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terça-feira, 17 de abril de 2012

Fala, Patrícia

Prezado Renato, acompanho, sempre com muita atenção, os relatos e as observações críticas de sua coluna. Delas, com respeito e sem agressões, aproveito para tirar lições. Haverá, entretanto, o ilustre jornalista de entender que certas críticas não podem ser vistas por uma simples ótica, razão pela qual lhe presto os seguintes importantes esclarecimentos. Fui eleita com a responsabilidade de administrar um clube social e esportivo com mais de 10 mil associados, centenas de meninos em escolinhas de vários esportes e não somente um departamento de futebol. A rica história do Flamengo está escrita também em letras de ouro por grandes campeões nos esportes olímpicos, como basquete, remo, natação e ginástica. E hoje temos os principais brasileiros campeões mundiais nestas modalidades. Posso lhe afirmar que quem fosse o eleito para esta gestão estaria atônito ante o caótico quadro administrativo/financeiro deixado pelos Srs. Marcio Braga e Delair Dumbrosck. Encontramos mais de R$ 400 milhões em dívidas, cerca de 500 processos trabalhistas e centenas de processos cíveis. O passivo subiu de R$ 165 milhões, em 2004, para R$ 265 milhões, em 2009, segundo os balanços oficiais. O prejuízo acumulado em 2009 atingiu R$ 135 milhões. Em 5 anos, o CRF pagou R$ 125 milhões de juros e o rombo nos orçamentos superaram os R$ 100 milhões. E o Fla ainda responde a quatro processos de dívidas junto a FIFA. Atrasos salariais e das cestas básicas, dos vales transportes e de refeições e do 13 salário dos funcionários e atletas eram constantes. Hoje, tudo está sendo religiosamente pago em dia. Nunca mais houve Natal de fome no Flamengo. Pasme, encontramos toda a bilheteria dos jogos, até 2014, cedida à empresa BWA por conta de empréstimos realizados com taxas de 40% ao ano!!! Agora, a dívida deixada de R$ 12 milhões se encontra 95% quitada.
A sede da Gávea estava em estado de abandono. O prédio do Morro da Viúva destruído, com mais de
50% dos apartamentos sem geração de rendas e a maioria penhorada em razão de dívida ativa de R$16 milhões de IPTU — que cobravam dos inquilinos e não repassavam para a Prefeitura! No futebol, após 23 anos de quase abandono, o CT George Helal vem recebendo constantes investimentos a ponto de termos o setor dos profissionais pronto até o final deste ano. Há um extenso trabalho na base, com incentivo ao "Craque o Flamengo faz em casa" e a manutenção dos direitos de jovens como Cezar, Adrian, Muralha, Luiz Antônio, Tomás, Lucas e Negueba. E tivemos 10 convocados para as seleções do Brasil. Entre os profissionais recuperamos quase 100% dos direitos econômicos e federativos alienados a empresários, representando imenso crescimento patrimonial. E fomos campeões invictos em 2011 e nos classificamos para a Libertadores. Ante ao caos encontrado procurei juntar na diretoria grande parte de pessoas sem raízes com o passado a alguns poucos mais experientes, que já deram muito ao Flamengo. O cartão corporativo atende às mínimas despesas de representação dos Vices Presidentes que, por razão estatutária, não são remunerados. A Locanty prestou trabalho na Gávea e no CT da mesma forma que outras empresas prestaram e prestam serviços ao clube. Nos dois primeiros anos deste mandato foram pagos mais de R$ 70 milhões de dívidas deixadas pela gestão Braga/Dumbrosck. E, bem ao contrário do triste depoimento público do primeiro, decretando a falência do Fla (e que pode ser visto no You Tube), aumentamos de R$ 500 milhões para R$ 800 milhões a dotação orçamentária 2012/2015. O CRF perdeu seu patrocinador de duas décadas (Petrobras) por inadimplementos fiscais que o impossibilitam, até hoje, de obter o CND. A dívida da Timemania, apesar de estarmos fazendo os pagamentos, ultrapassa R$ 250 milhões. O passivo junto à Procuradoria da Fazenda amonta mais de R$ 100 milhões. Junte-se a ela, R$ 60 milhões à Receita e mais R$ 90 milhões ao INSS e FGTS... A reconstrução social e esportiva do clube vem sendo uma árdua tarefa. À sede da Gávea voltou a ter frequência familiar com as atuais condições sadias de suas instalações. O prédio Hilton Santos (no Morro da Viúva), patrimônio rubro negro, será recuperado através da construção de um hotel com 400 quartos gerando receita de cerca de R$ 5 milhões anuais além de quitação do passivo de R$ 16 milhões de IPTU e a garantia de investimentos de R$ 17 milhões no CT George Helal. Renato, muito mais que estar presidenta, sou
mulher, mãe e dona de casa o que me dá a sensibilidade de olhar e tratar a família rubro-negra e a juventude que frequenta a Gávea bem diferentemente dos últimos gestores. Esta é a resposta de uma administração que vem promovendo um salto qualitativo na vida do clube. Nossa ousadia tem o seu preço, mas, no médio prazo, ele será pago pela luta e pelo empreendedorismo de quem bem conhece o que foi disputar competições defendendo as cores rubro- negras. Meu lamento vai para os imediatistas e para os que lá estiveram e nada fizeram. Cordialmente, saudações rubro negras, Patrícia Amorim".

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