Por Ary Cunha
LONDRES - Instrutor do Curso de Operações Especiais dos Comandos Anfíbios, o oficial da Marinha Leonardo Mataruna sabe que as missões de seus alunos obrigatoriamente serão executadas em ambiente hostil. Conhecer bem o inimigo, suas principais armas e seu modo de atacar e defender, faz toda a diferença num campo de batalha. Dos exercícios de guerra para os tatames olímpicos, o instrutor ganha a vida transformando soldados em atletas e judocas em guerreiros de elite. Entre as 50 pessoas que formam a maior delegação do judô brasileiro nos Jogos, Mataruna tem uma função inédita: é o estrategista das seleções masculina e feminina em Londres.
Em sua trincheira, cercado de tablets, laptops e softwares para edição de vídeos, Mataruna, de 34 anos e trabalhando na Confederação Brasileira de Judô (CBJ) desde 2007, guarda um arquivo de nada menos do que 45 mil lutas apenas do último ciclo olímpico, das quais dez mil estarão à disposição dos nossos judocas para análise ao longo das competições da modalidade, que vão do sábado, dia 28, com as disputas dos ligeiros, a 3 de agosto, com os pesos pesados.
- O trabalho começou em 2007 e, no início, até os próprios atletas se incumbiam de filmar os colegas. Eram câmeras de VHS. Levávamos três meses para decupar e editar as imagens - recorda ele, fazendo o paralelo entre esporte e Forças Armadas. - O estrategismo surgiu como técnica militar, de observação e coleta de dados sobre o inimigo. E uma Olimpíada não deixa de ser uma grande batalha .
O quartel-general do judô verde-amarelo está em Sheffield, a duas horas de Londres, onde hoje acontece o último treino aberto aos jornalistas. E Mataruna já estará montando todo seu aparato tecnológico de vídeo análise para os atletas, nos dois quartos de hotel alugados pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a poucos metros do Excel Centre. Entre as lutas eliminatórias das manhãs e as finais à tarde, os judocas terão todas as imagens em vídeo, já editadas, dos adversários com os quais poderão cruzar no caminho até o ouro olímpico.
- Há lutadores ainda muito jovens, em competições locais, sem filmagens. Já tivemos de pegar material de um canal de TV do Djibuti, para analisarmos um judoca. Eram poucos segundos, mas qualquer informação é válida. Dá para ver se o cara é destro ou canhoto, como se desloca no tatame - analisa o estrategista.
Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/tecnologia-estrat%C3%A9gia-guerra-nos-tatames-jud%C3%B4-brasileiro-090500715--spt.html
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