Páginas

domingo, 12 de agosto de 2012

LONDRES "ESQUECE" JOGOS PARALÍMPICOS


NAS RUAS DA CAPITAL BRITÂNICA HÁ POUCAS MENÇÕES À PARALIMPÍADA, QUE PARA MUITAS EMPRESAS REPRESENTA UMA OPORTUNIDADE ÚNICA DE MOSTRAR PRODUTOS E FAZER NEGÓCIO

Por Rodrigo Capelo

Durante os Jogos Olímpicos de Londres, um dos personagens que mais ganhou destaque na mídia foi Oscar Pistorius, velocista sul-africano que teve as duas pernas amputadas dos joelhos para baixo quando tinha apenas 11 meses de vida, mas que conseguiu um tempo alto suficiente para disputar a Olimpíada britânica. Mas, apesar de o caso dele ter comovido muita gente em todo o mundo, os Jogos Paralímpicos ficaram em segundo plano na cidade.

Nas ruas de Londres, infestadas com propagandas de empresas, as referências à Paralimpíada deste ano são bastante escassas. A pedido da Época NEGÓCIOS, Edwin Asberg, brasileiro que atua na agência de marketing esportivo Sport+Martk AG e está na Alemanha cursando mestrado em gestão desportiva pela Universidade Alemã do Esporte de Colônia, conta sobre o cenário que encontrou no país.

"Os Jogos Paralímpicos vão acontecer logo após os Olímpicos, porém quase nada é visto em relação ao evento, além de algumas sinalizações oficiais pela cidade. O foco, naturalmente, está na Olimpíada, evento maior e com maior retorno às empresas envolvidas", relata Asberg. É bom lembrar que um grupo de 42 companhias, interessadas nas competições "principais", despejou R$ 3,4 bilhões em patrocínios na edição de Londres.

Outro mercado
A justificativa pela menor exposição, conforme explicou Asberg, está no fato de a maioria dos patrocinadores se interessar mais pelos Jogos Olímpicos. Mas também há espaço para fazer negócio nos Paralímpicos. Novamente traçando um paralelo, enquanto fabricantes de materiais esportivos como Nike, Adidas e Puma se enfrentam para conseguir espaço para suas marcas em Londres, o mesmo desafio tem a Otto Bock, fabricante de próteses.

A lógica é simples: centenas de atletas com mobilidade reduzida estarão disputando medalhas de ouro, prata e bronze entre 29 de agosto e 9 de setembro. A maioria deles, por sua vez, usa algum equipamento durante as competições. "É como uma feira mundial de tecnologia ortopédica", definiu Rüdiger Herzog, porta-voz da Otto Bock, patrocinadora da Paralimpíada há 24 anos, à revista The Economist.

Depois de mais de duas décadas apoiando financeiramente essa versão da Olimpíada, a corporação credita a ela o crescimento que tem registrado em seu faturamento. Apenas em 2011, US$ 811 milhões foram arrecadados com produtos ligados à saúde. E a tendência é seguir em alta nos próximos anos, principalmente com a melhora econômica dos países emergentes, nos quais deficientes ainda não têm tanto dinheiro.

Outra peculiaridade desse mercado é que, nos Jogos Paralímpicos, os equipamentos tendem a ser menos sofisticados do que aqueles usados por cidadãos comuns. Um velocista como Oscar Pitorius, por exemplo, precisa de próteses que sejam mais leves e tenham melhor aderência à pista de corrida, enquanto as normais são feitas para vários pisos, como paralelepípedos, escadas e lama.

Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Olimpiada/noticia/2012/08/londres-esquece-jogos-paralimpicos.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário