Em troca da construção de centro de mídia por setor privado, área teria prédios de 18 andares, e não 12
Por Luiz Ernesto Magalhães
RIO — Além de sugerir mudanças na APA de Marapendi, o novo pacote olímpico que o prefeito Eduardo Paes apresentará segunda-feira aos vereadores propõe mudanças no gabarito de trechos do futuro Parque Olímpico do Rio, onde será permitido construir prédios residenciais e comerciais. O objetivo seria transferir para a iniciativa privada o ônus de construir o prédio do centro de mídia e transmissões das Olimpíadas (IBC/MPC), cuja obra inicialmente seria custeada por recursos públicos.
O gabarito da área localizada no interior do antigo Autódromo de Jacarepaguá passaria de 12 para 18 pavimentos, como no Condomínio Rio 2. Segundo a prefeitura, esta seria a altura máxima permitida para os prédios nas imediações do futuro Parque Olímpico.
Uma obra que não deixa legado
A autorização permitiria mudar cláusulas do contrato da parceria público-privada firmado entre a prefeitura e o Consórcio Rio Mais (Carvalho Hosken, Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez) para urbanizar a área, de cerca de um milhão de metros quadrados. Em troca, as construtoras passaram a ser donas dos terrenos remanescentes.
— Pela primeira vez numa Olimpíada, encontrou-se uma fórmula para fazer um IBC/MPC com recursos privados. Nas Olimpíadas de Londres, o MPC custou o equivalente a cerca de R$ 1 bilhão. No Rio, estimamos que o custo possa chegar a quase R$ 400 milhões. É um investimento que exige obras completas, para atender a emissoras de TV que transmitem o evento, e que não deixa qualquer legado para a cidade. Um prédio desses tem uma série de particularidades, como pé-direito alto, já que por dentro chegam a circular caminhões. São apenas dois pavimentos, mas a altura equivale à de um prédio de cinco andares — disse a presidente da Empresa Olímpica Municipal, Maria Sílvia Bastos Marques .
Segundo a prefeitura, a mudança no gabarito não implicaria adensamento maior do terreno às margens da Lagoa de Jacarepaguá. O objetivo seria atender a uma demanda do mercado, que dá preferência a prédios mais altos. Com a mudança, a concessionária teria direito a construir apenas cinco prédios, com um total de 18 pavimentos cada. Hoje, com o gabarito de 12 pavimentos, até sete edifícios podem ser erguidos nas mesmas áreas.
A solução adotada para os Jogos Olímpicos é diferente da PPP que garantiu o Riocentro como sede do IBC/MPC da Copa do Mundo de 2014. A GL Events, que detém a concessão da área, arcará com os custos de implantação da instalação. Em troca, a prefeitura autorizou a construção de um hotel num terreno livre do Riocentro.
Paes disse que chegou a propor ao Comitê Olímpico Internacional (COI) o aproveitamento do mesmo IBC/MPC da Copa do Mundo. Mas a proposta foi rejeitada. Segundo o prefeito, o motivo seriam técnicos: as especificações do COI para o centro de transmissões são diferentes. Para as Olimpíadas, há necessidade de uma área bem maior do que para a Copa.
A PPP com o Rio Mais chega hoje a R$ 1,4 bilhão. O consórcio foi parcialmente pago com a transferência para a iniciativa privada de 80 mil metros quadrados de terrenos do autódromo. Ao longo de 15 anos, a prefeitura pagará R$ 525 milhões para que os investidores privados façam a manutenção do Parque Olímpico. Além de urbanizar o local, o consórcio fará o mesmo no entorno da Vila dos Atletas.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/pacote-altera-gabarito-no-parque-olimpico-6619336#ixzz2BLr4i3vq
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