Páginas

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O que o Rio vai precisar agora para 2016 não ser um novo Pan


Cerca de 500 PMs estão sendo colocados nas ruas todos os meses e o governo segue com as UPPs. Para especialistas, há méritos e perigos nessas duas políticas

Por Marcos Prates

São Paulo – Como o encerramento das Olimpíadas de Londres deixou claro, a bandeira Olímpica está agora com o Brasil. Os olhos se voltam para o Rio de Janeiro, que terá que provar estar à altura da fiscalização mundial nas áreas de transportes, instalações esportivas e – muitos gostariam de frisar especialmente esta parte – segurança. 

Será preciso manter em um clima geral de tranquilidade as delegações olímpicas, os turistas e os moradores, assim como fez Londres, apesar das previsões em contrário. Os prognósticos oficiais e não oficiais são bons. “Essa expertise de organização de segurança para grandes eventos o Rio já tem”, afirma a associada do Fórum de Segurança Pública e ex-coordenadora de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Jacqueline Muniz. 

Como exemplo, ela cita a Rio 92, a Rio+20, o famoso carnaval e os sempre lotados réveillons, quando milhões de pessoas se aglutinam na praia. “O desafio é fazer o dia a dia da segurança hoje para que até lá (2016) tudo isso esteja consolidado”, opina Jacqueline, também professora da Universidade Cândido Mendes (UCAM).

O Rio precisará provar que os gastos não ficarão restritos ao evento esportivo, como nos Jogos Pan-americanos, em 2007, quando as promessas eram de que seriam criados novos paradigmas de segurança para os cidadãos do Rio, mas tudo pareceu ficar igual.

Mais PMs

Aumentar o efetivo policial é uma das maneiras dos jogos trazerem melhorias para a população. É o que o Rio está fazendo. Só será preciso tomar cuidado com o ritmo que isso vem sendo feito, na avaliação do Coronel José Vicente da Silva Filho, consultor em segurança pública.

Uma das promessas do governador Sérgio Cabral era de elevar o efetivo da Polícia Militar dos atuais 39 mil para 60 mil até o início dos torneios. O cumprimento da promessa corre a passos largos e hoje cerca de 500 policiais militares chegam às ruas do estado mensalmente, a maioria absorvidos pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP).

“O Rio não tem condição de formar esse contingente com qualidade. Vai ser policial mal formado e que pode dar trabalho”, acredita o Coronel, que teve boa parte dos 30 anos de carreira militar na polícia paulista na área de treinamento. “Isto vai reduzir substancialmente a qualidade dos policiais formados”, afirma.

Representantes da PM carioca já disseram que a rápida fomação "não é o ideal, mas é preciso".

Com esse aumento, segundo o Coronel José Vicente, a polícia do Rio de Janeiro, que está na média do restante do país, se tornará uma das maiores do mundo em efetivo. E será preciso um grande esforço para que os policiais, na visão do especialista, não sejam tentados pelo abuso no uso da violência e pela corrupção presente em tantas favelas nas mãos de milícias e traficantes.

UPPs

“Os investimentos pontuais na Copa e Olimpíadas para segurança não são complicados. A cartilha de grandes eventos é conhecida por todos nos protocolos da FIFA e do Comitê Olímpico Internacional (COI). Tanto Brasil e África do Sul, países com desafios estruturais, conseguem fazer porque tudo tem data para começar e terminar”, afirma a pesquisadora da UCAM Jacqueline Muniz. Então como garantir serviços que tragam frutos para a população após os jogos?

"No caso do Rio de Janeiro, isso se faz com as UPPs”, diz ela.

As 25 Unidades de Polícia Pacificadora instaladas hoje já atendem bem as áreas onde ocorrerão as competições e onde ficarão os atletas, incluindo a zona sul até a Barra da Tijuca. O governo quer mais 15 UPPs até 2016. Para Jacqueline Muniz, que já atuou como diretora no Ministério da Justiça, investimentos federais serão essenciais para isso.

Em algum momento, porém, o Rio precisará diminuir o contingente policial nesses locais, que demandam muito efetivo, na avaliação do Coronel José Vicente. ”Nós temos uma base nacional de 1 PM para 400 habitantes. O morro de Santa Marta, no Rio, tem 4 mil habitantes e 120 PMs: um para cada 30 habitantes”, avalia.

É com projetos assim que, quem sabe desta vez, o Rio amanheça no dia seguinte ao fim dos jogos como uma cidade mais segura para todos, apesar do grande aparato estratégico montado para os jogos não estar mais lá. O melhor é que, agora, a cidade ainda terá a Copa de 2014 para treinar antes.

Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/o-que-o-rio-precisa-para-2016-nao-ser-um-novo-pan

Nenhum comentário:

Postar um comentário