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terça-feira, 3 de julho de 2012

Euro tem prós e contras, mas serve de exemplo para Brasil em 2014 e 2016


GLOBOESPORTE.COM lista cinco pontos a serem destacados sobre torneio na Ucrânia e na Polônia: aprendizado para Copa e Olimpíadas

Por Rafael Maranhão e Marcos Felipe

Nas palavras do presidente da organizadora do torneio, Michel Platini, a Eurocopa 2012 foi um sucesso. Para quem viajou para torcer ou trabalhar, nem tanto. Os problemas enfrentados por Polônia e, principalmente, Ucrânia para terminar importantes obras de infraestrutura a tempo foram muitos. Alguns, resolvidos somente durante o evento. Ficam de alerta para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 (Rio de Janeiro) no Brasil. Sobretudo em relação à acomodação e transportes.

Em entrevista antes da Euro, o diretor do torneio na Ucrânia, Markian Lubkivsky, disse que se pudesse dar uma sugestão ao Brasil e a outros países que organizam grandes eventos esportivos, ela seria:

- Nunca deixem nada para a última hora ou achem que ainda há tempo o suficiente. Este é um velho hábito na Ucrânia, mas estou confiante de que conseguiremos vencer esse problema.

Mas a Eurocopa também ficará marcada pela empolgação de poloneses e ucranianos com o torneio, que durou até o fim apesar das campanhas ruins das seleções anfitriãs, e pela maneira como receberam os visitantes. Apesar de o idioma ter sido muitas vezes uma barreira, nunca faltava alguém disposto a ajudar. Assim como os estádios, com ótimos acessos e bem localizados.

Abaixo, cinco pontos a destacar sobre a Eurocopa 2012:

Segurança

Incidentes como os ataques de torcedores russos a voluntários após a partida entre Rússia e República Tcheca na Breslávia ou as brigas entre russos e poloneses em Varsóvia, e croatas e irlandeses em Poznan, foram preocupantes, mas isolados. No geral, o clima tanto na Polônia quanto na Ucrânia foi de bastante tranquilidade. Queixas de roubos e furtos praticamente não ocorreram. Caminhar pelas ruas centrais das cidades-sede, mesmo à noite, não representava grande risco.

Houve lamentáveis manifestações racistas, que ficaram, sobretudo, na Polônia e direcionadas a jogadores como o tcheco Theodor Gebre Selassie e o italiano Mario Balotelli. Os possíveis ataques a visitantes negros ou de origem asiática, especulados pela imprensa inglesa antes do torneio, felizmente não aconteceram, mas ainda assim afastaram muitos torcedores. O fato acabou recebendo uma resposta bem humorada dos moradores de Donetsk, com uma camisa com os dizeres: "Agora não tenho medo de nada. Eu estive em Donetsk".

Estádios

Acessos bem sinalizados e fácil deslocamento e dispersão dos torcedores após as partidas, somados à ótima visão do gramado na maioria das arenas foram os pontos positivos. Os estádios da Euro 2012, como costuma acontecer em grandes torneios, eram belos e modernos. Mas, como também ocorre após os eventos, alguns deles correm o risco de virar elefantes brancos. O Estádio Olímpico, local da final, será utilizado pelo Dínamo de Kiev e já tem shows de bandas como Red Hot Chilli Peppers marcados. Já em Varsóvia, somente concertos e jogos da seleção. Durante a maior parte do tempo, a arena estará vazia (o principal clube da capital, o Légia Varsóvia, possui uma moderna arena).

As opções de transportes públicos para os estádios variaram bastante: Kiev com duas estações de metrô, e Lviv com uma arena distante do centro e de difícil chegada. Na polonesa Gdansk, com a bola já rolando na Euro, as obras no entorno do estádio estavam inacabadas e os materiais de construção poderiam ser alcançados pelos torcedores sem maiores dificuldades. A conexão à internet também deixou a desejar em algumas arenas, como em Lviv.

Transportes

Uma das grandes preocupações do Brasil para 2014, os aeroportos funcionaram bem na Polônia, mas foram o principal problema da Ucrânia durante e até depois do torneio. Segunda-feira, dia seguinte à final, os terminais do aeroporto de Kiev estavam lotados e com voos atrasados. No início do torneio, viagens para as sedes de Lviv e Donetsk atrasaram por cinco e seis horas. Como a maioria das seleções, mesmo as que jogavam na Ucrânia, ficaram hospedadas na Polônia, os terminais de voos internacionais receberam prioridade.

Quem fazia viagens domésticas ainda precisava enfrentar o velho sistema, com bagagens sendo levadas uma a uma por uma pequena porta, mais parecendo uma antiga rodoviária, ou mesmo com os passageiros precisando retornar à pista para pegar sua mala, como em Donetsk. Na cidade ucraniana, o novo terminal ainda estava em obras durante a Euro e somente foi liberado para voos locais na última semana da competição. Muitas obras nas estradas não ficaram prontas a tempo, mas novamente a situação na Polônia era melhor do que na Ucrânia. O transporte ferroviário, opção praticamente inexistente no Brasil, também foi uma alternativa melhor em território polonês do que ucraniano, onde o serviço de trem rápido entre as cidades-sede foi pouco divulgado e sofreu com problemas técnicos.

Acomodações

Mesmo em cidades mais turísticas como Gdansk houve problemas para encontrar lugar para ficar. O caso mais complicado talvez tenha sido o de Donetsk, onde os jogos sem a presença da seleção ucraniana nunca deixaram a Donbass Arena lotada. Muitos torcedores não conseguiram acomodação, com pouca oferta de hotéis e albergues e os altos preços cobrados pelos lugares disponíveis. Em Carcóvia, o hotel anunciado num site internacional de hospedagens simplesmente não existia. No seu lugar, apenas um prédio de escritórios.

Em Kiev, até o dia da abertura do torneio, o camping onde três mil torcedores da Suécia iriam ficar ainda estava inacabado. Na decisão, o número de torcedores das equipes finalistas no estádio ficou muito abaixo do da Euro 2008, em Viena. Os jornais espanhóis noticiavam os problemas de quem teria que pagar pelo menos R$ 2.500 para viajar até a capital ucraniana para ver o jogo, sem ter a certeza se encontraria hospedagem e fora o preço do ingresso.

Atmosfera e receptividade

Poloneses e ucranianos abraçaram o torneio com empolgação. As críticas pelos gastos excessivos, nem sempre devidamente explicados, e os atrasos nas obras aconteceram. Também não faltaram os protestos do grupo Femen, que correram o mundo para denunciar o suposto aumento do turismo sexual por causa da Euro, o que acabou não acontecendo, de acordo com jornais ucranianos. Mas na hora em que a bola rolou, os moradores das cidades-sede procuraram aproveitar o evento e mostraram muita alegria e simpatia com os visitantes.

Na Polônia foi mais fácil se comunicar em inglês, mas na Ucrânia houve grande mudança na sinalização e em informações também no alfabeto latino, não apenas no cirílico dos idiomas locais, o que tornou menos complicada a vida dos estrangeiros. As Fan Zones foram muito usadas por poloneses e ucranianos como opção de lazer mesmo em dias de jogos de outras equipes e após a eliminação das anfitriãs. Em Donetsk, a área ficava afastada do centro e do estádio, mas em Carcóvia tornou-se o principal ponto turístico da cidade.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/eurocopa/noticia/2012/07/euro-tem-pros-e-contras-mas-serve-de-exemplo-para-brasil-em-2014-e-2016.html

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