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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Márcio Fortes: ‘Rio não partirá do zero para realização dos Jogos’

Ex-ministro comparou a organização das Olimpíadas no Rio e em Londres

RIO - Durante o Seminário Rio Cidade Sede, realizado pelo GLOBO e “Extra”, na Bolsa de Valores do Rio, o presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Márcio Fortes, comparou a organização das Olimpíadas no Rio e em Londres, e disse que, diferentemente da cidade europeia, a capital fluminense "não partiu do zero".
— Londres teve que fazer tudo do zero. Nós já temos a experiência dos Jogos Panamericanos e Militares, o que mostra a capacidade de o Brasil realizar grandes eventos. Tivemos que fazer adaptações, em alguns casos, reformas, para atender a exigências das federações, e tivemos que investir em conservação, além, é claro de investir em coisas novas — disse.
Sem citar valores, o ministro afirmou que o orçamento dos jogos abrangerá o que já havia sido planejado e apresentado no momento da candidatura, num total de R$ 23 milhões na parte de insfraestrutura, assim como outros investimentos já em curso, como em habitação e saneamento.— Já temos instalações esportivas construídas, em locais servidos de transporte. Em Londres não havia tradição de prefeituras, aqui antes mesmo da candidatura nós já tínhamos programa de parcerias, que é o PAC, desde 2007, com entorno de R$ 9 bilhões já em curso, para, por exemplo, saneamento, com repercussões na Baía de Guanabara ou Sepetiba, que passaram pela melhoria da qualidade do esgoto tratado, além de investimento forte para urbanização das favelas, algumas próximas dos locais de eventos — explicou.
Rio está aproveitando as experiências de outras cidades
A presidente da Autoridade Olímpica Municipal, Maria Silvia Bastos Marques detalhou como funcionam os 11 grupos de trabalho dos três níveis de governo para preparar as Olimpíadas. Segundo ela, o Rio está aproveitando as experiências de outras cidades. Ela destacou também a colaboração de todos os níveis de governo para que o planejamento do evento seja bem sucedido:
— Os Jogos Olímpicos serão no Rio de Janeiro, mas os benefícios serão para o Brasil como um todo. Queremos os jogos como um catalisador para uma cidade melhor para o Rio e seus visitante Isso se dará com a transformação em transportes, meio ambiente e social. O que for possível fazermos até a Copa do Mundo e as Olimpíadas nos faremos — disse Maria Silvia.
Maria Silvia destacou os projetos de implantação de 150 quilômetros de quatro corredores expressos de ônibus (BRTs) e a ligação do metrô com a Zona Oeste. O primeiro dos projetos - o corredor Transoeste (Barra/CampoGrande e Santa Cruz) - ficará pronto já no ano que vem.
— Não é só um sistema. O tempo de deslocamento vai reduzir de 50% a 60%. Tem impacto ambiental e na qualidade de vida da cidade — disse Maria Silvia.
Maria Silvia destacou também que as Olimpíadas são catalizadoras de outros grandes projetos ao transmitir um senso de urgência como a reurbanização da Zona Portuária, a universalização do ensino de inglês na rede municipal de ensino e o Morar Carioca, que se propõe a urbanizar todas as favelas até o ano de 2020 com a remoção das comunidades que não puderem ser mantidas.
Até outubro, Comitê Rio 2016 investiu R$ 85 milhões
Até outubro deste ano, de uma previsão de R$ 110 milhões, o Comitê Organizador investiu R$ 85 milhões em ações para os Jogos Olímpicos. Até o fim do ano, a expectativa inicial era aplicar R$ 137 milhões. A informação é do diretor geral do Comitê Rio 2016, Leonardo Gryner. Esses recursos são provenientes de verbas do Comitê Olímpico Organizador (COI) e de empresas privadas. Para 2012, a previsão é investir R$ 205 milhões. Gryner explicou que as previsões orçamentárias ainda são referentes ao planejamento do projeto da candidatura de 2008.
— O orçamento foi fechado em outubro de 2008, e ele vai sofrer uma primeira revisão somente depois dos jogos de Londres, quando teremos lições aprendidas — disse.
Segundo Gryner, o orçamento geral do comitê previsto para ser aplicado até 2016 é de R$ 5,6 bilhões, dos quais 31% do COI, 24% do setor público e 45%, privado. Destes investimentos, 24% serão para as operação de instalações e 17% para teconologia, respectivamente em primeiro e segundo lugares na lista de prioridades do comitê. Gryner informou ainda que, a partir do próximo mês, estará no ar o site da transparência da instituição, onde será possível acompanhar o andamento financeiro e os processos seletivos de compra e de pessoal.
O diretor de Sustentabilidade dos Jogos Olímpicos de Londres, Dan Epstein, fez uma exposição no seminário sobre medidas adotadas para construir o Parque Olímpico que tornaram uma das áreas mais degradadas da capital britânica em um dos pontos mais valorizados da cidade. Segundo ele, muitas iniciativas sustentáveis puderam ser adotadas sem que necessariamente isso implicasse no aumento de gastos de infraestrutura. Nas situações em que os investimentos iniciais foram maiores, Dan explica que, a longo prazo, isso pode significar economia:
— O importante é ter um planejamento adequado para que os orçamentos sejam respeitados. O Parque Olímpico foi pensado não apenas para os dias de evento, mas para o legado das próximas décadas. Criamos um plano contra enchentes, com a remoção de mil residências, recuperamos rios e os prédios são planejados para economizar no consumo de energia e água. A Vila Olímpica, por exemplo, foi planejada para economizar ate 70% de energia com um custo adicional de 5% a mais.
Segundo Dan Epstein, os custos da sustentabilidade representam de 1% a 1,5% do total das obras. Entre os investimentos feitos está a construção de uma nova linha de trens para atender ao bairro olímpico. O reaproveitamento de materiais também foi um dos destaques. Ao reciclar 8 mil metros cúbicos de entulho isso permitiu economizar pelo menos 6 mil viagens de caminhões para descartá-los em outro lugar.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/marcio-fortes-rio-nao-partira-do-zero-para-realizacao-dos-jogos-3384783#ixzz1gLtaJS33

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