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quarta-feira, 27 de março de 2013

Caso Engenhão: Engenhão: obra milionária marcada por falhas


Queda de muro, apagões e relatório entregue pelo Botafogo à prefeitura em 2009, já apontando 30 itens defeituosos, compõem histórico de problemas do Engenhão

Por Ary Cunha

RIO - Maior legado dos Jogos Pan-Americanos de 2007 para a cidade, o Engenhão, oficialmente batizado Estádio Olímpico João Havelange, levou três anos para ser construído a um custo, à época, de R$ 380 milhões dos cofres públicos. Já escolhido como local das provas de atletismo das Olimpíadas de 2016, o estádio arrendado por 20 anos ao Botafogo e interditado ontem pelo prefeito Eduardo Paes, por falhas estruturais na cobertura, tem um histórico de problemas, apesar dos poucos anos de uso. Embora o anúncio de Paes tenha sido recebido com aparente perplexidade pelos grandes clubes cariocas, que ali jogavam clássicos e boa parte de seus jogos desde o fechamento do Maracanã para as obras da Copa-2014, a decisão traumática é o desfecho de um roteiro anunciado há tempos.
Em março de 2010, o colunista Ancelmo Gois publicou nota na qual antecipava uma reunião de Paes com diretores da Companhia Botafogo, que administra o estádio, e empreiteiras, para tratar de uma lista de 30 itens problemáticos no Engenhão. E reportagem publicada pelo GLOBO dias depois revelou que as falhas já eram de conhecimento da prefeitura há quase um ano, já que o ofício do clube fora encaminhado pelos administradores em abril de 2009. A cobertura já era um dos pontos citados no relatório, com necessidade de manutenção preventiva, além de três pontos em que a lona se rompera devido a queda de balões na estrutura, facilitando o acúmulo de água da chuva.

Além de ser encaminhado à prefeitura, pela Superintendência de Patrimônio Imobiliário da Secretaria municipal de Fazenda - organizadora da licitação que cedeu a administração do Engenhão ao Botafogo -, o ofício 121/2009 também foi enviado pelo clube à RioUrbe, em maio de 2009, e chegou ao Tribunal de Contas do Município. O TCM incluiu a lista de problemas entre os documentos que serviram de base para o relatório final sobre o legado do Pan. Fiscais do próprio tribunal fizeram três visitas técnicas ao estádio e encontraram infiltrações, entre outros problemas.
No ofício encaminhado à prefeitura, eram citadas infiltrações até nas casas de máquinas dos elevadores, expondo equipamentos ao risco de curto circuito. O problema se repetia até nas juntas de dilatação que sustentam a estrutura. Ainda de acordo com o texto, o sistema no-break instalado no Engenhão não funcionava direito devido a falhas de projeto. Segundo o relatório, os equipamentos não teriam sido projetados com refrigeração independente, e isso prejudicava a operação dos geradores.
O primeiro problema no estádio ocorreu antes mesmo da realização dos Jogos Parapan-Americanos, ainda em 2007. Dois muros da área interna desabaram. Por sorte, ninguém se feriu. A explicação dada na ocasião foi a de que a estrutura era uma das poucas restantes do terreno pertencente à antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA). A construção de um muro novo foi providenciada alguns meses depois.

Às escuras já em 2008
Para o torcedor carioca, além dos problemas de acesso que relegaram o estádio a públicos habitualmente reduzidos e ao incômodo apelido de “Vazião”, o histórico do estádio também está marcado por apagões. O primeiro deles aconteceu ainda em 2008, na estreia do Botafogo no Brasileiro, contra o Sport. Em março de 2010, um forte temporal caiu sobre a cidade, e houve novo apagão, numa partida entre o time alvinegro e o Olaria, pelo Carioca.
Só em 2011 o Engenhão ficou às escuras mais três vezes. A primeira delas aconteceu no Fla-Flu semifinal da Taça Rio, a segunda no jogo entre Flu e Libertad, do Paraguai, pela Libertadores, e a terceira no confronto entre Botafogo e Grêmio, pelo Brasileiro. Nos três casos, a diretoria do Botafogo ofereceu justificativas distintas. Acusou a Light pela escuridão no Fla-Flu, apontou falha humana na Libertadores e curto-circuito no Brasileiro.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/carioca-2013/engenhao-obra-milionaria-marcada-por-falhas-7957255#ixzz2Om6dLKPG 

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