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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Em transportes, Rio pega carona na experiência britânica


Em Londres, o metrô com 408 quilômetros e 275 estações transportou mais de 50 milhões de passageiros em duas semanas

RIO - Símbolo de eficiência, o sistema de transporte de massa de Londres absorveu bem o aumento do número de usuários durante os Jogos Olímpicos, apesar de alguns problemas nos primeiros dias como atrasos nas operações. Só o metrô britânico, que integra toda a cidade em 408 quilômetros de linhas e 275 estações, recebeu durante as Olimpíadas mais de 50 milhões de passageiros em 15 dias, o quádruplo do normal. No Rio, o metrô tem hoje apenas 40,9 quilômetros e 35 estações.
A operação dos transportes de massa é um dos principais desafios das autoridades cariocas. Nesse caso, não é possível simplesmente copiar o sistema de Londres. A começar pelo perfil: no Rio, a tarefa de integrar toda a cidade cabe aos ônibus e não ao metrô. O gerenciamento da rede de transportes públicos também é bastante diferente. Em Londres, a missão está a cargo da agência estatal Transport for London, ligada à prefeitura, que cuida de todo o sistema: metrô, trens, ônibus entre outros serviços. Na cidade-sede das Olimpíadas do Rio, a prefeitura cuida apenas de ônibus e vans. Metrô e trens são operados por concessionárias que respondem ao estado.

Catracas eram liberadas
O metrô e outros transportes em Londres têm sistema de controle de fluxo. Na tentativa de reduzir as aglomerações no período olímpico, estações eram fechadas para obrigar passageiros a andarem mais (dispersando-os) ou as catracas eram liberadas. No Rio, estado, prefeitura e as concessionárias tentam recuperar o tempo perdido e a falta de investimentos no transporte de massa com quatro corredores exclusivos para ônibus (BRTs), cujas obras serão concluídas entre 2013 e 2015. E também com as obras para levar o metrô até o Jardim Oceânico, na Barra, onde haverá uma integração com um BRT para levar o torcedor até o futuro Parque Olímpico.
De Londres, as autoridades tentam assimilar que experiências podem servir para a cidade. A preocupação no caso não é apenas com as Olimpíadas, mas com outros eventos que acontecerão antes: a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo de 2014. A empresa Metrô Rio, que opera as linhas 1 e 2, criou em agosto, por exemplo, a Gerência de Megaeventos. Parte da equipe é a mesma que planeja as operações do sistema no carnaval e no réveillon de Copacabana, quando os ingressos das 18h até a meia-noite do dia 31 dezembro são vendidos com hora marcada.
— Faremos estudos sobre a demanda de público para cada evento. Uma coisa a gente já sabe: não dá para copiar Londres, porque o perfil das instalações é diferente. O Estádio Olímpico de Londres ficava no Parque Olímpico. O Engenhão é coberto pelos trens da SuperVia e não pelo metrô — observa a gerente de Megaeventos, Rejane Micaello.
Na região do Maracanã, o planejamento deve envolver também os ramais da SuperVia. Ao chegar ou sair, o público pode ser direcionado para estações distintas conforme a origem ou o destino dos usuários, para evitar aglomerações. Apesar dos atuais problemas de superlotação, a Metrô Rio espera melhorar a operação com mais trens. O cronograma está atrasado em um ano, mas a previsão para a frota completa estar em operação é março de 2013. Dos 19 novos carros, 11 já foram concluídos na China e três já entraram em circulação. No caso da expansão do metrô até Barra da Tijuca, o secretário estadual da Casa Civil, Regis Fitchner, garante que a ampliação será concluída até dezembro de 2015. As obras têm custo total de R$ 6 bilhões em recursos do estado, da agência financeira de desenvolvimento (500 milhões de euros) e do Banco do Brasil.
Régis crê que investimentos do estado e da prefeitura em transportes de massa atenderão ao aumento da demanda.
— A operação será facilitada, porque as férias escolares coincidirão com as Olimpíadas — disse Fitchner.
As obras da ligação Barra-Zona Sul tiveram início há mais de um ano. Primeiro, com o túnel que atravessará da Barra até a Gávea, com uma estação em São Conrado. Operários já trabalham no subsolo de Ipanema para instalar a escavadeira alemã que virá desmontada de navio. O “tatuzão”, como vem sendo chamada a imensa máquina, vai perfurar a 12 metros de profundidade de Ipanema à Gávea, para evitar transtornos ao trânsito. As escavações devem ir de março de 2013 a setembro de 2015. Depois, o estado teria pouco mais de um ano para cumprir o prazo. Serão seis novas estações: Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Antero de Quental, Jardim de Alah e Nossa Senhora da Paz. Em obras, a estação da Rua Uruguai, na Tijuca, deve ser inaugurada em 2014.

Ônibus do Rio na carona da experiência dos ingleses
Os empresários de ônibus do Rio, que estão pondo em operação as linhas de BRT em implantação na cidade, também resolveram seguir o trajeto dos ingleses. Antes dos Jogos, representantes do Sindicato das Empresas (Rio Ônibus) visitaram a central de operações da Transporf for London. Este mês, empresários voltaram à capital britânica para um congresso da UITP (Associação Internacional para o Transporte Público), ONG que faz pesquisas sobre mobilidade urbana. Um dos temas tratados no evento foi a operação do sistema de transportes durante os Jogos de 2012.
Por aqui, algumas novidades já começam a ser implantadas em novembro. Os veículos do BRT Transoeste passam a ser monitorados por GPS dentro de um projeto-piloto para gerenciar a frota.
— Fala-se muito da qualidade do metrô de Londres. De fato, são 1,8 bilhão de passageiros por ano. Mas os ônibus têm um papel importante na complementação das viagens. São 1 bilhão de usuários por ano — disse o presidente do Rio Ônibus, Lélis Teixeira.
O representante da entidade antecipou que, por conta das Olimpíadas e dos demais megaeventos, os empresários do setor estão preocupados em qualificar a mão de obra. Um convênio foi assinado com o Centro de Línguas da PUC, para transmitir a rodoviários noções de inglês e espanhol à distância. Os primeiros beneficiados serão os motoristas treinados para dirigir os veículos articulados dos BRTs:
— A meta é que o motorista tenha condições mínimas de informar aos turistas preços ou localização de pontos turísticos — explicou Lélis.


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