quinta-feira, 4 de abril de 2013
Final entre Osasco e Rio terá 'olhos eletrônicos' para evitar polêmicas
Equipes vão ter direito a dois desafios por set. Árbitro da decisão aprova sistema eletrônico importado da Polônia pela CBV
Por Marcos Guerra
Marcações duvidosas da arbitragem não vão ter vez na final da Superliga feminina de Vôlei entre Osasco e Rio de Janeiro, neste domingo, às 10h, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Um recurso eletrônico importado da Polônia vai ser usado na decisão para auxiliar os árbitros nos lances polêmicos. A tecnologia também deve ser usada na final da Superliga masculina, no dia 14.
A tecnologia criada por uma empresa polonesa, que conta com o aval da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), funciona como “olhos eletrônicos” dos árbitros. Sistemas parecidos para tornar o esporte mais justo e evitar que erros humanos de arbitragem prejudiquem uma equipe ou atleta já são usados em outros esportes como tênis, futebol americano e na NBA. Uma estação de vídeo será montada no domingo próxima à mesa de controle da arbitragem e vai receber imagens de 16 câmeras especiais, posicionadas estrategicamente para capturar lances dúbios em todas as linhas da quadra e também possíveis invasões por cima e por baixo da rede.
No domingo, Osasco e Rio de Janeiro vão ter direito a dois desafios por set. O pedido deve ser feito pelas capitãs do time - Jaqueline e Fofão - imediatamente após o lance considerado polêmico. O 2º árbitro irá analisar o replay da jogada. Nenhum representante de ambos os times poderá interromper ou afetar o trabalho do árbitro.
Além disso, o primeiro árbitro tem o direito de pedir pela verificação de vídeo em caso de dúvida, desde que seja um ponto decisivo do set / jogo. O controlador da estação de vídeo pode reprisar o lance em “super slow” apenas dez segundos depois do desafio.
- As câmeras conseguem captar 110 frames por segundo. Isso é cinco vezes mais do que um olho humano é capaz de enxergar. Ainda estamos em fase de desenvolvimento e acreditamos que possamos registrar 200 frames na próxima temporada - afirmou o polonês Grzegorz Najder, que trouxe a nova tecnologia ao Brasil e a comandará na final da Superliga.
Além de já estarem em utilização há dois anos na Liga Polonesa, esses recursos eletrônicos foram utilizados também no Mundial de Clubes do ano passado, no Catar, e na última Liga dos Campeões da Europa. Diferentemente do sistema utilizado no tênis, a tecnologia polonesa ainda tem “pontos cegos”, que ocorrem apenas em caso de uma atleta se posicionar em frente à câmera selecionada justamente no momento em que a bola toca o piso da quadra - os árbitros de linha foram instruídos para se posicionarem sem atrapalhar as câmeras.
- É um sistema totalmente diferente do usado no tênis (baseado em sensores). São soluções diferentes para chegar à decisão precisa. Conseguimos esclarecer 90% dos casos. Se não for possível, a palavra final é a do árbitro - explica Grzegorz.
Este ponto é que gera um pouco de preocupação. No evento-teste realizado pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), na noite desta quarta-feira, os recursos eletrônicos geraram algumas dúvidas na arbitragem. Foi a primeira vez que os árbitros Anderson Luiz Caçador e Sílvio Cardozo da Silveira, que vão apitar a final da Superliga Feminina, tiveram contato com o equipamento. Se o árbitro não sentir 100% de confiança na imagem disponível, ele pode decidir voltar o ponto. Como cada set pode acontecer quatro desafios - dois de cada equipe - a partida pode acabar ficando mais longa. Em média, no evento-teste, cada desafio paralisou a partida por um minuto.
Na final da Superliga, cada equipe terá direito a dois desafios por set, e um erro do desafiante não elimina a segunda contestação, como ocorreu no Mundial. Os times poderão pedir o desafio para verificar se a bola caiu dentro ou fora, se houve invasão na quadra adversária ou de ataque, se houve toque do bloqueio na rede ou se ocorreu toque da bola ou do atleta na antena.
Para o superintendente técnico da CBV, Renato D´Ávila, o sistema tem como principal vantagem proporcionar um jogo mais justo.
- Certos ataques no voleibol são muito rápidos. É praticamente impossível para o árbitro ter uma posição com 100% de certeza. Com essa tecnologia, o resultado final da partida é mais justo - disse Renato.
No evento-teste organizado pela CBV, houve uma dificuldade de comunicação entre atletas, juízes e os técnicos poloneses, que falam inglês.
- Sendo bem usada, essa tecnologia vai nos ajudar muito. Os jogadores estão muito fortes e, por isso, a bola está mais rápida agora. Então, essa novidade vai jogar junto com os árbitros. Espero que os atletas compreendem que, assim como eles, nós também erramos. A aceitação foi muito boa no Mundial, porque sempre é melhor corrigir uma falha - disse o primeiro árbitro da final, Anderson Caçador.
Com 22 anos de experiência, o árbitro internacional espera ter a tecnologia como aliada daqui para frente no seu trabalho.
- Somos humanos e podemos errar, mas estamos preparados para fazer o nosso papel, que é falhar o menos possível. E esse novo sistema faz com que o erro seja cada vez mais evitado - completou.
Fonte: http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/04/final-da-superliga-feminina-tera-olhos-eletronicos-para-evitar-polemicas.html
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