CI é um aliado de peso na campanha do primata como candidato a mascote dos Jogos Olímpicos de 2016
Por Emanuel Alencar
RIO - Uma das cem espécies mais ameaçadas do planeta segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), o primata muriqui vai ganhar um aliado de peso em sua campanha como candidato a mascote dos Jogos Olímpicos de 2016: a Conservation International (CI), uma das mais respeitadas entidades de programas ambientais do mundo. A Secretaria Estadual do Ambiente e o Instituto Eco Atlântica devem formalizar com a CI a internacionalização da campanha em defesa da preservação do muriqui daqui a uma semana. O próprio presidente da CI, Russell Mittermeier, biólogo primatologista renomado, já vem difundido a candidatura em suas conferências. Pesquisadores estimam que há menos de 300 muriquis no Estado do Rio. A devastação da Mata Atlântica e a caça colocam a espécie como o segundo primata mais ameaçado do mundo.
Mais investimentos na preservação
A CI, organização que atua em 43 países e estuda os hábitos do muriqui desde a segunda metade da década de 70, planeja ecoar a candidatura do macaco nos Estados Unidos e na Europa. Com isto, o diretor do programa Mata Atlântica da CI, Beto Mesquita, espera que haja um crescimento de financiamento de campanhas favoráveis à preservação do habitat do muriqui: a Mata Atlântica. A organização investe cerca de R$ 600 mil por ano em ações diretas de proteção ao primata, como criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e pesquisas de monitoramento. Com as novas ações, a estimativa é dobrar os investimentos até os Jogos.
— Vamos organizar um evento sobre o muriqui com o Comitê Olímpico Internacional (COI) e empresas em Washington ou Nova York. Ampliaremos a divulgação da imagem da campanha e das ações nas redes sociais a partir de 2013. A ideia é internacionalizar esta campanha — diz Mesquita.
Em entrevista ao GLOBO, Russell Mittermeier afirmou que havia acabado de divulgar a candidatura do muriqui numa reunião da CI em Seattle. A partir do dia 8, a campanha será levada à 11ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-11), na Índia. O encontro reunirá técnicos, especialistas e autoridades de mais de 190 países.
— O muriqui tem importância tão grande quanto o panda gigante da China. É um animal realmente simbólico para o Brasil, pois só existe no país e só vive na Mata Atlântica, ou seja, só há registros neste tipo de bioma. Em reuniões internacionais tenho falado do esforço que estamos fazendo para protegê-lo — disse Mittermeier.
Maior primata das Américas, o muriqui chega a medir 1,20m de envergadura. Estima-se que existam de mil a 1.200 indivíduos na natureza, espalhados por Paraná, São Paulo, Rio, Espírito Santo, Minas Gerais e sul da Bahia. Com braços e pernas compridas, os muriquis lembram atletas por serem capazes de saltar grandes distâncias. Vivem em pequenos grupos e são dóceis. A escolha do mascote das Olimpíadas de 2016 deve acontecer dois anos antes do megaevento.
Se o muriqui é o candidato olímpico, outro animal tipicamente verde e amarelo vai representar o país na Copa do Mundo: o Tolypeutes tricinctos, nome científico do tatu-bola. Essa espécie também é exclusiva da fauna brasileira e pode ser vista em dois tipos de bioma: o cerrado e a caatinga. Depois de pôr três nomes para votação na internet — Amijubi, Fuleco e Zuzeco — a Fifa recebeu muitas críticas de torcedores, que ironizaram as sugestões. Mas garante que não mudará o projeto do tatu-bola. A votação do nome do mascote continua no site www.fifa.com/mascote. O escolhido será anunciado em 25 de novembro.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/topico-rio-2016/ameacado-muriqui-tem-padrinho-internacional-6343914#ixzz28q3DLNE7
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