Executiva responsável pela escolha do mascote dos Jogos se prepara para driblar o assédio de curiosos em nova maratona na busca do personagem ideal que represente a Rio 2016
RIO - A diretora de Marcas do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 2016, Beth Lula, é uma mulher cheia de segredos. Durante meses, ela coordena a equipe que acompanha o desenvolvimento de símbolos do evento, cujos lançamentos seguem um calendário ditado por estratégias de marketing do qual a palavra vazamento não faz parte do dicionário — ao menos, até agora.
Beth foi uma das primeiras a conhecer a concepção final das logomarcas dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio, por exemplo. O próximo desafio é a seleção, entre escritórios de design, daquele que será responsável pelo desenvolvimento das mascotes do evento. Mas há muitas outras coisas a fazer que precisam da aprovação do Comitê Olímpico Internacional (COI) e, em alguns casos, das confederações esportivas. Nessa lista, estão, por exemplo, o design das medalhas, as tochas e os pictogramas que identificam os esportes, só para citar alguns.
— A escolha das mascotes tem um papel importante nos preparativos para as Olimpíadas. Pelo lado comercial, porque são responsáveis, em média, por 25% das receitas das vendas de produtos alusivos aos Jogos. Mas também são os personagens olímpicos que mais vão interagir com os espectadores em eventos públicos antes ainda dos Jogos — explica Beth.
Os personagens brasileiros só serão conhecidos no segundo semestre de 2014, provavelmente após o término da Copa do Mundo. Tempo suficiente para desenvolver os produtos e registrá-los em escritórios de patentes de alcance mundial, num esforço para evitar a pirataria. As mascotes serão apresentadas ao público, simultaneamente, na forma de souvenires, desenhos animados, aplicativos para a internet e brinquedos. Se as mascotes brasileiras farão tanto sucesso quanto o ursinho Misha dos Jogos Olímpicos de Moscou (1980), lembrado até hoje, só o tempo dirá.
Mascote poderá falar
Mas, se conseguir se tornar popular como o solzinho Cauê, mascote dos Jogos Pan-Americanos de 2007, ganhará, como ele, direito a mordomias. No Pan, Cauê tinha até secretária particular para cuidar de sua agenda de compromissos.
O Comitê Organizador ainda não decidiu se os personagens olímpicos e paraolímpicos apenas farão coreografias e mímicas ou também dialogarão com o público. Geralmente, as mascotes olímpicas são úteis para preservar a fantasia dos espectadores. Por isso, normalmente, os organizadores evitam apresentar os atores que os representam. Formada em produção editoral pela UFRJ, com mestrado em publicidade em Strathclyde (Glasgow), Beth conta que sua experiência com Olimpíadas começou em Sidney, no ano 2000:
— Foi por acaso. Trabalhava para uma das patrocinadoras dos Jogos Olímpicos e me interessei pelo tema. Acabei recebendo um convite para desenvolver o departamento de marketing do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) — recorda-se.
Anima Mundi dá consultoria
No caso das logomarcas, o Rio inovou ao apresentar a primeira versão em 3D da história dos Jogos. Portanto, tentar algo novo no universo das mascotes será um dos maiores desafios do concurso, do qual só poderão participar empresas brasileiras, uma forma de estimular a indústria criativa nacional. Podem se inscrever produtoras de animação, cinematográficas, agências de design, publicidade e estúdios de ilustração com experiência anterior na criação e desenvolvimento de personagens voltados para publicidade. Exige-se também que apresentem de três a 10 trabalhos já realizados na última década, institucionais, educacionais ou de entretenimento, preferencialmente para animação. Beth Lula afirma que o processo seletivo contou com a consultoria da empresa Anima Mundi e acontecerá por etapas, obedecendo as regras que foram divulgadas no mês passado.
Personagem deve ser ‘atleta’
Na primeira fase, os interessados devem apresentar, até 7 de janeiro de 2013, uma série de documentos com informações sobre as empresas, principalmente, experiências anteriores. No dia 21 de janeiro, sai o resultado da pré-seleção com as 30 empresas que vão continuar no processo. Os semifinalistas terão até 14 de março de 2013 para apresentarem os personagens conceituais. Desses, dez serão selecionados para um pré-desenvolvimento de marca, inclusive com ilustrações, nas quais os personagens deverão estar praticando esportes. Os melhores trabalhos passam para a fase final, que começa em 24 de maio. Até a divulgação do resultado, Beth Lula estará às voltas com segredos que todos querem saber, mas que ela, mais uma vez, protegerá até o final.
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