Por Letícia Casado
Em uma sala de 30 m² no centro do Rio de Janeiro uma equipe de dez pessoas toca a o dia-a-dia da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM). Eles cuidam do esquema de treino e das finanças para bancar 230 atletas. Neste ano a confederação dispõe de R$ 1,5 milhão, do governo federal. Em 2009, foram R$ 900 mil, para auxiliar um grupo dez vezes menor. Não há patrocínio privado e nem mesmo a medalha de bronze obtida pela brasileira Yane Marques na Olimpíada deste ano, em Londres, animou empresas a investir nesse esporte que reúne natação, esgrima, hipismo, corrida e tiro.
O pentatlo moderno ainda é bastante desconhecido dos brasileiros. O atleta deve disputar cinco provas, em sequência, das 8h às 17h: nadar, esgrimir, cavalgar, correr e atirar.
O esporte custa caro. Apenas 40 atletas, dos 230 da confederação, treinam todas as modalidades. Os demais praticam três, principalmente natação, corrida e tiro. "Em Recife, botar um atleta para fazer hipismo custa R$ 350 ao mês [é um treino por semana]. Como vamos treinar vários?", questiona Celso Sasaqui, vice-presidente da CBPM. "Dinheiro é nosso fator limitante."
Segundo ele, seriam necessários R$ 2 milhões a mais para bancar de maneira adequada o treinamento e ampliar o grupo para 300 jogadores. O tiro, por exemplo, é a laser e a pistola custa cerca de € 1,5 mil (R$ 4 mil).
A CBPM tem um projeto de patrocínio aprovado pela Lei Agnelo-Piva e desde 2010 procura empresas dispostas a associar a marca ao pentatlo moderno. Sasaqui diz que já tentou vender o projeto "para cerca de 15 empresas", mas nenhuma se interessou "em adiantar 1% do imposto de renda para nós". "Já parei de fazer reunião. Tomei muito chá de cadeira, de chegar, esperar e nem ser atendido."
A confederação paga apenas os técnicos. Os fisioterapeutas são chamados em situações específicas, e fazem trabalho avulso, como freelancers.
Sasaqui conta o caso de uma garota de 11 anos que machucou o cotovelo durante um treino e precisou de assistência médica. Ela foi atendida pelo plano de saúde da mãe. "O certo seria que a gente cobrisse os gastos médicos", diz ele, "mas não temos como pagar". Antes de entrar na confederação, atletas e seus responsáveis são informados sobre as condições de cobertura médica da CBPM, segundo o executivo, e assinam termos de comprometimento.
Contratar treinador específico para o esporte é essencial, diz o executivo. O treinamento de natação deve ter 1.500 metros por dia, bem menos que os 8 mil metros diários de braçadas que o atleta daria para competir em natação. A carga precisa ser dosada de maneira adequada, senão o esportista não aguenta terminar a prova.
Desde 2003 a confederação não aceitava mais esportistas. O treino era feito unicamente no Exército, com militares. "Não sei dizer por que parou [de receber novos jogadores], mas reativamos em 2009", diz Sasaqui, que assumiu o cargo naquele ano.
A CBPM voltou então a capacitar pessoal em quatro centros de treinamento: dois no Rio, um em Recife e outro em Indaiatuba (SP).
Atingir nível para os jogos olímpicos demora, em média, oito anos, diz ele. Willian Muinhos (RJ), Felipe Nascimento (PE) e Amanda Turute (Resende, RJ) estão entre as apostas da confederação para a Olímpiada do Rio, em 2016.
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