Estádio ficará pronto em fevereiro do ano que vem. Reforma custará R$ 860 milhões
RIO - Desde setembro de 2010, os gritos da torcida e as jogadas geniais dos craques da bola foram substituídos pelo ruído de britadeiras e o vaivém ininterrupto dos operários que preparam o complexo esportivo do Maracanã para a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Tanto empenho tem razão de ser. Além dos eventos da Fifa, o estádio, que teve toda sua parte interna recuperada e fica pronto em fevereiro do ano que vem, será o centro do universo por alguns dias: palco não só de disputas mas do grande espetáculo de abertura e encerramento da primeira Olimpíada do Brasil e da América do Sul.O principal estará pronto em 2013. Mas o calendário prevê obras até a Copa de 2014, com recursos do estado e parcerias público-privadas para acabamentos nas áreas comuns. Embora muito já se tenha falado sobre as transformações, um aspecto pouco explorado é que o estádio terá a marca da sustentabilidade.
Contratado pelo Consórcio Maracanã Rio 2014, o arquiteto Bernard Malafaia conta, em detalhes, o que está por trás do gigantismo do projeto. Uma série de mecanismos de última geração será adotada. O Maracanã ambiciona a prestigiada certificação ambiental LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) para edificações. O selo, criado pelo U.S. Green Building Council, é o de maior reconhecimento internacional, inclusive no Brasil.
Água da chuva reaproveitada
Bernard estima que as medidas vão permitir, por exemplo, reduzir, em pelo menos 30%, o consumo de água no estádio.
— Para isso, metade da água da chuva será captada através do sistema de drenagem da nova cobertura e ficará armazenada em dois depósitos. Essa água será reutilizada na irrigação do campo. Ainda para economizar água, o mictório será monitorado por computador. O jato d’água para limpeza sairá automaticamente com intervalos diferentes, de acordo com a necessidade — diz Bernard.
E não é só. Ainda buscando diferenciais, o Maracanã também funcionará como arena multiuso para shows. Gerente da reforma, o presidente da Empresa de Obras Públicas (Emop) do estado, Ícaro Moreno Júnior, afirma que, entre outras coisas, o Maracanã ganhará quatro telões de 100 metros quadrados e 405 câmeras para monitorar toda sua extensão.
—Também estamos implantando no setor norte do estádio uma nova passagem subterrânea que, na prática, é um túnel com padrão rodoviário, para permitir a passagem de veículos com até 4,35 metros de altura entre o estádio e a Avenida Radial Oeste. Isso favorecerá a entrada e saída de carros alegóricos nas Olimpíadas e de outros elementos cênicos no caso de o estádio ser usado como arena de eventos — explicou Ícaro.
Nos Jogos Pan-Americanos de 2007, lembra ele, o piso do Maracanã já havia sido rebaixado para a passagem dos carros alegóricos usados na festa, mas, mesmo assim, ainda foi preciso improvisar. Como, por exemplo, uma operação de última hora para desmontar as partes móveis da escultura do jacaré, projetada por Rosa Magalhães, que era muito alta.
Somados os investimentos feitos nos últimos 15 anos, o novo Maracanã terá um custo total de cerca de R$ 1,5 bilhão. Desse total, R$ 860 milhões foram aplicados só na reforma iniciada em 2010. Ao final do processo, o estádio, que já recebeu mais de 200 mil pessoas em partidas oficiais, contabilizará mais ganhos do que perdas — embora algumas mudanças sejam lamentadas. Já não existirá mais a popular “geral” — área onde o ingresso era mais barato e a galera assistia aos jogos de pé — e a capacidade de público foi reduzida.
Outro ponto polêmico, aparentemente superado, foi a decisão de substituir a cobertura tradicional por uma estrutura tensionada feita de teflon e fibra de vidro. Depois de muita discussão, acabou prevalecendo a ideia de uma nova estrutura. A iluminação, com lâmpadas LED, mais econômicas, é um capítulo à parte. O diretor de Instalações do Maracanã, Richards Ambrósio, revela que R$ 3,7 milhões foram investidos na confiabilidade do sistema, que terá a carga máxima aumentada de seis para 12 mil megawatts, capazes de iluminar uma pequena cidade de 16 mil habitantes. Com isso, o fornecimento passa a ser feito por duas subestações da Light. Se falharem, geradores próprios entram em operação em 15 segundos.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/maracana-reutilizara-agua-da-chuva-tera-iluminacao-30-mais-economica-6830172#ixzz2DpGbvebx
Nenhum comentário:
Postar um comentário