País precisa ampliar leque de esportes para ficar entre os dez melhores
RIO - Não vai ser nada fácil. Mas nos Jogos Olímpicos de 2016, o Brasil quer ser, pela primeira vez, “top 10” no quadro de medalhas. Em Londres 2012, o país obteve o recorde de 17 medalhas, sendo três ouros, cinco pratas e nove bronzes. Pelo número de ouros - critério adotado mundialmente -, ficou em 22º lugar, e pelo total de medalhas - adotado apenas pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) -, em 14º (levando em conta os empates entre países com o mesmo número). Diante disso, como o Brasil conseguirá ser “top 10” em 2016?
Dinheiro, parece que não vai faltar. A presidente Dilma Rousseff anunciou, em setembro, o Plano Brasil Medalhas 2016, com um investimento de R$ 1 bilhão para pôr o Brasil entre os primeiros. Cerca de R$ 690 milhões irão para o apoio a atletas, e R$ 310 milhões, para 22 centros de treinamento (CTs). Agora, cabe aos gestores do esporte elaborar projetos. Verbas, a bem da verdade, não faltaram ao COB e ao esporte de alto rendimento, entre 2009 e 2012. O montante foi de R$ 1,7 bilhão, muito mais que os R$ 280 milhões de 2001 a 2004. Vale lembrar que em Atenas, em 2004, os atletas brasileiros obtiveram cinco ouros, duas pratas e três bronzes, num total de dez pódios. Os cinco ouros são o recorde olímpico do país.
- Nossa meta é colocar o Brasil entre os dez primeiros do mundo, considerando o número total de medalhas em 2016. Para isso, começamos com antecedência, desenhando o Plano Estratégico a partir de 2009, quando o Brasil ganhou o direito de sediar os Jogos - afirma o superintendente-executivo de esportes do COB, Marcus Vinícius Freire. - Começamos a aumentar o leque das modalidades medalhistas, com medalhas inéditas no pentatlo moderno, na ginástica e com as três do boxe, que não subia ao pódio olímpico desde 1968. Isso mostra que estamos no caminho certo para a nossa meta. Um CT exclusivo para o Brasil (em Crystal Palace, em Londres) e o projeto Vivência Olímpica (jovens com potencial para 2016 que foram levados a Londres para conhecer o ambiente olímpico) também foram muito bem avaliados.
Na opinião do dirigente, para que o país se torne uma potência olímpica, é preciso dedicação de governo federal, COB, confederações, federações olímpicas e patrocinadores.
- O Brasil apresenta uma curva de crescimento que tende a nos levar ao 10º lugar em casa - diz Freire.
Para alcançar o objetivo, o COB distingue as modalidades em vitais, potenciais, contribuintes e de legado. É preciso ganhar ainda mais nas vitais, as em que já se tem bom histórico (vôlei, futebol, natação, judô, iatismo); reforçar as ações nas potenciais (boxe, ginástica); apoiar as modalidades contribuintes (pentatlo moderno, levantamento de peso); e investir em modalidades de legado (para o futuro). A questão no Brasil é como em menos de quatro anos se poderia desenvolver os vários esportes. Na Grã-Bretanha, sede do megaevento deste ano, o país anfitrião festejou o terceiro lugar em ouros, com 29, atrás de EUA e China. No total, ficaria em quarto, com 65 (29 ouros, 17 pratas e 19 bronzes).
- Começamos a preparar nossa delegação há sete anos - explicou ao GLOBO, em Londres, o lorde Colin Moynihan, diretor-geral da Associação Olímpica Britânica. - Nós nos saímos melhor do que esperávamos. Tínhamos uma boa expectativa, porque temos muitos atletas de talento, mas não acreditávamos que pudéssemos bater a Rússia.
Na ocasião, Moynihan explicou que seu país contava com um fundo em favor dos atletas, com recursos das loterias. Órgão governamental responsável pelo esporte de alto rendimento, o UK Sport havia investido 264 milhões de libras (R$ 834 milhões) de 2009 a 2012.
De acordo com Freire, o COB apoia diversos projetos apresentados pelas confederações, muitos deles com foco nas equipes de base, através da Lei Agnelo Piva (percentual das loterias reverte para o esporte). O trabalho entre o COB e as confederações é feito em conjunto, com intensa troca de informações:
- Os resultados obtidos por boxe, pentatlo moderno e ginástica artística em Londres 2012 mostram que estamos ampliando o leque de modalidades medalhistas olímpicas, sem esquecer as modalidades de maior tradição no Brasil.
Em alguns casos, o COB busca as federações internacionais, como as de badminton e tiro com arco, além de contratar técnicos estrangeiros. O superintendente destaca algumas ações, como o CT Time Brasil, no antigo autódromo de Jacarepaguá; a contratação do consultor americano Steve Roush, ex-dirigente do Comitê Olímpico dos Estados Unidos; o Instituto Olímpico, que forma gestores; a aplicação da Ciência do Esporte; e alguns projetos especiais.
- O COB trabalha incessantemente, e a evolução dos resultados nas principais competições internacionais comprovam isso. Porém, descobrir talentos agora em 2012 para medalhar em 2016 é quase impossível — admite Freire.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/esportes/qual-caminho-para-sonho-olimpico-brasileiro-6531270#ixzz2AODTBTcY
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