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sábado, 10 de novembro de 2012

Exército confirma existência de explosivos enterrados em terreno do novo autódromo


Ainda não há prazo para descontaminação da área

Por Luiz Ernesto Magalhães

Varreduras feitas por militares especialistas em explosivos localizaram nos últimos meses vários artefatos não detonados no terreno em Deodoro onde será construído o novo autódromo internacional do Rio. A informação foi divulgada ontem pelo comandante da 1ª Região Militar do Exército, general de divisão João Ricardo Maciel Monteiro, na cerimônia de transferência da área do Ministério da Defesa para o Ministério do Esporte. Embora o secretário nacional de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, tenha anunciado a intenção de iniciar as obras do novo circuito no segundo semestre de 2013, o general disse não poder garantir quando terminará a descontaminação completa da área.
A informação de que o terreno poderia estar contaminado por explosivos foi noticiada pelo GLOBO em julho. Na época, os militares investigavam uma explosão ocorrida no dia 28, durante treinamento da Escola de Sargentos de Logística, que deixou um morto e dez feridos. O general contou que o inquérito policial-militar (IPM) concluiu que os militares acenderam uma fogueira em cima de uma granada que estava enterrada. O objeto estaria oculto no local desde 1958, quando uma série de explosões destruiu 13 paióis de munição instalados no local e espalhou artefatos por toda a área.
— A situação é preocupante. Não seremos levianos entregando a área sem que ter a certeza de que está completamente segura. Com o passar do tempo, muitos desses explosivos acabaram ficando enterrados e podem explodir. Estamos tratando de um terreno com 2,2 milhões de metros quadrados. Muitos trechos são em mata fechada, de difícil acesso. As varreduras não terminaram — disse o general.

Especialistas para descontaminar o terreno
O oficial acrescentou que, para garantir a entrega de um terreno seguro, o Exército está importando equipamentos e trará especialistas em explosivos de outros estados. Um dos aparelhos a ser comprado é um avião não tripulado equipado com detectores de metais. Ele não soube informar quantos e que tipo de artefatos já foram encontrados na área desde julho.
Para o advogado da Confederação Brasileira de automobilismo (CBA), Felipe Zeraik, a informação de que o terreno permanece contaminado é preocupante. Ele, no entanto, ressaltou que as autoridades assumiram um compromisso público de construir um novo circuito em substituição ao Autódromo Nelson Piquet, fechado no fim de junho para dar lugar ao Parque Olímpico de 2016. Enquanto o circuito de Deodoro não for inaugurado, pilotos cariocas disputarão os campeonatos regionais numa numa pista na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). .
A possibilidade do terreno contar com explosivos ocultos não é o único problema com o terreno. A equipe de Meio ambiente do Ministério Público entrou há alguns dias com ação na Justiça pedindo o cancelamento da licença prévia concedida pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) em outubro do ano passado. O MP alega que o Inea deveria exigir um Estudo de Impacto Ambiental (Eia/Rima) do projeto construído próximo a áreas de mata atlântica.
Ainda assim, prefeito Eduardo Paes disse ontem que a construção do novo autódromo abrirá caminho para que os cariocas voltem a organizar à Fórmula 1. Em tom de brincadeira, falou para o ministro Aldo Rebelo (cuja base eleitoral fica em São Paulo) que vai tirar Interlagos do circo da F1. O mais provável, porém, é que o Rio tente convencer a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) a realizar uma segunda prova no Brasil. Isso seria possível a partir de 2015, quando está prevista a conclusão de toda a infraestrutura de Deodoro.
As obras do autódromo de Deodoro serão executadas pelo Estado com recursos repassados pela União. Contratada como consultora, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) concluirá em dezembro o projeto básico das instalações. Em julho de 2013, com a conclusão do projeto executivo, as obras já poderão ser licitadas.
Ricardo Leyser acrescentou não ter informações sobre qual será o custo total da obra por depender da conclusão do projeto executivo. Os gastos entrarão no orçamento da União como parte dos investimentos em instalações para os Jogos de 2016 nos parques Olímpícos da Barra da Tijuca e de Deodoro. Para o ano que vem, a proposta já encaminhada ao Congresso Nacional prevê gastos de R$ 500 milhões.

Entraves burocráticos atrasaram projeto
A implantação do novo autódromo do Rio atrasou. O acordo inicial firmado com a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) previa que o circuito Nelson Piquet só seria fechado quando o novo espaço fosse aberto ao público. O autódromo de Jacarepaguá, no entanto, acabou sendo fechado no fim de outubro, para que as obras do futuro Parque Olímpico não atrasassem. A demora para o projeto do circuito de Deodoro sair do papel não se deve apenas à possibilidade de ainda haver explosivos no terreno. Em novembro de 2010, com a saída de Orlando Silva do governo, o ministério do Esporte decidiu rever todos os projetos da pasta, adiando decisões. No fim, o órgão resolveu que não cuidaria das licitações olímpicas, decidindo repassar projetos e recursos para o governo do estado e a prefeitura gerenciarem a construção de arenas e do novo autódromo.
Sobre a administração do autódromo de Deodoro, o secretário nacional de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, explicou que o modelo de gestão ainda não está decidido. Uma eventual concessão à iniciativa privada ainda dependeria de estudos de viabilidade. Por sua vez, o prefeito Eduardo Paes anunciou que o entorno do circuito também será urbanizado. Terrenos vizinhos são ocupados por favelas e há o risco de invasões.
— As estações de conexão das futuras linhas dos BRTs Transolímpico (Barra-Deodoro) e Transbrasil (Deodoro-Aeroporto Santos Dumont, usando o eixo da Avenida Brasil) vão ser construídas nas proximidades do futuro autódromo. Para isso, a região terá melhorias na infraestrutura — disse Paes.
O estacionamento do futuro autódromo será compartilhado com o Parque Olímpico de Deodoro, que também será construído nas proximidades. Uma das instalações será o Parque Radical do Rio, onde haverá as provas de mountain bike e ciclismo BMX, além de canoagem slalom em corredeiras artificiais, que serão construídas. Na mesma região, também serão erguidos uma arena multiuso (para esgrima) e o centro olímpico de hóquei. Após as Olimpíadas, os espaços serão abertos ao público.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/exercito-confirma-existencia-de-explosivos-enterrados-em-terreno-do-novo-autodromo-6683898#ixzz2BofwA9dT