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quarta-feira, 25 de julho de 2012

'A Olimpíada é mais transparente que a Copa', diz prefeito do Rio


Em entrevista exclusiva, prefeito do Rio diz preferir COI à Fifa e pede que os cariocas parem de fazer porcaria e sujar a cidade

Por Michel Castellar

Prestes a receber a bandeira olímpica, nesta entrevista ao LANCE!, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, fez um balanço das obras, disse preferir trabalhar com o COI à Fifa e afirmou que usará os Jogos 2016 para mudar não só a cidade, como a postura dos cariocas.

Rio após Londres-2012
"A transformação da cidade já vem ocorrendo aos poucos. Esse processo vai se intensificar, as cobranças serão maiores. Vamos ser mais cobrados em um processo que é complexo e cheio de detalhes. Mas vejo com muito otimismo como as coisas estão."

Atraso nas obras
Estabeleço sempre prazos um ano antes do que seria adequado. Toda vez que as pessoas vêm a mim com projetos das Olimpíadas, falo: "pega esse prazo e se era para ficar pronto em janeiro de 2013 coloca janeiro de 2012."

Relação com o COI
"O COI é muito profissional, correto, cobradores, mas ao mesmo tempo não saem por aí verbalizando. Nem elogios  demais, nem críticas demais. Você ainda não teve uma crítica contundente ao Rio. É uma coisa aqui, outra lá."

Rio-2016 x Copa-2014
"O modelo de acompanhamento dos Jogos é mais transparente que a Copa. É direto e franco. Com todo o respeito que tenho aos organizadores da Copa, mas sob esse aspecto, o COI está alguns anos à frente. O modelo da Fifa é equivocado. A Fifa tem preocupação somente com o estádio."

Jogos Olímpicos x escolas e hospitais
"Com o que se vai gastar em uma instalação esportiva daria para construir quarenta escolas. Mas isso não é uma equação matemática. Primeiro, só uma pessoa sem muito conhecimento, acha que uma coisa exclui a outra. A cidade precisa avançar. O que faz a gente bancar hospital, posto de saúde e escola é a economia da cidade crescendo. O sujeito que fala em hospital não percebe que também faltam turistas em nossos hotéis para gerar empregos para camareiras, para o garçon, para o guia de turismo, para o atendente de recepção, quer dizer, isso faz a cidade girar."

A Copa do atraso
"Além das obras, que são o legado mais poupável, temos o outro legado, que é o de percepção das pessoas sobre determinado destino e lugar. Por isso é importante durante o processo de construção dos Jogos Olímpicos a gente ir bem e no prazo. Porque a gente precisa perder essa imagem de que brasileiro não sabe planejar e nem cumprir prazos. E nesse caso, erramos na Copa do Mundo. Essa imagem não vamos conseguir perder com a Copa do Mundo, já ferrou.  Vai até terminar tudo, mas já perdemos a chance de passarmos a imagem de país organizado, estruturado, que as coisas começam em um dia e terminam no outro. Pode até atrasar, imagina, Londres ficou mais caro, atrasou, faz parte. O que digo é que na Olimpíada a gente vai passar uma imagem para o mundo que esse país sabe fazer as coisas com organização e transparência."

Barcelona
"Barcelona era uma cidadezinha furreca. Furreca é exagero. Uma cidadezinha que não tinha nada demais, mas com os Jogos se transformou em uma super-capital econômica, cultural e sofisticada da Europa."

Educação x Jeitinho carioca
"Não quero que o Rio se transforme em uma cidade militarizada até 2016. O Rio com o seu jeitinho carioca está ótimo. Algumas coisas precisamos aprender, pequenos gestos, a questão do lixo. Mas a gente tem de usar a Olimpíada para isso. Até a olimpíada tem de tudo estar limpo? Não! Tem de estar limpo amanhã, parar de sujar a cidade ontem. A Comlurb está custando um bilhão por ano. Falamos de R$ 1 bilhão de reais que a gente paga pelas porcarias dos cariocas."

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