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domingo, 14 de outubro de 2012

Acesso difícil e insegurança afastam torcedores do Estádio do Engenhão


A quatro anos dos Jogos Olímpicos, o estádio ainda não caiu nas graças dos cariocas

Por Emanuel Alencar, Fabiola Gerbase, Renata Leite, Rogério Daflon

RIO - Muito antes do juiz apitar o início do jogo, torcedores de times cariocas travam uma disputa com a paciência até colocar os pés no Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão. O local recebe as principais partidas de futebol do Rio desde que o Maracanã entrou em reforma, em 2010. Quem opta pelo transporte coletivo se depara com ônibus e trens lotados, além da longa espera para embarcar. O resultado é que, em média, apenas 15% dos torcedores usam o serviço da SuperVia a cada jogo. Grande parte privilegia o automóvel, apesar da falta de estacionamento, dos engarrafamentos e das interdições de ruas do entorno. A quatro anos dos Jogos Olímpicos, o estádio que receberá provas de atletismo ainda não caiu nas graças dos cariocas que acabam, muitas vezes, assistindo às partidas pela TV.
É o caso dos torcedores do Fluminense, que, mesmo na liderança do Campeonato Brasileiro, vão em pequeno número ao estádio: a média é de 9.258 pagantes por jogo. As dificuldades, porém, não impedem o flamenguista Marcio Oeiras, que mora no Maracanã, de ir ao Engenhão. Por um tempo, ele testou os meios de chegar ao local e concluiu que o carro é a melhor opção:
— Estaciono a 20 minutos do estádio e vou a pé para o Engenhão. Tudo para não ficar preso no trânsito na saída.
Pesquisa da Federação de Futebol do do Rio apontou a violência como o principal motivo de ausência no Engenhão. Para driblar a insegurança, Marcio deixa a camisa do time no armário.
Diante de tantas dúvidas e reclamações dos torcedores, a jornalista Cristina Dissat criou um guia do estádio. No blog Fim de Jogo, há dicas de acesso ao Engenhão. O manual detalha quais torcedores costumam usar as quatro entradas e traz orientações aos marinheiros de primeira viagem: lembra, por exemplo, que não existe zona mista no estádio e que a Rua Doutor Padilha é fechada duas horas antes da partida.
— A principal reclamação refere-se ao preço abusivo dos ingressos e aos horários dos jogos. A grande massa não tem condições de pagar R$ 40 por um ingresso. A sinalização no caminho do estádio também precisa melhorar. A minha equipe já se deparou com traficantes ao usar um caminho alternativo, para fugir do congestionamento na Rua Vinte e Quatro de Maio — diz Cristina, que vê potenciais futuros no Engenhão. — Acredito que, com a reabertura do Maracanã, ele vai se tornar uma importante praça para grandes shows musicais e competições de atletismo.

Moradores também se queixam
Os moradores do entorno relatam dificuldades para chegar em casa em dia de jogo. A Rua José dos Reis, onde mora Alfredo da Silva Cunha se tornou um canteiro de obras. A prefeitura implanta 3,7 km de redes de drenagem em vias do entorno do estádio para evitar alagamentos. A previsão para o fim das intervenções é de junho de 2013, quando o Maracanã já deve estar reaberto.
— Nós, moradores, só ficamos com o ônus. As ruas são estreitas e não dão vazão para todos os torcedores. Os guardas passam multando e rebocando, mesmo os carros de moradores — reclamou Alfredo.
Outra obra da prefeitura está em fase final: um viaduto religando a Rua da Abolição à Avenida Dom Helder Câmara. O trecho já deve ser inaugurado este mês. O viaduto terá uma saída para a Linha Amarela (sentido Barra), que ficará pronta até o fim do ano.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/acesso-dificil-inseguranca-afastam-torcedores-do-estadio-do-engenhao-6388811#ixzz29JS5lPTm 

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