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segunda-feira, 5 de março de 2012

Gestão do esporte no Brasil: é esse o tratamento?

No Jornal O Globo, do último domingo, 04/03/2012, algumas matérias pródigas para discutirmos a gestão esportiva no Brasil. A primeira, na página 32, no caderno Rio, com a manchete "novo endereço para os amantes dos esportes" e, escrita por Luiz Ernesto Magalhães, versa sobre o Parque dos Atletas, na Barra da Tijuca, espaço multiuso inaugurado com o Rock in Rio, em setembro último e, que finalmente foi aberto ao público. No entanto é de se estranhar algumas escolhas, como, por exemplo, uma "escolinha" de futsal num espaço destinado, a priori, as questões olímpicas. Os governantes perdem, a todo momento, a oportunidade de dar um upgrade no esporte. Nada conra o futsal, mas ele já tem o espaço e o destaque que merece, enquanto que, outros epsortes ficam a míngua, sem espaço para a sua prática. Talvez fosse a hora dos "gestores" pensarem em diversificar a oferta esportiva à população. Segundo o Secretário de Esportes e Lazer da Cidade do Rio de Janeiro, o entorno do Parque é composto de dezenas de condomínios e comunidades carentes. Para quem conhece a área, sabe que não há demanda para as tais comunidades carentes que, nem são tantas assim. E, em relação aos condomínios da área, é provável que todos contem com infraestrutura de lazer no seu interior. Tem que ser assim, ou podemos pensar um pouco sobre o esporte e vê-lo como algo que possa ser trabalhado profissionalmente?

Na mesma matéria há uma menção sobre a Matriz de Responsabilidades para os Jogos Olímpicos de 2016 que, com cerca de 1 ano de atraso, ainda não está pronta, não sendo possível oficializar as responsabilidades de cada ente público ou privado nas ações para a Rio 2016.

Sobre o campo de golfe, cuja administração ficará a cargo da Prefeitura e do COB, permitindo o uso para descoberta de talentos para esse esporte superpopular que é o golfe. Novamente, nada contra o golfe mas, se é necessário que se faça um novo campo, que se faça o campo como o proposto: através da iniciativa privada e, que a sua posterior gestão fique, também, com a iniciativa privada. Haja vista que, o golfe, na Barra da Tijuca, não atrairá jovens talentos da cidade como um todo, pois não há uma política para levar esses alunos até a "capital do Estado da Guanabara".  E, se o caso é investir em novos talentos, por quê não investir no campo de golfe de Japeri?

Na página 5, do caderno de esportes, uma matéria sobre o fundo olímpico. A matéria com o título "Fundo Olímpico traz divisão do bolo à tona", feita pelos jornalistas Ary Cunha e Claudio Nogueira, mostra um pouco o descaso das nossas "autoridades" sobre as diretrizes a serem seguidas buscando o desenvolvimento do esporte no país. Não seria mais útil para o esporte brasileiro uma Programa de Gestão do Esporte voltados às Confederações e Federações Esportivas? Não seria mais útil, em vez de separar 10% do bolo (R$ 14,5 mi) para o esporte escolar, realizar um Programa voltado à organização e fomento do esporte escolar, nas escolas? Não seria mais condizente com o desenvolvimento esportivo repassar mais verbas para as Confederações e Federações com resultados e estruturas em consolidação, sendo estas cobradas através de metas e objetivos a serem alcançados? Não seria a hora de promover escolas de treinadores no país, pois com a onda de treinadores estrangeiros por aqui é preciso enxergar que não evoluímos nesse quesito ao passar dos anos. Até quando seremos o país do esporte sem o sermos de fato?

Por último, e já bastante abordada em todos os meios de comunicação, é a briga entre a Fifa (Jérôme Valcke) e o Ministro dos Esportes (Aldo Rebelo) sobre o cronograma e as condições para a realização da Copa do Mundo de 2014. Acho que não cabe essa discussão, esse bate boca público. Pois, é fato que o Brasil não está entregando o que prometeu. Há evidente atraso em todo o cronograma e total desconhecimento sobre o real orçamento desse evento. Se a Fifa quer mandar ou não no país, é algo que deveria ter sido avaliado quando se candidatou, haja vista que todo o trâmite é conhecido. Não é hora para chororô, é hora de trabalhar sério e ser firme nas decisões e não ficar de pirraça pela imprensa. E, enquanto isso, o esporte vai sendo tocado da forma que der, sem uma real estrutura e, sem metas e objetivos, servindo, apenas, como suporte político para os atuais "gestores".

Um comentário:

  1. Olá Pro. Silvestre.
    Como profissional, professor (e antes de mais nada amante) da área de Gestão Desportiva, me preocupo muito com os rumos da tão esperada profissionalização do esporte. O esporte é "meio" para muita coisa: educação, saúde, economia, emprego, política, status...etc, e infelizmente, muitos se aproveitam deste "meio".

    Fico feliz em ler artigos como este, que também servirá para o meu mestrado na área.


    Abraços,
    Prof. Ricardo Torrado
    ricardotorrado@live.com

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