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quinta-feira, 21 de março de 2013

Gobbi reforça ameaça de tirar Arena da Copa: 'Se todos não se mexerem...'


Presidente fala pela primeira vez sobre o assunto, em entrevista ao L!Net, e reitera que impasse é de Odebrecht e Banco do Brasil. Ele cobra mais atitude dos órgãos responsáveis

Por Felipe Bolguese e Marcelo Damato

O presidente do Corinthians, Mário Gobbi Filho, disse que o que emperra a liberação do empréstimo do BNDES para a obra da Arena Corinthians é a recusa do Banco do Brasil às garantias oferecidas pela construtora Odebrecht.
– O que está pegando? O tipo de garantia que a Odebrecht está dando – afirmou, em entrevista ao LANCE!Net, completando o que dissera momentos antes: – Quem tem de aceitar o aval é o Banco do Brasil. O Corinthians não é parte nisso.
É a primeira vez que o presidente do clube afirma textualmente que o problema é entre o banco e a construtora. Essa versão é corroborada por funcionários do Banco do Brasil. Na construtora, ao contrário, se diz que a questão é entre o banco e o clube. O BB não estaria aceitando que o Corinthians comandasse a gestão da arena. Gobbi diz que isso "nem entra em questão".
Sem a liberação do empréstimo de R$ 400 milhões, o clube e a construtora ameaçam paralisar as obras, como já havia dito Andrés Sanchez, responsável por coordenar o projeto. A Odebrecht disse ao clube que, depois de ter colocado R$ 250 milhões, além dos R$ 250 milhões contraídos em dois empréstimos-ponte, não colocará mais dinheiro próprio. Já o Corinthians, que não aceita pôr dinheiro do seu caixa, e arca com os juros a cada empréstimo, ameaça parar tudo e voltar ao projeto original, deixando São Paulo sem estádio para a Copa de 2014 e a Copa sem um palco de abertura.
Corinthians, Odebrecht e Banco do Brasil negociam a liberação do dinheiro desde antes de o BNDES aprovar o empréstimo, em meados do ano passado. Já naquela época, o banco enviou um documento aos dois parceiros deixando claro que o empréstimo seria para o banco, mesmo na forma de um fundo imobiliário, e que quem deveria dar as garantias seria a construtora.
Segundo um diretor do BB, o banco é proibido por lei de emprestar dinheiro para clube e que não pode aceitar garantias dadas pelo clube ou vinculadas ao estádio, como o contrato de naming rights.
O estádio do Corinthians foi anunciado em 2010 como arena convencional, não ligada à Copa, e orçado em R$ 380 milhões para 48 mil pessoas. Com a Copa, o preço foi para R$ 820 milhões, fora as arquibancadas removíveis, que o Governo Estadual prometeu bancar.

Bate-Bola: Mário Gobbi Filho
Presidente do Corinthians, em entrevista exclusiva ao LANCE!Net
‘O Corinthians não vai carregar o ônus sozinho’
Andrés tem ameaçado parar as obras se não sair o empréstimo...
O que o Andrés disse é a expressão da verdade. Nós estamos fazendo de tudo para que o estádio saia conforme o planejado. Para que o estádio seja o estádio da abertura da Copa. Agora, isso não é um desejo só do Corinthians. É de interesse público. Se todos não se mexerem para que isso se realize, não é o Corinthians que vai carregar sozinho esse ônus. Para nós, o estádio está pronto. O que falta fazer lá é justamente o restante que a Fifa quer para ser a abertura da Copa.

Vai parar ou mudar de rumo?
A obra pode mudar de rumo. E ser só o estádio do Corinthians. Vamos ver até onde o impasse vai. Eu espero, acredito que isso se resolva o quanto antes, e que possamos cumprir, todos nós, Governo Federal, Estadual, Municipal, CBF, Federação e Corinthians, o que já nos comprometemos com a Fifa.

Existe algum prazo para esse impasse entre as partes ser definido?
Não tem prazo. O prazo é quando chegar o momento certo. Vai ter o momento certo de definir. Não sei dizer se é o fim do mês, daqui dois meses, se é 15, 20 dias. Vai chegar a hora. O funil está se fechando. A decisão que se tomar, todos saberão.

O Corinthians não abre mão de ser o gestor da Arena...
Isso nunca entrou em pauta. Isso está fora de cogitação. A gestão do estádio é do Corinthians. O que está em discussão é o tipo do aval que o Banco do Brasil exige para o empréstimo sair. A gestão do estádio está fora de questão.

Esse impasse não gera um atrito entre Corinthians e Odebrecht?
Não. Quem tem de aceitar o aval é o Banco do Brasil. O Corinthians não é parte nisso. É isso que nos pegávamos desde o começo da obra. Que não entra dinheiro público para o Corinthians. É Odebrecht e Banco do Brasil. O Corinthians não é parte nisso.

Andrés é remunerado para cuidar do projeto do novo estádio?
Nenhum diretor do Corinthians tem cargo remunerado. Andrés não é diretor porque já foi presidente, o maior pavilhão do clube. Ele é um colaborador da presidência, como nós combinamos quando ele me passou o bastão. Que eu e o Corinthians precisávamos da experiência e do trabalho dele em grandes projetos. Esse é o maior projeto do Corinthians. Nada mais justo que isso esteja nas mãos dele, porque ele deu início. O Andrés é o pai do estádio. Tem muita gente que está preocupada se eu vou dar o pontapé inicial no campo. Não serei eu, será o Andrés, com muita honra. Baterei palma. O trabalho dele é voluntário.

LANCE!Net EXPLICA
Por que o Banco do Brasil não aprova o empréstimo para a Arena Corinthians?
1. O presidente Mário Gobbi Filho tem razão quando afirma que o Corinthians nada tem a ver com a demora da liberação do dinheiro do BNDES pelo Banco do Brasil.
2. Quando os três lados sentaram para definir como seria o repasse de dinheiro, o Banco do Brasil deixou claro que não aceitaria nenhuma garantia dada pelo Corinthians e que só emprestaria o dinheiro para a Odebrecht.
3. A Odebrecht, por saber que a entrega de garantias terá consequência para seu balanço financeiro e, supostamente, também por temer que uma futura mudança no comando político do clube possa colocar suas garantias em risco, vem se recusando a apresentá-las ao Banco do Brasil.
4. O dinheiro para a obra já está aprovado pelo Banco do Brasil, faltando apenas as garantias dadas pela Odebrecht. O banco nem sequer cogita abrir mão delas. Além disso, o estatuto do banco proíbe-o de emprestar dinheiro para clubes de futebol, partidos e igrejas.

CIDs esbarram em procurador
A liberação das CIDs, os certificados de incentivo fiscal que a Prefeitura de São Paulo prometeu para ajudar o Corinthians a fazer um estádio para a abertura da Copa do Mundo, está parada há mais de três meses na Procuradoria Geral do Município. O clube espera R$ 420 milhões com as CIDs.
Depois de transitar pelas secretarias envolvidas com o estádio, como a de Negócios Jurídicos, Finanças e Planejamento Urbano, sempre com pareceres favoráveis dos procuradores de cada secretaria, o projeto ia para publicação, em dezembro, quando o Procurador-Geral, Celso Coccaro, de forma inesperada, pediu para reexaminá-lo.
Coccaro, que se tornou homem de confiança do então prefeito Gilberto Kassab, pediu para ver o processo e o está examinando desde a concessão do terreno de Itaquera ao clube, nos anos 1980.
Coccaro é procurador concursado e ocupa o cargo desde a gestão do ex-prefeito José Serra (2004-2006). A atitude de Coccaro está irritando cada vez mais o Corinthians e os vereadores ligados ao clube, que consideram sua ação além do razoável.


Leia mais no LANCENET! http://www.lancenet.com.br/corinthians/Gobbi-reforca-Arena-Copa-mexerem_0_886111581.html#ixzz2OBDlPuZD 

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