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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ouro pelos trilhos


Por Jorge Luiz Rodrigues

Com 149 anos de existência, o metrô de Londres está se preparando para ver seu fluxo de pessoas transportadas aumentar significativamente nas Olimpíadas

LONDRES - Antes mesmo de se tornar a capital olímpica de 2012, o uso do transporte público é a medalha de ouro no dia a dia dos cidadãos londrinos, que fazem cerca de 3,5 milhões de viagens diárias só de metrô. Mas a chegada de 10.500 atletas, 21 mil integrantes da mídia e cerca de 881 mil visitantes extras durante as Olimpíadas — de 25 de julho a 12 de agosto — fez com que a capital inglesa tomasse medidas não menos dispendiosas na tentativa de evitar que a festa do esporte signifique o caos na rotina de uma das metrópoles mais importantes do mundo.
Se algum turista ou cidadão londrino preferir não ficar imprensado num dos trens do metrô que levam ao Parque Olímpico com o aumento do fluxo de passageiros, é bom se planejar. A campanha "Get ahead of the Games" ("Chegue à frente dos Jogos") usa histórias curiosas e cartazes criativos, como o de dois brutamontes da luta greco-romana saindo de um vagão, para incentivar a população e as empresas a planejar e a priorizar os deslocamentos durante o período do megaevento.
Mesmo com 13 linhas de metrô e outras sete de superfície, além de variados ramais de trens urbanos, Londres lançou, no fim do ano passado, a campanha nacional para encorajar os usuários do sistema a assegurar que não só a capital inglesa, mas outras cidades britânicas, não sejam prejudicadas pelo programa das Olimpíadas. Segundo números do London Partners e da Associação Britânica de Hospedagem, a capital inglesa recebe a expressiva média de 1,5 milhão de visitantes a cada mês de agosto. Porém, com os Jogos, terá 294 mil turistas estrangeiros adicionais e outros 587 mil vindos de todas as partes do Reino Unido.
Outdoors nas ruas, pôsteres bem-humorados nas estações de trem, de metrô e nos ônibus, além de anúncios nas rádios, nas TVs e nos jornais, juntamente com $nas redes sociais, buscam a comunicação direta com os usuários de transportes públicos. No site (www.getaheadofthegames.com) e nas mídias sociais, como o Twitter (@gaotg), a campanha mostra quais estações, dias e horários haverá demanda acima do normal, incentivando os passageiros normais a buscar rotas alternativas e linhas menos congestionadas.
No site e no Twitter, os usuários recebem as últimas informações e sugestões de como se planejar para o período dos Jogos e evitar as áreas de tensão e de maior demanda, como as estações Stratford, Westminster, London Bridge, Bank, Canary Wharf, Liverpool Street e West End, entre outras.

PROGRAMA EM TRÊS FASES
A campanha "Chegue à Frente dos Jogos" é coordenada pela Olympic Delivery Authority (ODA), equivalente à Autoridade Pública Olímpica dos Jogos Rio-2016, e pelo TfL (Transporte para Londres), es$écie de secretaria de transportes. Os dois órgãos calculam que só os portadores de ingressos farão 20 milhões de viagens durante os 19 dias das Olimpíadas — sendo três milhões no dia com maior número de eventos (4 de agosto). Por isso, a ODA e o TfL têm trabalhado com empresários, comerciantes e empresas para que a cidade possa lucrar com a estimativa de uma injeção de 750 milhões de libras na economia só com os gastos dos visitantes.
— A campanha tem três fases: a primeira foi focada em aumentar o conhecimento sobre onde e como o transporte público será afetado no período dos Jogos — explica, ao GLOBO, Nancy Ryder, porta-voz do TFL.
A fase dois da campanha está em andamento e mostra as alternativas disponíveis para evitar congestionamentos e superlotação, como trabalhar em diferentes horários e locais, trocar as reuniões por teleconferências, e até alternativas de transporte, como o uso de bicicletas e $caminhadas onde é possível.
— A terceira e última fase começará em junho e vai encorajar cada usuário a adotar essas medidas, assegurando que ele "Chegue à frente dos Jogos" — acrescenta Ryder.
Empresas que, durante o período dos Jogos, permitirem aos seus funcionários executar tarefas em casa, também são incentivadas e citadas na campanha. Mais de 180 já assinaram um protocolo e respondem por 350 mil funcionários.
— Por sorte, vou poder trabalhar três ou quatro dias da semana de casa, mas seria melhor estar de férias durante os Jogos — brinca a analista de sistemas Sue Maddison, passageira diária da Central Line, a linha vermelha do metrô, normalmente uma das mais procuradas do sistema e que liga o Centro ao Parque Olímpico, vizinho da estação Stratford.
Sue mora em Leyton, apenas uma estação acima do epicentro dos Jogos, e trabalha no Centro. Nos dias em que não puder fazer suas tarefas de seu apartamen$, terá de fazer uma maratona de metrô, ônibus e trem urbano para evitar a Central Line.
— Serão duas semanas. Não vai ser tão mal assim. Só espero que estejamos realmente preparados para isso — diz ela.
Para os Jogos, a cidade colocou 8,8 milhões de ingressos à disposição dos espectadores e 200 mil pessoas trabalhando na organização, entre funcionários, voluntários, staff de segurança e de empresas prestadoras de serviços. Cada portador de ingresso terá direito a viagem gratuita de ida e volta no transporte público no dia do evento que adquiriu.

NOVO TREM FUNCIONARÁ 24 HORAS
O orçamento da campanha é de £ 8,8 milhões (R$ 27,7 milhões), com 100% do investimento custeados pela ODA. As atividades irão até o fim dos Jogos Paralímpicos, que começarão pouco mais de duas semanas após o encerramento das Olimpíadas e acontecerão de 29 de agosto a 9 de setembro, com mais 4.200 atletas, 6.500 profissionais de im$e 2,2 milhões de ingressos.
Apesar da infraestrutura de transporte público, que faz o Rio imaginar o tamanho do desafio que terá pela frente, daqui a quatro anos, Londres ainda investe bilhões de libras em novos trens, plataformas e linhas. Como a do metrô de superfície que também passa em Stratford, estação vizinha ao Parque Olímpico; e a do trem de alta velocidade, que liga a estação Saint Pancras, parada do Euro Star, a nova estação de Stratford Internacional em apenas sete minutos, de olho nos turistas estrangeiros.
O novo trem desta última, batizado de Javelin (dardo), funcionará 24 horas por dia no período dos Jogos e servirá também aos jornalistas internacionais, que dormirão em hotéis na região de Euston, a 600m da estação Saint Pancras, e trabalharão no Centro Internacional de Rádio e TV e no Centro Principal de Imprensa, ambos no Parque Olímpico, distante cerca de 20km.
Tudo para ninguém chegar atrasado aos Jogos.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/olimpiadas2012/ouro-pelos-trilhos-5020875#ixzz1vuaedsjW 

Opinião: Enquanto isso, em competições menores no município que sediará os Jogos Olímpicos de 2016, o "sistema" de trens extras não funciona como anunciado pela empresa. Deixando uma espera de 30 minutos após o horário anunciado. Pode-se verificar no planejamento de Londres um real esforço para que o transporte funcione, sem grandes reinventar a roda.

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