Por Erich beting
Lance Armstrong desistiu da luta para tentar provar que não se dopava e, ao que tudo indica, perderá o direito de se dizer heptacampeão da Volta da França. O maior nome do ciclismo mundial, que com sua história de superação após quase morrer de câncer e voltar para ganhar sete vezes o mais tradicional evento do esporte, acusou o golpe, desistiu de provar que não se dopou e, agora, é manchete em todo o mundo exatamente por conta daquilo que sempre negou fazer.
Mas será que o problema é só de Armstrong ou de toda a indústria do esporte nos dias atuais?
O quanto é possível para o ser humano atingir esforços sobrenaturais e performances astronômicas? O quanto o modelo que impera no mercado contribui para que os fins justifique os meios?
Armstrong só foi pego no antidoping porque sua urina foi congelada e analisada cerca de 15 anos depois de ele ter tido a performance vencedora. Naquela época, não havia tecnologia que conseguisse pegar a adulteração que ele provocou no próprio corpo para conseguir ser vitorioso. Essa é a velha história de que o bandido sempre está à frente do mocinho. Só passamos a tentar prever um ato ilegal depois que ele já foi cometido.
Só que, ao longo desses 15 anos, Armstrong colheu os louros de ser o grande campeão, de ter um formidável projeto social apoiado por gigantescas empresas, de ser exemplo para todos de como ser um “campeão”.
Mas será que é possível para qualquer atleta na atualidade ser um vencedor sem lançar mão do doping? Como pode, por exemplo, os nadadores baterem recordes em Londres depois que os supermaiôs foram banidos? Sem a ajuda da tecnologia eles são mais rápidos mesmo ou tem mais coisa por trás dessas conquistas?
O esporte só premia o vencedor. Desde a mídia, passando pelo patrocinador, a história dos grandes ídolos é construída a partir do vitorioso. Não é esse um problema do esporte, mas sim algo natural do ser humano. Sempre nos é contada a versão do vitorioso sobre uma determinada história.
Só que o custo da vitória a qualquer preço é exatamente o que mais interfere no esporte. Como usarmos os valores morais que o esporte se vangloria de passar para as pessoas se, na essência, os grandes campeões às vezes não são tão “grandes” assim?
Lance Armstrong é o exemplo de hoje, assim como Tiger Woods foi no passado ou algum outro será no futuro.
O fato é que o esporte de alta performance não é, e nunca foi, um lugar para gestos nobres. Ele é a essência do que há de mais primitivo do ser humano. É uma espécie de luta pela sobrevivência, de competitividade a todo preço, de necessidade de um continuar vivo independentemente dos meios que consiga para isso.
E a história dos vencedores que a mídia nos conta, que os patrocinadores apoiam e que os jovens se espelham são, muitas vezes, maculadas por escandalosos esquemas de manipulação de resultados. Em tempo. Em todas as sete conquistas de Armstrong na Volta da França, os seus rivais também estiveram, numa época ou na outra, envolvidos em escândalos envolvendo o doping…
O esporte como gerador de grandes negócios tem um potencial imenso, tanto para as empresas quanto para os atletas. O que não se pode nunca esquecer é que a história “limpa” de uma vitória é muito mais bonita.
Fonte: http://negociosdoesporte.blogosfera.uol.com.br/2012/08/24/armstrong-e-o-custo-da-vitoria-a-qualquer-preco/
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