Estádio foi interditado após consórcio constatar problemas estruturais na cobertura
Por Elisa Motta
A Prefeitura do Rio apresentou nesta quarta-feira (27/03) os laudos técnicos que levaram à interdição do Estádio Olímpico João Havelange, no Engenho de Dentro. Em entrevista coletiva, os presidentes da Riourbe, Armando Queiroga, e do Consórcio Engenhão, Marcos Vidigal, explicaram as falhas estruturais na cobertura metálica do Engenhão e os riscos oferecidos aos frequentadores do estádio. O problema está nos arcos Leste e Oeste da cobertura metálica, que tiveram um deslocamento 50% maior que o previsto e apresentam riscos em condições de alta velocidade de vento.
Desde 2007, quando o estádio foi finalizado, o Consórcio Engenhão – formado pelas construtoras Odebrecht e OAS -, em conjunto com a empresa projetista Alpha e a certificadora de projeto Tal Projecto (TAL), vem acompanhando o comportamento da cobertura metálica. Foram apresentados laudos de acompanhamento dos anos de 2007, 2009, 2010 e 2013. Este ano, após receber laudos das empresas Alpha e TAL, o consórcio solicitou um parecer à empresa alemã SBP (Schlaich Bergerman und Partener), uma das maiores especialistas do mundo em projeto de coberturas de estádios, como uma terceira opinião. A SBP concluiu, de forma definitiva, que a estrutura deverá passar por intervenções preventivas, visando restabelecer os níveis de segurança. Na terça-feira ( 26/03), o consórcio enviou um relatório à Prefeitutra do Rio, aconselhando a interdição do Estádio.
- Concluímos a montagem da estrutura do estádio em 2007 e sabíamos que tinha uma previsão de deslocamento da cobertura. Mas esse deslocamento foi superior ao previsto e, desde então, tem sido motivo de investigação. Chegamos inclusive a procurar a SBP, que é uma empresa reconhecida mundialmente, e só agora chegamos a essa conclusão, de que há riscos. E, com base nessa informação, recomendamos a interdição do estádio. O prefeito, de forma correta, tomou providência de fechar o Engenhão para que possamos procurar a melhor solução – disse Vidigal.
A Riourbe trabalha em conjunto com o Consórcio Engenhão para estudar a melhor medida a ser tomada, no menor prazo possível, para que o estádio seja reaberto em breve. O presidente da empresa, Armando Queiroga, destacou que a segurança da população é prioridade:
- Nosso trabalho agora é trabalhar arduamente para decidir quais soluções de engenharia serão adotadas para resolver o problema na cobertura do estádio. Vamos trabalhar em conjunto para a melhor solução, mas nosso foco hoje é a segurança. Vamos no esforçar ao máximo.
Na noite desta terça-feira (26/03), o prefeito Eduardo Paes interditou o estádio, após receber o laudo detectando os problemas estruturais em sua cobertura, que podem oferecer risco à segurança dos frequentadores. O prefeito se reuniu com os presidentes dos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo) para informá-los sobre a decisão.
- Nossa prioridade é a segurança da população. O Engenhão vai ficar fechado pelo tempo necessário, só reabre quando houver uma solução definitiva. Pedi aos presidentes dos clubes e da federação compreensão e que se unam à prefeitura neste momento, pela segurança dos admiradores do futebol. Quero deixar claro que o problema encontrado não tem qualquer relação com a manutenção - completamente adequada - realizada pelo Botafogo no estádio – disse Paes.
CONSORCIO ENGENHÃO
O Consórcio Engenhão foi contratado em 2005 para realizar as obras complementares do Estádio Olímpico João Havelange, como acabamentos e instalações. Em 2007, por meio de Contrato de Emergência, a Prefeitura do Rio contratou o Consórcio Engenhão também para concluir a montagem da cobertura, que na época já tinha projeto executivo e 25 % das obras realizadas pelos construtores anteriores.
As atividades de montagem da estrutura foram realizadas com o acompanhamento da prefeitura, entre janeiro e julho de 2007. Desde a conclusão da cobertura metálica, em julho de 2007, o Consóricio Engenhão vem acompanhando o comportamento da estrutura do estádio. O motivo desse acompanhamento foi a verificação pelo consórcio que, após o descimbramento da cobertura (operação de retirada do escoramento), o deslocamento da cobertura metálica foi diferente do que o previsto pelos projetistas e consultores.
Mesmo com esse deslocamento diferente do previsto, a estrutura do estádio ficou estável e assim permanece até hoje. Porém, era preciso verificar o motivo do deslocamento e se o mesmo poderia comprometer a estrutura. Para isso, o consórcio contratou um escritório verificador (TAL – Tal Projecto, empresa certificadora de Portugal, com larga experiência internacional no setor).
Os estudos da TAL não chegaram a conclusões convergentes com as dos projetistas. Para ter um terceiro parecer, em 2010 o consórcio contratou um novo especialista, a empresa alemã SBP (Schlaich Bergermann und Partener), referência mundial em engenharia estrutural e em coberturas de estádios.
A SBP elaborou um novo modelo de estudos e submeteu uma maquete do estádio a um túnel de vento para avaliar a situação de maneira mais próxima de condições reais. As conclusões do estudo da SBP, levadas pelo Consórcio Engenhão ao conhecimento da Prefeitura do Rio, recomendam que a estrutura do estádio passe por intervenções preventivas, visando restabelecer os níveis de segurança originalmente projetados.
Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?article-id=3713678
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