Por: Ricardo Araújo
O STJD condena o Brasil a um atraso sem precedentes em termos de exploração comercial de arenas esportivas.
Com o auxílio luxuoso da CBF, a complacência da imprensa, que habitualmente mira no caso e esquece da tese, e quase que de forma despercebida, o STJD colocou uma pulga imensa atrás das orelhas de todos os grupos que ainda pretendem entrar no mercado de gestão comercial de arenas no país. E porque tudo isso ? Explico.
A CBF marcou para a última rodada 2 clássicos no Rio de Janeiro, torcendo para que um deles não valesse nada. Isso porque, com as obras no Maracanã, só existe atualmente 1 estádio em condições de receber um jogo de grande público na cidade. Esse foi o primeiro êrro. Trocar o certo pelo duvidoso. Mas os erros não pararam por aí. Ignorando o mando de campo, obrigou o Botafogo, dono do estádio, a cedê-lo a terceiros e jogar em outra cidade, mesmo que este ainda precise da vitória para conseguir uma vaga na Libertadores 2012. A alegação foi de que o outro jogo possuía mais apelo, seria mais decisivo. E pronto. Dispôs da propriedade alheia a seu bel prazer. Exemplos como esse não se encontram em lugar nenhum do planeta civilizado e profissional.
O Rio de Janeiro, pela sua grande exposição e representatividade no país, disseminou o que sempre foi uma particularidade muito própria mas praticamente única no mundo, 1 estádio público servindo 4 grandes clubes, onde Federações e Suderj (administradora do estádio) intervinham nas tabelas, alterando mandos, jogos, e o que mais lhes conviesse, pois estádio que é de todos no fundo não é de ninguem. O Maracanã portanto nunca foi explorado de forma profissional, pois o Estado nunca foi do ramo. Assim, de anomalia, de exceção, virou regra, implantou a cultura do estádio “dividido”, e do “joga quem tiver o jogo mais importante”. Exceção porque, repito, não existe caso semelhante no mundo. Em cidades que possuem vários clubes de massa, esses possuem cada qual o seu estádio, mesmo que a cidade eventualmente tambem possua um estádio público.
Alguem imagina a Federação argentina, numa última rodada de um Clausura, por exemplo, desalojando o Boca Jrs. da Bombonera por ter este um jogo de menos importância, e colocando em seu estádio o jogo decisivo entre um clube pequeno e mandante, e o River ??? Nem imaginem, porque isso nunca irá acontecer.
A tal “cultura” que se implantou por aqui, a dos estádios “divididos”, e a do remanejamento compulsório, é uma punhalada mortal na gestão comercial de estádios no Brasil porque ela simplesmente despreza os compromissos assumidos pelo proprietário da arena com seus patrocinadores e consumidores. Sem a garantia de autonomia para dispor de datas, como vender propriedades no estádio ? Como prometer aos patrocinadores que os camarotes negociados serão disponibilizados em tal data e para tal jogo, conforme a tabela ?
Como terão recebido essa notícia os consórcios que atualmente constroem as novas arenas do Palmeiras, do Corinthians, e do Grêmio, por exemplo, em troca da exploração comercial por vários anos à frente, sabendo que a CBF, amparada pelo STJD, poderá mudar jogos e mandos de forma unilateral ?
Entender que uma arena esportiva é uma fonte de recursos importante para seus proprietários, e que gerí-la profissionalmente é parte indissociável disso, faz-se urgente por parte de Federações, imprensa, e opinião pública em geral. Os tempos de amadorismo e mentalidade estatal precisam ter um fim, ou de nada adiantará construir e investir milhões em novas arenas no Brasil. A era de estádios “divididos” terá que terminar. Quem tem o mando do jogo precisa do estádio para cumprir acordos comerciais com seus patrocinadores e com seus associados. Não é uma questão de “segurança”, nem tão pouco esportiva. É uma questão puramente comercial, e como tal, de sobrevivência econômica dos nossos clubes.
E para terminar, deixo uma última pergunta.
Se o Botafogo tivesse vendido antecipadamente alguns milhares de carnês para sócios torcedores, garantindo o direito de quem comprou assistir a Botafogo x Fluminense no estádio Olímpico, como seria ? Quantos milhares entrariam na Justiça para terem seus direitos resguardados ? E a quem caberiam as indenizações, ao Botafogo, ou à CBF ???
Pois é, as coisas não são tão simples como alguns imaginam. Isso não é assunto para amadores, e muito menos para políticagem.
A CBF marcou para a última rodada 2 clássicos no Rio de Janeiro, torcendo para que um deles não valesse nada. Isso porque, com as obras no Maracanã, só existe atualmente 1 estádio em condições de receber um jogo de grande público na cidade. Esse foi o primeiro êrro. Trocar o certo pelo duvidoso. Mas os erros não pararam por aí. Ignorando o mando de campo, obrigou o Botafogo, dono do estádio, a cedê-lo a terceiros e jogar em outra cidade, mesmo que este ainda precise da vitória para conseguir uma vaga na Libertadores 2012. A alegação foi de que o outro jogo possuía mais apelo, seria mais decisivo. E pronto. Dispôs da propriedade alheia a seu bel prazer. Exemplos como esse não se encontram em lugar nenhum do planeta civilizado e profissional.
O Rio de Janeiro, pela sua grande exposição e representatividade no país, disseminou o que sempre foi uma particularidade muito própria mas praticamente única no mundo, 1 estádio público servindo 4 grandes clubes, onde Federações e Suderj (administradora do estádio) intervinham nas tabelas, alterando mandos, jogos, e o que mais lhes conviesse, pois estádio que é de todos no fundo não é de ninguem. O Maracanã portanto nunca foi explorado de forma profissional, pois o Estado nunca foi do ramo. Assim, de anomalia, de exceção, virou regra, implantou a cultura do estádio “dividido”, e do “joga quem tiver o jogo mais importante”. Exceção porque, repito, não existe caso semelhante no mundo. Em cidades que possuem vários clubes de massa, esses possuem cada qual o seu estádio, mesmo que a cidade eventualmente tambem possua um estádio público.
Alguem imagina a Federação argentina, numa última rodada de um Clausura, por exemplo, desalojando o Boca Jrs. da Bombonera por ter este um jogo de menos importância, e colocando em seu estádio o jogo decisivo entre um clube pequeno e mandante, e o River ??? Nem imaginem, porque isso nunca irá acontecer.
A tal “cultura” que se implantou por aqui, a dos estádios “divididos”, e a do remanejamento compulsório, é uma punhalada mortal na gestão comercial de estádios no Brasil porque ela simplesmente despreza os compromissos assumidos pelo proprietário da arena com seus patrocinadores e consumidores. Sem a garantia de autonomia para dispor de datas, como vender propriedades no estádio ? Como prometer aos patrocinadores que os camarotes negociados serão disponibilizados em tal data e para tal jogo, conforme a tabela ?
Como terão recebido essa notícia os consórcios que atualmente constroem as novas arenas do Palmeiras, do Corinthians, e do Grêmio, por exemplo, em troca da exploração comercial por vários anos à frente, sabendo que a CBF, amparada pelo STJD, poderá mudar jogos e mandos de forma unilateral ?
Entender que uma arena esportiva é uma fonte de recursos importante para seus proprietários, e que gerí-la profissionalmente é parte indissociável disso, faz-se urgente por parte de Federações, imprensa, e opinião pública em geral. Os tempos de amadorismo e mentalidade estatal precisam ter um fim, ou de nada adiantará construir e investir milhões em novas arenas no Brasil. A era de estádios “divididos” terá que terminar. Quem tem o mando do jogo precisa do estádio para cumprir acordos comerciais com seus patrocinadores e com seus associados. Não é uma questão de “segurança”, nem tão pouco esportiva. É uma questão puramente comercial, e como tal, de sobrevivência econômica dos nossos clubes.
E para terminar, deixo uma última pergunta.
Se o Botafogo tivesse vendido antecipadamente alguns milhares de carnês para sócios torcedores, garantindo o direito de quem comprou assistir a Botafogo x Fluminense no estádio Olímpico, como seria ? Quantos milhares entrariam na Justiça para terem seus direitos resguardados ? E a quem caberiam as indenizações, ao Botafogo, ou à CBF ???
Pois é, as coisas não são tão simples como alguns imaginam. Isso não é assunto para amadores, e muito menos para políticagem.
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