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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Blatter justifica omissão: ‘suborno não era crime’


Documentos provam que suíço sabia do escândalo. Teixeira ainda é consultor da CBF

ZURIQUE e RECIFE - Antes de serem identificados anteontem pela Justiça Suíça como beneficiários de um esquema de corrupção envolvendo contratos relativos à Copa do Mundo, o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o ex-presidente da Fifa, João Havelange, contaram com defesa da entidade internacional para que seus nomes fossem protegidos durante processo encerrado em 2010 em troca da devolução de R$ 5 milhões. Mesmo que os documentos divulgados tenham o preservado sob a sigla P1, o presidente da Fifa, Joseph Blatter preferiu se pronunciar ontem diante das evidências de que o caso era de seu conhecimento. Juntos, Teixeira e Havelange receberam R$ 45 milhões para defender interesses da ISL, agência de marketing que foi à falência em 2001.
— Da minha parte, o documento poderia ter sido publicado na íntegra para dar fim às especulações. Não sou acusado, fiquei anônimo como P1, o que honestamente não é difícil de descobrir — disse Blatter ao site da Fifa.
Entre os diversos depósitos do esquema, um deles, da ordem de R$ 2 milhões, destinado a Havelange, caiu equivocadamente na contabilidade da Fifa. Apesar da orientação jurídica e da movimentação financeira que envolvem a entidade, o suíço Blatter lavou as mãos ao alegar que, à época, o suborno ainda não era crime previsto pelas leis suíças:
— Não podemos medir o passado com os padrões atuais sob pena de fazer um julgamento moral. Então, não poderia ter tomado ciência de um delito que não existia.
Outrora protegida pelas conveniências, a prática se tornou inaceitável depois que Teixeira tentou lançar o catari bin Hammam em oposição a Blatter. Além de minar a candidatura com denúncias de corrupção, o suíço passou a disputar o jogo político com o dossiê ISL debaixo do braço. Em março, diante da iminência da revelação dos documentos, Teixeira renunciou às presidências da CBF e do Comitê Organizador Local e ao assento no Comitê Executivo da Fifa. Quatro meses antes, Havelange deixou o Comitê Olímpico Internacional e se livrou de investigação no órgão do do qual era membro há 48 anos. Como presidente de honra da Fifa ainda é passível de processo no qual Blatter prefere não se envolver.
— Não está entre minhas atribuições chamá-lo a prestar contas. O Congresso o nomeou presidente honorário e só o Congresso pode decidir sobre seu futuro.
Em visita ao Recife, onde a seleção enfrentará a China no dia 10 de setembro, no Estádio do Arruda, o atual presidente da CBF, José Maria Marin confirmou que Ricardo Teixeira segue dando assessoria à entidade:
— Nós temos mais de 300 contratos em andamento na CBF. E ele contribui com assessoria internacional, pelos cargos que ocupou, por mais de 24 anos. Então, aproveitamos da melhor maneira a experiência que Ricardo tem, inclusive captando recursos através da publicidade, de divulgação do futebol brasileiro. O que foi divulgado não tem nenhuma relação entre Ricardo Teixeira e a CBF. Ele continua prestando os mesmos serviços.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/esportes/blatter-justifica-omissao-suborno-nao-era-crime-5464552#ixzz20Y5Rw3nD 

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