Olhar generalizado


Por Daniel D'amelio,

Em entrevista exclusiva ao Mundo do Marketing Esportivo, Clarisse Setyon, coordenadora do curso de especialização em Marketing Esportivo da ESPM (SP), fala da importância de se investir na qualificação dos profissionais. Existem algumas boas iniciativas, mas é preciso educar os brasileiros para organizar bem os grandes eventos esportivos que acontecerão nos próximos anos no Brasil.

Mundo do Marketing Esportivo - Quais são os conhecimentos que um profissional de gestão e marketing esportivo precisa para desempenhar suas atividades?
Clarisse Setyon - Na verdade, é uma lista de atividades. Existem princípios básicos a serem seguidos na gestão do esporte, que vem do conhecimento em planejamento estratégico, de marketing, de finanças, de gestão de pessoas e de operações. São as disciplinas básicas para qualquer área. Na área esportiva, temos peculiaridades como o uso da tecnologia, a gestão de atletas, a gestão de arenas, os eventos, o branding, entre outros. Porém, trabalhar no esporte é preciso estar atento qual o cargo que se ocupa ou o segmento de atuação. Numa indústria, você pode ter a incumbência de patrocinar um atleta, e aí como a sua marca casa com o processo de gestão de carreira? Além de tarefas que pode ter ao longo do tempo. Por isso, é importante o profissional ter um olhar generalizado do mercado.

Mundo do Marketing Esportivo - Como está a preparação do profissional de marketing esportivo no Brasil?
Clarisse Setyon - Não está ideal, mas está muito melhor do que os últimos cinco anos. Vemos um crescimento no número de pessoas procurando os cursos nesta área. E cada vez mais são abertos cursos nas faculdades. Agora, quem quer se educar no país, tem opção. Até uns anos atrás não havia. Hoje o Brasil já oferece algumas opções, em todos os níveis de qualidade. Isso é bom. Comprova que está sendo estabelecido um mercado de trabalho no setor.

Mundo do Marketing Esportivo - O que os cursos de MBA e Latsu-senso podem contribuir para o mercado esportivo?
Clarisse Setyon - Pode contribuir, e muito, para a profissionalização do esporte. Hoje, ainda vemos algumas disparidades. É possível encontrar desde uma RedBull, com sua gestão altamente profissionalizada nos esportes onde patrocina. E, por outro lado, você encontra áreas que não tem profissional nenhum especializado, parecendo aquele antigo modelo de ‘capitanias hereditárias’, quando existia uma grande quantidade de indicação de pessoas. Isso é possível ver em clubes, federações, comitê etc. Essas instituições, com isso, sofrem impacto em suas governanças, tendo pouca transparência nas decisões.

Mundo do Marketing Esportivo - E para a realização dos grandes eventos, o que os cursos acadêmicos podem contribuir em suas preparações?
Clarisse Setyon - Podem ajudar totalmente. Aliás, a preparação é fundamental. Porém, gostaria que as pessoas tivessem interesse em estudar não apenas por causa dos grandes eventos. Seria melhor se a procura fosse feita com ou sem a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada aqui no Brasil. O mercado precisa apreciar o profissional qualificado. Pode fazer toda a diferença no dia a dia do desempenho da instituição ligada ao esporte. Os mais bem preparados serão admitidos para as melhores vagas não só nas grandes competições internacionais, mas depois de 2016 também.

Mundo do Marketing Esportivo - A mão de obra qualificada é uma peça-chave para a entrega da boa organização dos eventos?
Clarisse Setyon - Sem dúvida. O esporte é um ramo de imprevistos, onde é exigida flexibilidade, disponibilidade, iniciativa e tolerância para encarar altos níveis de estresse. Às vezes é mais fácil preparar um profissional com esse tipo de perfil e dar educação. Não adianta ter um funcionário apenas diplomado e que não tem esse perfil resiliente. É o tipo de situação que os bons profissionais precisam daqueles que não são tão bons, ou seja, é preciso ‘abraçar’ essas pessoas não tão preparadas e treiná-las. Não tem jeito, a recomendação para entregar os eventos com qualidade é ter ética, fazer parcerias e tornar o processo transparente.

* A entrevista completa está disponível no Especial Olimpíadas 2016:

Versão iPad (iBooks): http://migre.me/aZ51R

Versão PDF: http://migre.me/aZTEZ

Fonte: http://www.mundodomarketing.com.br/blogs/mundo-do-marketing-esportivo/entrevistas/25639/olhar-generalizado.html

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