Documento prevê regalias para clubes no topo do portfólio da Adidas, mas exige que até presidente rubro-negro não use marcas concorrentes
Por Janir Júnior e Vicente Seda
Além das cláusulas milionárias, obrigações e direitos incluídos no contrato de 87 páginas entre Flamengo e Adidas, a fornecedora alemã colocou o clube da Gávea no status de "Símbolo A Mundial", o que quer dizer que o Rubro-Negro - ao lado de Chelsea, Real Madrid, Milan e Bayern de Munique - integra o portfólio mais prestigiado entre os clubes patrocinados pela empresa. Na prática, isso representa um plano estratégico de negócios, verba anual de R$ 1,5 milhão para ações de marketing e acesso prioritário aos principais produtos da marca, incluindo testes de artigos que ainda não foram lançados no mercado.
A Adidas também colocará à disposição do Flamengo o centro de treinamento em sua sede na Alemanha, denominado "World of Sports (Mundo dos Esportes)", como centro logístico para "potenciais amistosos na Europa", conforme descrito no contrato de parceria. O espaço tem aproximadamente 39 hectares (ou 390 mil m²) usados para prática de diversos esportes e conta com cerca de 2.900 funcionários de mais de 50 nações. Há no contrato a obrigação de uma partida de exibição por ano - a Adidas ficará com todas as receitas, à exceção dos direitos de transmissão, e as despesas do clube sairão da verba de marketing.
Entre os produtos disponíveis para o clube, está um sistema de monitoramento de atividade física, o "miCoach Professional Team Training System". O sistema fornece indicadores físicos e monitoramento não invasivo. Entre os valores medidos pelo equipamento, estão velocidade, frequência cardíaca, distância percorrida com grande, média e baixa intensidades, entre outros. Entre os aparatos, estão sensores que são acoplados às chuteiras dos jogadores.
Nesse caso, a nova fornecedora abre exceção para que os atletas com contrato firmado com suas concorrentes possam usar chuteiras de outra marca, mas essa permissão se limita às chuteiras. Os demais calçados fora do gramado terão de ser Adidas.
A regra também vale para dirigentes. Nem o presidente eleito do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, estará livre do compromisso de não aparecer em trajes da concorrência. O item seis da cláusula oito do contrato diz que "membros do clube, incluindo o presidente, os diretores do clube, os gerentes jurídicos, de marketing, de futebol e a comissão técnica não usarão ou vestirão quaisquer produtos de um concorrente quando estiverem no exercício das suas funções oficiais". A multa para esse tipo de infração é de R$ 25 mil, mas não leva à rescisão contratual.
A Adidas se compromete ainda a indicar um gerente global de marketing dedicado a gerenciar a comercialização, as comunicações e a ativação do clube e dos negócios da Adidas a ele relacionados. A empresa destaca no contrato que o clube "deverá ser capaz de se beneficiar da grande rede de relações que a Adidas mantém com as entidades regulatórias do futebol, ligas, clubes, agências e marcas globais no que diz respeito ao enriquecimento e desenvolvimento" da instituição como clube de futebol ou como marca.
Pelo status do patrocínio, a Adidas se obriga ainda a produzir pelo menos 50 produtos licenciados diferentes em cinco categorias: vestimenta para jogo, para treino, tradicionais e de passeio, acessórios e hardware. Os produtos serão expostos em 1.500 lojas pelo mundo, 600 delas obrigatoriamente nos maiores mercados de futebol, descritos no contrato. A empresa ainda se compromete a criar mercado eletrônico dentro do seu site em todos os mercados habilitados para transações dessa natureza, que incluem outros países como Nova Zelândia e Coreia do Sul.
Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2012/12/contrato-com-fornecedora-da-ao-fla-acesso-ct-europeu-e-tecnologia.html
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