Com a seleção masculina fora dos Jogos, Bruno Souza descobre outra função em Londres
Por Ary Cunha
LONDRES — Camisa 8 da seleção brasileira masculina de handebol nas duas edições anteriores das Olimpíadas (Atenas-2004 e Pequim-2008), o niterioense Bruno Souza lutou contra os limites do corpo até quando pôde para tentar ajudar a equipe, após uma delicada operação no joelho direito. Mas não teve jeito. Sem Bruno, o Brasil não se classificou no Pan de Guadalajara, perdendo a final para a Argentina, e depois também fracassou no Pré-Olímpico, na Suécia. Ele, no entanto, se acostumou a superar desafios pelas próprias mãos. Bruno está em Londres desde o primeiro dia de julho, trabalhando no Centro de Operações da Vila (VOC, da sigla em inglês), a convite do diretor da Rio-2016 para relação com Comitês Nacionais e Vila Olímpica, o argentino Mário Cilenti.
O uniforme vinho e vermelho com calça cáqui dos voluntários que veste hoje é bem diferente da amarelinha que defendeu por 17 anos. Mas o orgulho de fazer parte da maior festa do esporte no planeta não mudou em nada, ele garante.
— Eu tinha de vir para as Olimpíadas de qualquer jeito —brinca Bruno, de 35 anos. — Desde janeiro, eu faço parte do curso do COB para atletas fazerem essa transição entre o fim de carreira esportiva com novas funções de gestão e então veio o convite para trabalhar na Vila Olímpica, ganhando experiência para alguma função que farei na Rio-2016. Conheço bem as necessidades dos atletas e agora acho que posso ver as coisas pelo outro lado. Está sendo maravilhoso.
De problemas com uma pia entupida, a riscos à segurança ou procedimentos para visita de autoridades, tudo que acontece na Vila passa pelos rádios da sala de comunicação, onde Bruno trabalha nove horas por dia. Ele faz parte de um grupo de 12 secondees, termo em inglês para profissionais contratados pela Rio-2016 que trabalham junto ao LOCOG londrino para adquirir experiência em setores importantes da organização dos Jogos, como Vila Olímpica, transportes, acomodações, seguranças, sistemas, etc...
— Temos também 130 observadores que vêm em momentos diferentes passar cinco dias aqui adquirindo experiência em diferentes áreas — explica Cinenti, que ingressou no mundo olímpico como voluntário no Pan de Mar del Plata-1995 e hoje é uma das maiores autoridades em relação com comitês olímpicos, contratado pelo COB desde 2007. — Não é por ser atleta que o Bruno se encaixou na função, mas porque ele tem uma excelente formação e está dentro do perfil para executar diferentes funções nessa área. Mas, claro, a experiência dele como atleta lhe dá uma bagagem incalculável para lidar com as situações de uma Vila Olímpica.
Bruno quer apenas fazer um jogo de despedida, na volta ao Brasil. Ele já foi convidado por Cilenti para trabalhar também nas Paralimpíadas. E, com a experiência de três Olimpíadas, essa de agora em novas funções, ele diz concordar com a declaração do príncipe Edward, que esteve há dias na Vila. O filho caçula da Rainha Elizabeth II afirmou que o Brasil deve "fazer os Jogos do jeito brasileiro", ao ser perguntado como deveria ser a organização da RIo-2016.
— Cada Olimpíada é diferente. E temos sim de fazer do nosso jeito, valorizando o que temos de melhor, nosso jeito carioca de ser. A Rio-2016 vai ter cara de Brasil e queremos que os atletas e visitantes sintam isso. Londres ainda não caiu de cabeça nas Olimpíadas, mas no Rio eu tenho certeza de que será uma grande festa. E eu, claro, estarei participando novamente. Fora da quadra, mas dando minha colaboração para o esporte brasileiro — afirma o camisa 8 em novas funções.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/olimpiadas2012/camisa-10-do-handebol-realiza-sonho-olimpico-por-outras-vias-5546912#ixzz21GrkwGAW
Nenhum comentário:
Postar um comentário