Federação de ciclismo irá à Justiça para garantir treinos. Confederação não vê problema em remoção de pista
Por Antonio Werneck
RIO - Diante da nova polêmica com a decisão da Empresa Olímpica Municipal de desmontar o velódromo dos Jogos Pan-Americanos de 2007 — que custou R$ 14 milhões — o Ministério do Esporte anunciou na sexta-feira que caberá ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) encontrar um local alternativo para os atletas de alto rendimento do ciclismo continuarem seus treinos, até a construção de uma nova pista com especificações olímpicas.
Como informou O GLOBO na sexta-feira, a presidente da Empresa Olímpica, Maria Silvia Bastos Marques, explicou que vários fatores pesaram na decisão, como o custo-benefício de reformar ou construir um novo circuito. E ainda um parecer da União Ciclística Internacional (UCI) relatando falhas de projeto, que impediriam a homologação da pista para os Jogos de 2016 sem a realização de uma complexa reforma.
O presidente da Federação de Ciclismo, Cláudio da Silva Santos, explicou ontem que não é contra a construção de um novo velódromo, mas prometeu entrar com uma ação na Justiça para impedir que os atletas fiquem sem treinos.
— A solução apresentada até agora é absurda. Ficaremos sem lugar para treinar até a construção do novo velódromo. E isso nós não vamos permitir — afirmou Santos.
Já o presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo, José Luiz Vasconcellos, afirmou que não vê problema na decisão de levar para Goiânia o velódromo do Rio:
— Precisamos de uma pista olímpica. O que foi construído é inadequado para provas internacionais. Há alternativas para os atletas manterem seus treinamentos.
A decisão de desmontar o velódromo havia sido anunciado por Maria Silvia em junho, no lançamento da demolição do antigo autódromo Nelson Piquet. O traçado olímpico é projetado para que os ciclistas alcancem até 85km/h. No velódromo do Pan, os ciclistas só conseguem chegar a 65km/h, mas correndo o risco de acidentes, devido à configuração da pista. O número de assentos também é insuficiente. A versão olímpica exige 5 mil lugares, enquanto hoje existem apenas 1.500 assentos disponíveis. Duas colunas obstruem ainda a visão da pista.
Prefeitura pretendia aproveitar a estrutura
O debate em torno da adaptação do velódromo do Pan-Americano para os Jogos Olímpicos Rio 2016 tomou fôlego em julho passado, quando a presidente da Empresa Olímpica Municipal, Maria Silvia Bastos Marques, anunciou a retirada da estrutura para abrir espaço às obras do complexo esportivo no antigo Autódromo Nelson Piquet. A ideia acabou repercutindo. E a polêmica levou o prefeito Eduardo Paes, então em plena campanha para reeleição, a apresentar nova proposta.“Derrubar não dá. A gente faz as adaptações. Temos que aprender a fazer as coisas e mantê-las”, chegou a afirmar o prefeito na ocasião.
O velódromo custou R$ 14,1 milhões aos cofres municipais e ao Ministério do Esporte. Agora, a prefeitura concordou em doar o equipamento ao governo federal que, por sua vez, anunciou que parte da estrutura será levada para Goiânia.
Para justificar a desmontagem do equipamento, Maria Silvia voltou a usar um parecer da União Ciclística Internacional (UCI), que encontrou falhas de projeto que impediriam a homologação da pista para os Jogos Olímpicos sem uma reforma. Pesou na decisão o alto custo de uma reestruturação, semelhante ao que se gastaria se um novo velódromo fosse construído.
Segundo Maria Sílvia, a estimativa de custos, de setembro deste ano, revela que um velódromo novo custaria R$ 134 milhões, ao passo que a reforma da pista atual sairia por R$ 126 milhões.
Os problemas da estrutura já eram conhecidos há dois anos. Entre eles, o velódromo do Pan tem dois pilares fincados no centro da pista, que impedem que árbitros e público tenham visão completa dos atletas. Nas olimpíadas, isso impediria a homologação dos resultados. Com a decisão, o novo velódromo olímpico, inicialmente concebido como provisório, será mantido depois dos jogos.
O velódromo não é a única instalação erguida para os Jogos Pan-Americanos que não será aproveitada, contrariando previsão original. O Parque Aquático Maria Lenk (que custou mais de R$ 60 milhões) receberá apenas as provas de saltos ornamentais e o polo aquático. Ele ficou defasado porque o Comitê Olímpico Internacional (COI) mudou, após a sua construção, as regras para as instalações das demais provas de natação. Um novo centro aquático provisório será erguido. Outro equipamento que será desmontado após os jogos será o Centro de Tênis. Parte das estruturas será reaproveitada em escolas e creches.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/topico-rio-2016/decisao-de-desmontar-velodromo-divide-opinioes-6625436#ixzz2BLoix3dG
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