Por que a final do campeonato de futebol americano se tornou uma vitrine publicitária?
O Super Bowl, jogo final da NFL (National Football League - Liga de Futebol Americano), é conhecido por ser a maior vitrine publicitária do mundo. O espaço destinado a anúncios de 30 segundos, por exemplo, custa US$ 3,5 milhões. E não é à toa: são mais de 100 milhões de telespectadores com os olhos grudados na telinha, cuja programação é constantemente interrompida pelos comerciais.
Para Maria Fernanda Narciso, da área de planejamento da Usine, o que torna o Super Bowl interessante é que ele vai na contramão das tendências on-line. “Nos últimos anos, os anunciantes passaram a investir cada vez mais em publicidade na internet em detrimento da televisão e da mídia impressa. Mas o Super Bowl ainda é o programa mais assistido da história e acumula dados impressionantes no que diz respeito ao valor do espaço publicitário. Fica claro, portanto, que ainda vale a pena investir em propaganda off-line, principalmente se conjugada com ações de interatividade na web. A interação entre as diversas mídias é um imperativo; ela potencializa o poder da publicidade, dialoga com o público e aumenta o alcance das marcas”, justifica.
Já na opinião de Eduardo Esteves, publicitário, profissional da área de marketing esportivo e autor do blog Mkt Esportivo, o que faz do Super Bowl um sucesso em termos publicitários é que todas as edições do evento deixaram a experiência de transformar um evento esportivo em um espetáculo. Ele ainda pontua que o evento também demonstrou a força do marketing esportivo através da exploração de uma modalidade global. “Se antes aliar-se ao esporte era sinônimo de bem-estar e vida saudável, os patrocínios aos megaeventos também denotam a aproximação a um público diferenciado, com impacto muito mais direto e resposta no curto e médio prazo”, afirma.
“Leve conteúdo relevante e você terá atenção do público”, afirma Renée Almeida.Renée Almeida, publicitária, consultora sênior na TerraForum e especialista em estratégias de construção e ativação de marcas, acredita que o SuperBowl se tornou a concretização de iniciativas que os publicitários almejam há bastante tempo. “Derrubar velhos padrões da publicidade não é algo simples e muito menos barato. As lições são muitas para o mercado em geral. A NRF (National Retail Federation – Federação Nacional do Varejo) fez uma pesquisa para entender como os americanos viam os comerciais do Super Bowl e a resposta foi ‘entretenimento’. Claro que em um mundo cada vez mais multimídia, repleto de informações, os modelos de publicidade tradicionais precisam mudar. Como captar a atenção, mobilizar de verdade esse consumidor? Entretendo. Leve conteúdo relevante e você terá atenção. Os anunciantes do Super Bowl têm um foco e olhar sempre centrado no público, é consumer-centric e não company-centric”, explica.
Seria possível fazer algo desse porte no Brasil?
Eduardo Esteves: “O Brasil demorará a chegar neste patamar do Super Bowl”.O evento traz uma série de benefícios para os anunciantes e a chance de expor marcas diante de milhares de espectadores. Com a paixão dos brasileiros pelo esporte, principalmente o futebol, seria possível realizar algo desse porte no Brasil? Esteves acredita que o país demorará a chegar nesse patamar. “Falta principalmente o esporte ser visto como entretenimento, não somente focar na disputa em si. O Super Bowl é um evento de três horas e meia, mas parece durar semanas, devido ao grande preparo que a NFL faz para sua chegada. Há envolvimento das equipes e jogadores com o público, eles se tornam ferramentas totalmente exploráveis para promover o evento”, assegura .
Maria Fernanda pensa que dificilmente o Brasil atingirá esse status. “O que torna a final do campeonato americano tão visada e especial diz respeito à cultura norte-americana e ao significado social que o evento possui. O Super Bowl é praticamente um feriado nacional, as pessoas estabeleceram o hábito de se reunir e participar da festa. O mais próximo que temos de um evento com tanto apelo midiático no Brasil é a Copa do Mundo, que é global”, enfatiza.
Fonte: http://www.contafio.com.br/marketing-propaganda/cases/as-licoes-de-publicidade-do-super-bowl-175.html
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