No Jornal O Globo, do último domingo, 04/03/2012, algumas matérias pródigas para discutirmos a gestão esportiva no Brasil. A primeira, na página 32, no caderno Rio, com a manchete "novo endereço para os amantes dos esportes" e, escrita por Luiz Ernesto Magalhães, versa sobre o Parque dos Atletas, na Barra da Tijuca, espaço multiuso inaugurado com o Rock in Rio, em setembro último e, que finalmente foi aberto ao público. No entanto é de se estranhar algumas escolhas, como, por exemplo, uma "escolinha" de futsal num espaço destinado, a priori, as questões olímpicas. Os governantes perdem, a todo momento, a oportunidade de dar um upgrade no esporte. Nada conra o futsal, mas ele já tem o espaço e o destaque que merece, enquanto que, outros epsortes ficam a míngua, sem espaço para a sua prática. Talvez fosse a hora dos "gestores" pensarem em diversificar a oferta esportiva à população. Segundo o Secretário de Esportes e Lazer da Cidade do Rio de Janeiro, o entorno do Parque é composto de dezenas de condomínios e comunidades carentes. Para quem conhece a área, sabe que não há demanda para as tais comunidades carentes que, nem são tantas assim. E, em relação aos condomínios da área, é provável que todos contem com infraestrutura de lazer no seu interior. Tem que ser assim, ou podemos pensar um pouco sobre o esporte e vê-lo como algo que possa ser trabalhado profissionalmente?
Na mesma matéria há uma menção sobre a Matriz de Responsabilidades para os Jogos Olímpicos de 2016 que, com cerca de 1 ano de atraso, ainda não está pronta, não sendo possível oficializar as responsabilidades de cada ente público ou privado nas ações para a Rio 2016.
Sobre o campo de golfe, cuja administração ficará a cargo da Prefeitura e do COB, permitindo o uso para descoberta de talentos para esse esporte superpopular que é o golfe. Novamente, nada contra o golfe mas, se é necessário que se faça um novo campo, que se faça o campo como o proposto: através da iniciativa privada e, que a sua posterior gestão fique, também, com a iniciativa privada. Haja vista que, o golfe, na Barra da Tijuca, não atrairá jovens talentos da cidade como um todo, pois não há uma política para levar esses alunos até a "capital do Estado da Guanabara". E, se o caso é investir em novos talentos, por quê não investir no campo de golfe de Japeri?
Na página 5, do caderno de esportes, uma matéria sobre o fundo olímpico. A matéria com o título "Fundo Olímpico traz divisão do bolo à tona", feita pelos jornalistas Ary Cunha e Claudio Nogueira, mostra um pouco o descaso das nossas "autoridades" sobre as diretrizes a serem seguidas buscando o desenvolvimento do esporte no país. Não seria mais útil para o esporte brasileiro uma Programa de Gestão do Esporte voltados às Confederações e Federações Esportivas? Não seria mais útil, em vez de separar 10% do bolo (R$ 14,5 mi) para o esporte escolar, realizar um Programa voltado à organização e fomento do esporte escolar, nas escolas? Não seria mais condizente com o desenvolvimento esportivo repassar mais verbas para as Confederações e Federações com resultados e estruturas em consolidação, sendo estas cobradas através de metas e objetivos a serem alcançados? Não seria a hora de promover escolas de treinadores no país, pois com a onda de treinadores estrangeiros por aqui é preciso enxergar que não evoluímos nesse quesito ao passar dos anos. Até quando seremos o país do esporte sem o sermos de fato?
Por último, e já bastante abordada em todos os meios de comunicação, é a briga entre a Fifa (Jérôme Valcke) e o Ministro dos Esportes (Aldo Rebelo) sobre o cronograma e as condições para a realização da Copa do Mundo de 2014. Acho que não cabe essa discussão, esse bate boca público. Pois, é fato que o Brasil não está entregando o que prometeu. Há evidente atraso em todo o cronograma e total desconhecimento sobre o real orçamento desse evento. Se a Fifa quer mandar ou não no país, é algo que deveria ter sido avaliado quando se candidatou, haja vista que todo o trâmite é conhecido. Não é hora para chororô, é hora de trabalhar sério e ser firme nas decisões e não ficar de pirraça pela imprensa. E, enquanto isso, o esporte vai sendo tocado da forma que der, sem uma real estrutura e, sem metas e objetivos, servindo, apenas, como suporte político para os atuais "gestores".
Olá Pro. Silvestre.
ResponderExcluirComo profissional, professor (e antes de mais nada amante) da área de Gestão Desportiva, me preocupo muito com os rumos da tão esperada profissionalização do esporte. O esporte é "meio" para muita coisa: educação, saúde, economia, emprego, política, status...etc, e infelizmente, muitos se aproveitam deste "meio".
Fico feliz em ler artigos como este, que também servirá para o meu mestrado na área.
Abraços,
Prof. Ricardo Torrado
ricardotorrado@live.com