O segundo dia do 1º Congresso Internacional sobre Gestão do Esporte iniciou os trabalhos com a palestra gestão profissional de clubes esportivos: evolução e tendências com o profº Antônio Carlos Gomes. Ele iniciou sua fala focando a questão da gestão esportiva no Brasil sob a ótica da cultura, diferente do observado na Europa e, aqui, está ainda fortemente enraízada no conhecimento popular, privilegiando o curioso, a mídia, a emoção, os interesses políticos e financeiros, as crenças e mitos, a comparação e a experiência anterior. No entanto, o conhecimento acadêmico que é considerado o viés moderno para a gestão esportiva, pautada nas diversas disciplinas que regem o campo esportivo e a tecnologia. Porém, o palestrante relatou a dificuldade na mudança dessa cultura com o objetivo de profissionalizar a gestão dos clubesesportivos, que devem atentar para as especificidades inerentes ao trabalho de formação e de rendimento, observando que este último ainda encontra 2 vertentes (o alto rendimento e a elite). E, que a boa gestão profissional dos clubes deve pautar-se pela definição precisa dos objetivos pelos gestores.
O profº Antônio Carlos provocou a plateia ao apresentar a questão sobre a gestão dos recursos humanos, a qual é, atualmente, feita pelo técnico, quando esse ponto deveria ser entregue a um gestor esportivo, conhecedor da parte técnica, mas, também, conhecedor das modernas ferramentas de gestão. Outro tópico abordado na palestra foi a questão do uso do esporte para a resolução de problemas da ciência, contrapondo a efetiva ciência esportiva, voltada para estudos práticos, com o intuito de resolução de problemas do cotidiano. Para ele, a ciência pauta-se na organização, normas e regras, planejamento e metodologia, destacadas como as principais disciplinas para a realização da ciência.
Já na questão da transformação da teoria em prática, destacou o caminho de mão dupla entre a ciência e o conhecimento popular, em que o primeiro é iniciado na universidade através de um pesquisador, no laboratório, desenvolvendo a teoria a ser aplicada no campo pelo treinador no atleta, que desenvolve a prática, formando um ciclo entre teoria e prática. Outro ponto da palestra foi a formação de um atleta, que dura desde a formação, entre 8 e 10 anos, desde a oportunização para este atleta, a promoção do desporto, a seleção, desenvolvimento e aperfeiçoamento e a sua chegada ao alto rendimento. Ou seja, estamos artrasados para os Jogos Olímpicos de 2016, talvez formando atletas para os Jogos Olímpicos de 2020 ou 2024. Fez a distinção entre Centro de Treinamento e Centro de Formação de Atletas, destacando que este deve ser o modelo adotado, pois é o espaço ideal para a formação educacional do homem, que deve vir em primeiro lugar. O destaque desta palestra foi o dinamismo apresentado pelo profº Antônio Carlos Gomes em sua apresentação, prendendo a atenção dos presentes ao Centro de Convenções por todo o tempo de sua palestra.
Após um breve intervalo, veio a palestra gestão de acessibilidade e sustentabilidade de estruturas em megaeventos esportivos, proferida por Antônio Carlos Morais de Castro. A proposta sugerida por ele foi pautada na discussão após sua apresentação, na qual ele fez um grande pano de fundo para subsidiar as questões vindas da plateia.
Após a pausa para o almoço, aconteceu a palestra ciência e gestão do esporte: novas tendências, novas finalidades?, com o profº Michel Raspaud, que tratou o tema através da visão observada a partir da França. Utilizou a sociologia das organizações e a relação de poder para estudar a Federação Francesa de Futebol. Houve uma grande demanda pelo assunto da greve tratada pelos jogadores durante a Copa do Mundo realizada em 2010, na África do Sul e, com isso, lançou-se mais de 10 livros sobre o asunto. A organização é um fenômeno autônomo, obedecendo as próprias regras e não suscetível às restrições externas. Ocorre a existência de um problema voltado aos atores envolvidos, os quais acabam por escolher as ações menos insatisfatórias para si, não aceitando, também, ser o meio que a organização usa para atingir seu objetivo. A seguir, o palestrante fez uma descrição do histórico da FFF, abordando os principais tópicos sobre a gestão da federação, como, patrocinadores, fornecedores de material esportivo e a empresa oficial para a divulgação oficial. Logo após, recapitulou o fato gerador da grande confusão entre Raymond Domenech e Anelka na última Copa do Mundo.
Apresentou 4 modos de gestão, enfocando o presidencialismo em 4 vertentes, nas quais ocorrem diferenças no comando, indo da centralização, em que somente o presidente tem o poder de resolução e tomada de decisão até a descentralização, na qual o diretor técnico é o responsável por tais questões. Questões que também foram levantadas no tocante da realização de megaeventos. A França será sede da Euro 2016, edição que terá 24 países na fase final. E, buscou motivação para sediar tal evento através da exposição do nome do país no exterior (mídia espontânea), aumentando o fluxo turístico posteriormente ao evento. Assim como, a inclusão social, a criação de emprego e o desenvolvimento local e sustentável foram alguns dos motivos mais robustos para extrapolar a candidatura e posterior escolha da França enquanto sede da etapa final da Euro 2016.
Na apresentação dos posteres, destaque para o Laboratório de Gestão do Esporte e Políticas Públicas da UFPE e, na comunicação oral, bons trabalhos foram apresnetados por nossos pesquisadores da área de gestão.
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