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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Os tortuosos e injustos critérios do COB


Por Marcelo Laguna

Complicado, para dizer o mínimo, entender os critérios adotados pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para a distribuição das verbas da Lei Agnelo/Piva para 2013, ano que marcará a abertura do novo ciclo olímpico, visando os Jogos Olímpicos do Rio 2016. E antes que meus amigos da assessoria de imprensa do COB (sim, acreditem, tenho amigos por lá) mandem e-mail cornetando o post, quero avisar que entendi perfeitamente quais os tais critérios adotados pela entidade no repasse dos quase R$ 68 milhões, fora o valor pertinente ao Fundo Olímpico. Tudo somado, serão quase R$ 90 milhões para serem utilizados pelo esporte olímpico nacional. Uma beleza.

Só que entender os critérios não significa necessariamente aceitá-los e considerá-los justos. Muito pelo contrário.

É incrível que a cada ano, quando chega o momento do COB divulgar a fatia que  cada uma das 29 confederações olímpicas do Brasil (o futebol, comandado pela CBF, não entra na divisão), o sentimento que me vem à mente é que tudo poderia ser feito de uma forma diferente. E que alguém está saindo perdendo dinheiro, injustamente.

Para 2013, a boa notícia é que o repasse de verbas para as entidades esportivas brasileiras irá aumentar. Contra os R$ 60,9 milhões que foram repassados este ano, serão R$ 67,4 milhões em 2013. O bicho começa a pegar quando você observa detalhadamente a lista, com os respectivos valores com o qual cada confederação foi agraciada. Aí que as distorções ficam mais evidentes.

Não consigo aceitar, por exemplo, que a ginástica artística, que obteve um feito histórico nos Jogos de Londres 2012, com a inédita medalha de ouro de Arthur Zanetti nas argolas, não tenha entrado na faixa máxima dos repasses, que é de R$ 3, 5 milhões. Em 2013, serão R$ 3,3 milhões. É pouco? Claro que não! Mas que raios a ginástica brasileira precisa fazer para alcançar o teto dos repasses e igualar-se aos primos mais ricos do esporte brasileiro, como vôlei e desportos aquáticos?

Igualmente inacreditável é ver que o boxe brasileiro, depois de acabar com um jejum de 44 anos sem medalhas sair de Londres com três (uma de prata e duas de bronze) terá um repasse de R$ 2,6 milhões, menos do que o hipismo, que passou sem brilho algum nos Jogos Olímpicos, mas que foi agraciado com R$ 3,3 milhões, a segunda faixa na lista do COB. Estranho, né?

E como esquecer a incrível medalha de bronze obtida por Yane Marques no pentatlo moderno, esporte sem qualquer tradição no Brasil? Só que o feito de Yane ajudou a dar para seu esporte R$ 1,7 milhão, muito menos do que os R$ 2,6 milhões do ciclismo para o próximo ano. E que ninguém me venha com os estúpidos argumentos que são várias as modalidades envolvidas (estrada, pista, mountain bike). Se a tal meritocracia, que os cartolas do COB tanto gostam de apregoar, existisse de fato, quem deveria ser premiado: o aluno que faz a lição de casa certinha e passa de ano com louvor, ou aquele que fica de recuperação?

Como recordar é viver, escrevi há quase um ano sobre o mesmo tema, também estranhando os critérios de distribuição de verbas feita pelo COB. Como se vê, nada mudou.

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/esportesolimpicos/2012/12/20/os-tortuosos-e-injustos-criterios-do-cob/

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