Na preparação para receber os Jogos Olímpicos pela primeira vez na história, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) vê com bons olhos a importação de know-how estrangeiro. Além de aprovar a contratação de especialistas de outros países por parte das confederações, a entidade pretende aproveitar o conhecimento externo para capacitar os técnicos nacionais.
A Seleção masculina de basquete, dona de três medalhas olímpicas e dois títulos mundiais, precisou recorrer ao argentino Rubén Magnano para retornar aos Jogos Olímpicos depois de um vergonhoso tabu de 16 anos longe do torneio. Com Leandrinho, Nenê, Tiago Splitter e Anderson Varejão, o time alcançou as quartas de final em Londres.
Candidata a uma medalha na Inglaterra, a Seleção deixou o torneio com um gosto amargo após a eliminação diante dos rivais argentinos, mas Rubén Magnano, ainda durante o torneio, já comemorava o resgate da imagem do basquete nacional. "No Brasil, as pessoas me param nas ruas com palavras elogiosas. Não tem nada mais gratificante do que isso", disse o técnico, campeão com a seleção de seu país em Atenas 2004.
Já a Seleção feminina de handebol, sob o comando do dinamarquês Morten Soubak parou apenas nas quartas de final dos Jogos de Londres, diante da poderosa Noruega, em uma derrota de virada, por somente dois gols de diferença. "Tínhamos o sonho de brigar por uma medalha nessa Olimpíada, é claro. Mas esse sonho continua. Estamos contentes por estarmos no caminho certo", disse o europeu, que levou a equipe à sexta colocação, melhor resultado do Brasil na modalidade em Jogos Olímpicos.
Ao longo do último ciclo olímpico, outras modalidades também apostaram no conhecimento de especialistas estrangeiros, a exemplo do atletismo. Fabiana Murer, por exemplo, contou com a assistência do ucraniano Vitaly Petrov, mentor do multicampeão Sergey Bubka. Marcus Vinícius Freire, superintendente do COB, aprova a iniciativa de suas afiliadas.
"Nós vamos continuar investindo nas modalidades em que precisamos de treinadores estrangeiros", avisou o dirigente da entidade, responsável por repassar verba para as confederações olímpicas. Através da Academia Brasileira de Treinadores, um segmento do Instituto Olímpico Brasileiro, espaço de ensino do COB, Marcus Vinícius espera multiplicar o conhecimento dos estrangeiros em território nacional.
"Pensando no legado para o futuro, esses treinadores têm duas metas. Além de conseguir resultados, queremos que eles transmitam o seu conhecimento para os técnicos brasileiros. A nossa Academia de Treinadores vai ajudar as confederações para que nossos técnicos também aumentem sua capacidade e para que isso seja um legado pós-2016", afirmou o superintendente do COB.
A entidade tem a meta de integrar o top 10 da classificação por número de medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016. Para alcançar o feito, o COB espera subir ao pódio em, pelo menos, 13 modalidades diferentes (foram nove em Londres) e promete investir em esportes individuais, o que aumenta o campo para contratação de mão de obra especializada de outros países.
Ao analisar o quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Londres, Marcus Vinícius destacou a estratégia de alguns países de pequeno porte que foram bem-sucedidos com apostas em determinadas modalidades individuais. O Cazaquistão (quatro ouros no levantamento de peso) e o Irã (três ouros na luta olímpica), por exemplo, terminaram à frente do Brasil no quadro de medalhas.
Mais do que incentivar suas filiadas a investirem na contratação de estrangeiros durante o próximo ciclo, o próprio COB conta com um americano como consultor. Steve Roush, um dos homens fortes do Comitê dos Estados Unidos em seis edições dos Jogos Olímpicos (três de inverno e três de verão), trabalha para a entidade brasileira há três anos.
"Ele realmente nos ajuda na estratégia macro e também nas ações específicas", explicou Marcus Vinícius. Roush, por sinal, foi o artífice da logística do primeiro centro de treinamento exclusivo do Brasil em uma Olimpíada, o Crystal Palace. "Ele já tinha essa experiência e ajudou bastante, principalmente na montagem", contou o superintendente do COB.
De acordo com a entidade, foram investidos exatos R$ 11.610.557,06 nos Jogos Olímpicos de Londres, R$ 3.254.159,07 para a operação do Crystal Palace. Com tamanha preparação, o Brasil bateu a meta de conquistar 15 medalhas (três ouros, cinco pratas e nove bronzes), mas, para frustração de Roush, ficou abaixo das 41 finais de Pequim, algo considerado fundamental pelo americano.
Contratar profissionais estrangeiros, no entanto, não é sinônimo de sucesso. Uma das primeiras iniciativas mal-sucedidas de Hortência como diretora de seleções da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) foi trocar o brasileiro Paulo Bassul pelo espanhol Carlos Colinas, que fracassou com a equipe no Mundial da República Tcheca 2010 e não durou até os Jogos de Londres.
Fonte: http://esportes.terra.com.br/noticias/0,,OI6079702-EI14532,00-COB+planeja+maior+importacao+de+tecnicos+para+ciclo+olimpico+de.html
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